tag:blogger.com,1999:blog-15972805354240618222024-03-05T18:32:02.790-03:00AS CRÔNICAS DO JOÃOContando ninguém acredita...João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.comBlogger198125tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-6551159320761594812015-08-23T08:44:00.000-03:002020-05-20T11:03:12.433-03:00Mudar de casa e arrumar o quarto<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">Por João Paulo da Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8FJ9osymDECm70Rhhi7InxrLXiyPBPpQV0SnIf8NjG9Y99urXIEpVWAJQi2pD0Lfor33MS5b7FADHWyk-yEtym8zeqKTT-OmzDT2NBnFaB7YYen1voOq41qsFp_tFuXD-TKseGLZuByY/s1600/tumblr_l8v1a6uhjA1qch7dbo1_500.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8FJ9osymDECm70Rhhi7InxrLXiyPBPpQV0SnIf8NjG9Y99urXIEpVWAJQi2pD0Lfor33MS5b7FADHWyk-yEtym8zeqKTT-OmzDT2NBnFaB7YYen1voOq41qsFp_tFuXD-TKseGLZuByY/s320/tumblr_l8v1a6uhjA1qch7dbo1_500.jpg" width="320" /></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: x-large;"><b>V</b></span><span style="font-size: large;">iver é mudar de casa e arrumar o
quarto. A gente sempre perde e encontra algo pelo caminho. É um</span></span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: large;"> grande “achados
e perdidos”. A vida é o que deixamos cair do caminhão da mudança. O que ficou
esquecido na casa velha. O que reencontramos quando damos uma geral no quarto. As
coisas, as pessoas, as convicções, os amores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><span style="font-size: large;">O que é e o que poderia ter sido. Aquilo
que escapou pelos dedos. O que estava perdido, mas foi reencontrado. Na
bagunça, nas gavetas, entre os livros, cadernos, fotografias, CDs antigos. Somos
escolhas e acidentes. A esperança da segunda chance, do reinício, do tente
outra vez. Porque mudar e arrumar são imperativos.</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"></span></div>
<br />
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">Quem arruma o quarto organiza a vida.
Reencontra o passado. Orienta o futuro. Quem se muda abandona uma história. Começa
outra. Altera a rota. Desliga o GPS. Nas mudanças e arrumações, a gente descarta
o que não tem mais espaço, revive o inacabado, reintegra o mal resolvido.
Silencia ou dá voz ao que ficou por dizer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">Na vida, cada um é também os seus
fantasmas...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">O carrinho de bombeiros na infância. Movido
a pilhas, com sirene e escadinha. O primeiro e único brinquedo que recebeu do
pai. Quebrou-se poucos dias depois, como um presságio sobre a efemeridade dos
tempos. O “Comandos em Ação” esquecido no quintal da casa alugada. Perdido na
selva do passado. O resgate que nunca chegou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">A primeira revista Playboy que comprou.
Quase todas as páginas coladas. Relíquia da puberdade. Mas você cresceu e
descobriu o machismo, que vende mulheres no varejo e atacado. E embora a
revista já não lhe sirva mais, você ainda guarda. Afinal, é um sentimental. E sentimentos
não se jogam fora assim... tão facilmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">Os sonhos que deixou para trás, caídos
do caminhão para o asfalto, como a cadeira velha que ninguém viu despencar. Contingências...
Quem encontrou? Quem realizou os sonhos? O que vai ser quando crescer?
Astronauta, cientista, mágico, motorista do carro do lixo... Jornalista. Quem
sabe um domador de bodes num circo do interior...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">O álbum de fotografias, antes da câmera
digital. Lembranças sem photoshop. Os cadernos da escola, com as assinaturas
dos amigos e os recadinhos do coração. Os livros na estante... o clássico que
ganhou da ex, com a dedicatória que você apagou depois. A narrativa é sua e
você faz o que quiser com ela, não é? Mas com que direito?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">Na gaveta da mesinha de cabeceira, o papel do
bombom que você ganhou daquela garota. O cheiro do chocolate. No meio dos papéis
velhos, uma carta antiga, de pré-adolescente. Sua para a menina que você amava,
sem que ninguém soubesse disso. Nem ela. Borboletas na barriga. O discurso
ensaiado no espelho. As frases que preparou, e nunca disse. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;">Vinte anos depois, você a reencontra. Linda.
