Por João Paulo da Silva
Chamar o ronco do Osvaldo de ronco era eufemismo. Ronco é o ruído que você e eu fazemos dormindo. Não era o caso do Osvaldo. O dele estava mais para aquele barulho que motor de caminhão velho faz. Não, minto. Era pior. Sabe o som que vem de dentro das cavernas nos filmes de dragão? Pronto. Algo semelhante. Uma coisa horrorosa. De tão alto, ouvia-se até do lado de fora da casa. Dava a impressão de que iria derrubar as paredes. Com exceção da dona Margarida, casada com o Osvaldo há 40 anos, ninguém agüentava o ronco estrondoso. Os filhos, assim que puderam, casaram e saíram de casa. Dona Margarida não tinha essa opção. Quer dizer, até tinha, porém o amor foi maior do que o ronco. Por mais incrível que isso possa parecer nos dias de hoje. De certa forma, a esposa acabou se acostumando com a sinfonia apocalíptica do marido. A resignação, evidentemente, veio com o tempo, como quase tudo na vida. Os anos se encarregaram de tornar habitual a poluição sonora do Osvaldo. Chegou uma época, inclusive, em que dona Margarida era capaz de acordar com uma buzina na rua, mas não mais com os rugidos do marido. E ainda há gente que diz que a rotina não tem seu lado bom...
Chamar o ronco do Osvaldo de ronco era eufemismo. Ronco é o ruído que você e eu fazemos dormindo. Não era o caso do Osvaldo. O dele estava mais para aquele barulho que motor de caminhão velho faz. Não, minto. Era pior. Sabe o som que vem de dentro das cavernas nos filmes de dragão? Pronto. Algo semelhante. Uma coisa horrorosa. De tão alto, ouvia-se até do lado de fora da casa. Dava a impressão de que iria derrubar as paredes. Com exceção da dona Margarida, casada com o Osvaldo há 40 anos, ninguém agüentava o ronco estrondoso. Os filhos, assim que puderam, casaram e saíram de casa. Dona Margarida não tinha essa opção. Quer dizer, até tinha, porém o amor foi maior do que o ronco. Por mais incrível que isso possa parecer nos dias de hoje. De certa forma, a esposa acabou se acostumando com a sinfonia apocalíptica do marido. A resignação, evidentemente, veio com o tempo, como quase tudo na vida. Os anos se encarregaram de tornar habitual a poluição sonora do Osvaldo. Chegou uma época, inclusive, em que dona Margarida era capaz de acordar com uma buzina na rua, mas não mais com os rugidos do marido. E ainda há gente que diz que a rotina não tem seu lado bom...