Linda como o nascimento das galáxias. E descobre que ela também te namorava...
de longe, porque também não tinha coragem de falar. É o preço da hesitação. Duas
vidas em silêncio, uma história represada e uma pergunta inescapável: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: medium; line-height: 115%;">Ainda dá tempo? </span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-47675539122129565922014-03-04T04:17:00.002-03:002015-08-23T08:31:09.853-03:00O pavor cega<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo da
Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicAlN3zFBk28fyg5m1qeoeVV40Fb8IvE2eh0l3P304ZZUBXqd9_Qc3NOl5UduYAA6ZzByFp2A8Q8OfZw0iUvikOPQ8zly6GxbGIe-U2l9dRKypbwX8do8DAGVp5iEpRL-3Jjg9fEF6E-w/s1600/m%C3%A3o+manchada+de+sangue.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicAlN3zFBk28fyg5m1qeoeVV40Fb8IvE2eh0l3P304ZZUBXqd9_Qc3NOl5UduYAA6ZzByFp2A8Q8OfZw0iUvikOPQ8zly6GxbGIe-U2l9dRKypbwX8do8DAGVp5iEpRL-3Jjg9fEF6E-w/s1600/m%C3%A3o+manchada+de+sangue.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: x-large;"><b>A</b></span><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"> violência urbana
tem causas sociais profundas. Ela não dá em árvore. Ninguém nasce bandido. Assaltos,
agressões e homicídios aterrorizam as pessoas, é verdade. A revolta é compreensível
e justa. Mas é impossível discutir uma solução para o problema sem questionar o
modelo de sociedade que temos. Uma pergunta inescapável: aonde poderia nos levar
uma sociedade cuja natureza é gerar exclusão social, miséria e a mais absoluta desassistência
dos direitos mais básicos?</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">A violência urbana,
em geral, é uma espécie de subproduto dessas tragédias sociais. É o atestado de
óbito do capitalismo como possibilidade de vida para os seres humanos. Sem resolver
a falta do pão, do teto, da sala de aula, do posto de saúde e da perspectiva de
futuro, a criminalidade continuará a ser um fantasma à espreita. Entretanto, na
hora do assalto ou do homicídio, ninguém pensa nisso. O pavor cega. E, parafraseando
o Goya, a cegueira da razão produz monstros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Apavorados,
somos presas fáceis. Governos e imprensa fazem a histeria, e o pânico
generalizado alimenta a sanha de ideologias fascistas. “Bandido bom é bandido
morto”, “Ladrão tem mais é que morrer mesmo.”, dizem programas policialescos, âncoras
do telejornalismo e políticos da pior laia. Usam a crueldade de alguns crimes como
combustível para insuflar o ódio. Aproveitam-se do medo das principais vítimas
da violência, os pobres, para incentivar o fascismo contra os desvalidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Não se trata de “adote
um bandido”, como a direita adora caluniar. Mesmo porque quem mais gosta da
impunidade é a própria direita. Não é à toa que ainda não vimos Sheherazades e Datenas
sugerirem a formação de grupos de “justiceiros” para pegarem, por exemplo, o
Sarney, o Maluf e o Collor na saída do Congresso. Parece que a regra só vale
para negros, pobres e adolescentes que roubam turistas em praias. A justiça dos
fascistas é bastante seletiva, não se aplica a todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Combater a barbárie
de todos os dias com mais barbárie não nos levará para frente. É uma marcha à
ré. Quando as pessoas que mais sofrem com a violência transformam em realidade,
ainda que inconscientemente, o discurso do “bandido bom é bandido morto”, estão,
na verdade, dando respaldo para que o estado faça o mesmo. E esta é uma
sociedade de classes, de opressores e oprimidos, de exploradores e explorados. E
os oprimidos e explorados não são o estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Surras em postes
não ressocializam ninguém. Apenas recarregam as armas que, mais cedo ou mais
tarde, serão apontadas para as próprias cabeças das maiores vítimas da
criminalidade. Afinal, a polícia, o braço armado do estado, quando invade favelas,
sobe morros ou entra nas periferias, não vai atrás de brancos e ricos. Os alvos
são negros e pobres. E aí pouco importa se são bandidos ou não. Nas classes
altas, as vítimas da violência são tragédias. Nas baixas, são só estatísticas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mais repressão
policial por si só não resolve o problema. Do contrário, cidades brasileiras
não estariam entre as mais violentas do mundo. Não se pode ficar eternamente
numa luta inútil contra os galhos. As pessoas precisam de proteção, é verdade. Mas
as raízes são imprescindíveis para as soluções. Este estado não pode proteger a
população de baixo; está ocupado demais protegendo os bandidos de cima. Exatamente
os que criam ou mantém as condições sociais para a violência.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Qualquer mudança
deve começar por aqui... o resto é fraseologia de direita.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-34682863507099067672014-02-16T23:54:00.000-03:002014-02-16T23:57:51.286-03:00O espetáculo do absurdo e a apoteose da canalhice<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo da
Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNfYeeaIWpcXIVkNtb886MSC0Q7qOmYSiLxRDvMUvRVx3xqltFnPsQQaBA-BfjwLkb-lBAQFIXNUU-p7QJnFTkq-ZCAzJXmLPoa_sfSEtjgIhwrbgYpahwH-1HwsysozDw5AYmiuDylTY/s1600/congresso-nacional-lei-antiterrorismo.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNfYeeaIWpcXIVkNtb886MSC0Q7qOmYSiLxRDvMUvRVx3xqltFnPsQQaBA-BfjwLkb-lBAQFIXNUU-p7QJnFTkq-ZCAzJXmLPoa_sfSEtjgIhwrbgYpahwH-1HwsysozDw5AYmiuDylTY/s1600/congresso-nacional-lei-antiterrorismo.gif" height="288" width="400" /></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">D</span></b><span style="font-size: large;">e dentro dos
palácios do poder, parece que havia uma torcida organizada. Talvez em função do
clima de Copa do Mundo, eu acho. Governos, setores da imprensa e um Congresso
Nacional com vocação para a canalhice cruzaram todos os dedos, das mãos e dos
pés, à espera de uma “justificativa” que respaldasse a histeria da mídia e o “balé
quebra nós” do Estado contra as manifestações populares. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Torciam por um
tiro no pé dos protestos, ou um rojão na cabeça de alguém. Aliás, nem torciam,
nem esperavam. Na verdade, buscavam que isso acontecesse. Desde junho de 2013,
os governos neste país, tantos os da direita carimbada quanto os do PT, não
fizeram outra coisa a não ser procurar ou “fabricar” uma razão para
desmoralizar as manifestações que os fizeram tremer dentro dos palácios. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Puxem pela
memória. Na internet, o material é farto e a grande imprensa até chegou a
noticiar, mas só depois que ficou estranho esconder. Para citar apenas dois
exemplos. É fácil lembrar as imagens de um policial militar infiltrado, o
famoso P2, atirando um coquetel molotov contra a própria PM ou ainda o vídeo
que flagrou um policial, dessa vez fardado, quebrando a janela de uma viatura. Um
pastel com guaraná para quem adivinhar o objetivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">A morte de um
inocente, atribuída à inconsequência de dois jovens numa manifestação, é a tragédia
com a qual os governantes sonharam. É o pretexto ideal para que os governos
façam aquilo que tentam desde junho. Aos atuais donos do poder, é preferível
criminalizar os protestos, ameaçar liberdades democráticas e espalhar o medo do
que atender as reivindicações populares mais básicas, que, por lei, já são
direitos. Mas descumpri-las todos os dias, claro, não é crime.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">A tentativa de
estabelecer uma relação “criminosa” entre os partidos de esquerda com os jovens
presos, os black blocs e os atos de vandalismo é tão patética que, além de
revolta, causa vergonha alheia. Parece roteiro de filme B. Depoimentos sem pé
nem cabeça, declarações de um advogado fanfarrão que “sabe de tudo” e insinuações
descaradas de uma imprensa malabarista, que não faz jornalismo, faz “lixeratura”
de disse-me-disse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Nas páginas dos
jornais, nos sites e entre os reclames do plim-plim, desenrola-se uma trama de
ficção esquizofrênica, estrelando milhares de figurantes com cachês de R$ 150, recebendo
quentinhas e carregando bandeiras. Tudo pago por uma esquerda bolchevique soviética
que quer o caos no Brasil. Só falta mesmo o Rodrigo Constantino e o Reinaldo
Azevedo (colunistas da Veja) escreverem que, nas quentinhas, vem caviar também.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">É o espetáculo
do absurdo. A apoteose da canalhice.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas... consideremos
duas hipóteses. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">A primeira, de
que os rapazes presos são apenas dois jovens que cometeram uma baita
inconsequência, num afã palerma, inspirados por uma tática inadequada para o
momento e à revelia do movimento. Numa histeria ensaiada, a imprensa e a
polícia chamam de assassinato. Embora não tenham tratado da mesma forma, por
exemplo, o caso da gari Cleonice Vieira, de 54 anos, que teve uma parada
cardíaca e morreu, depois de inalar gás lacrimogêneo de uma bomba lançada, em
local fechado, por um PM, em Belém (PA), durante um protesto em junho do ano
passado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Uma fatalidade
tirou a vida de Santiago, é verdade. De um trabalhador, pior ainda. E é justo
que essa dor seja chorada. Entretanto, não é honesto fazer com que a comoção das
pessoas sirva de munição para autorizar os governos e o Congresso a aplicarem
uma “lei antiterrorismo”, merecidamente apelidada de “AI-5 Padrão Fifa”, a fim
de transformar os protestos, os movimentos sociais, sindicatos e a esquerda em
filiais da Al-Qaeda. Aliás, não é só desonesto. É também muito perigoso. É
querer reeditar o passado para evitar o futuro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Agora, a segunda
hipótese, muito mais sombria, é a de que, de fato, os dois jovens foram pagos
para causar confusão dentro das manifestações. Mas não pela esquerda, claro,
que não ganha nada com isso. A esquerda que quer mudar o país quer ver mais
gente nas ruas por um ideal, e não pagaria para que alguns poucos cometessem
atos que esvaziassem os protestos. Não faz o menor sentido. Só um imbecil faria
isso. Se há alguém interessado em acabar com as manifestações, seja
minguando-as ou reprimindo-as, esse alguém é a direita, governista ou não,
tradicional ou de terninho vermelho. E ela pagaria por isso. Afinal, já fez
coisas piores. Um factoide a mais...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os protestos de
milhões só ocorreram porque, desde junho de 2013, o escândalo da miséria social
brasileira atingiu os limites da mais absoluta cretinice na figura dos
governos. O Brasil é um país onde a saúde e a educação públicas estão em
colapso. Aqui, ter um lugar para morar virou sinônimo de regalia. O transporte coletivo
é um navio negreiro pago pelos próprios escravos. O governo permite e promove a
farra dos bancos e os privilégios dos empresários são leis intocáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Com uma
realidade dessas, torrar bilhões de recursos públicos para realizar a Copa do
Mundo mais cara de todos os tempos, organizada por uma entidade corrupta e
bilionária, e aprofundando as desigualdades, não poderia ter outro desfecho. O
descontentamento da população se materializou na arena mais temida pelos
governos: as ruas. E é nas ruas que ele terá a chance de ser resolvido. “Queremos
mudança!” foi a mensagem compartilhada por milhões em junho. E ela continua no
topo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os que não querem
mudar o país profundamente, aqueles que são cegos e surdos pela própria natureza
e ignoram os pedidos dos cartazes, usam a vida de Santiago e a dor de sua
família para tentar proibir a indignação diante das injustiças. Não é novidade
ver a direita de sempre espernear pelo aumento da repressão aos protestos. É
escandaloso, no entanto, constatar que o PT e o PCdoB desejam o mesmo. Os dois
jovens podem até ter acendido o rojão, mas a culpa política é de quem nega os direitos
do povo todos os dias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Dilma, Cabral,
Paes e demais governantes...</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Quem não quer alvoroço
no poleiro, não deixa faltar nada no galinheiro.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-3335404628204833422014-02-09T23:37:00.001-03:002014-02-12T12:55:41.632-03:00Paciência<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo
da Silva <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3w26XS-i9t_yB3FYZzf-hKv9e4Qmg_gXZN1_oheajUYS7PTBIKS-2QN_MEavaffIWhuweOp6d5upT36t8A0UyLc72hAP3NL-ecJYGz1ljiVP1XGyPrh3HzXOfdSZKJk94INQvW1ebie0/s1600/paciencia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3w26XS-i9t_yB3FYZzf-hKv9e4Qmg_gXZN1_oheajUYS7PTBIKS-2QN_MEavaffIWhuweOp6d5upT36t8A0UyLc72hAP3NL-ecJYGz1ljiVP1XGyPrh3HzXOfdSZKJk94INQvW1ebie0/s1600/paciencia.jpg" height="320" width="240" /></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">N</span></b><span style="font-size: large;">a porta do
banheiro, o pai tenta convencer o filho de dois anos a tomar banho.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vamos, filho. Hora
de ir pro chuveiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, papai. Não
quero.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas tem que
ir, filho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Porque você
está sujo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Porque está suado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Porque você estava
correndo, brincando na rua...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai, meu
Deus... Filho, vai pro chuveiro.</span><br />
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, papai.
Quero o meu baldinho. Cadê o meu baldinho?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que baldinho?
Que história é essa de baldinho?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O meu
baldinho, papai. De encher de água.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, filho, tá
no quarto. Depois o papai pega. Entre no chuveiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, não. Quero
meu baldinho. Vai pegar, papai.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Daqui a pouco
eu pego. Agora é hora de tomar banho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não... meu
baldinho... Quero agora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vamos fazer
assim. Você entra no chuveiro que eu vou buscar o baldinho. Certo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, papai. Cadê
o baldinho? Pega ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Meu filho, o
papai já disse que vai buscar. Não pode ser tudo do jeito que você quer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Porque tem
hora pra tudo. E agora é hora de tomar banho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, não. Vai
começar tudo de novo?! Chega. Entre no chuveiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Espera. E o meu
baldinho, papai?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Já disse que
vou pegar depois que você entrar no chuveiro. Tenha paciência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Papai, o que é
paciência?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Paciência é o
que você não tem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Pai, o que é paciência?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai, meu Deus
do céu... Mais tarde eu explico, filho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, pai, não.
O que é paciência?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Hunf... Olhe,
paciência é ter calma, fazer as coisas devagar, na hora certa, sem pressa.
Entendeu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sim, papai.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ótimo. Então
agora entre logo no chuveiro.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Calma, papai.
Tenha paciência. </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-80014460357020531872014-01-29T23:31:00.003-03:002014-01-29T23:37:04.939-03:00Rolezinhos<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo
da Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvKvMut9fiCV6SeRQyodPhE0IcaE0Q-5uQ7sl7Lx7ihq2AsSgkAmJGq991rRnUjYdU4pQjf3va3xl9CvUPFSs6cLLUl5hs1_BGvBsfGVP5DBEoHvtodV7Ir5cv2UoutAFaMo3FJWvJn_8/s1600/1043849_10201726872388355_648453284_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvKvMut9fiCV6SeRQyodPhE0IcaE0Q-5uQ7sl7Lx7ihq2AsSgkAmJGq991rRnUjYdU4pQjf3va3xl9CvUPFSs6cLLUl5hs1_BGvBsfGVP5DBEoHvtodV7Ir5cv2UoutAFaMo3FJWvJn_8/s1600/1043849_10201726872388355_648453284_n.jpg" height="203" width="400" /></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: x-large;"><b>E</b></span><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">nquanto isso,
nos shoppings brasileiros... o país da democracia racial se revela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Numa loja, a
gerente da grife e a cliente rica conversam.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai, querida...
não sei você, mas eu ando tão assustada com essa onda de... como é mesmo que
eles chamam? ‘Rolezinhos’, não é? Isso tem tirado o meu sossego, acredita?! A
gente nem pode mais fazer compras em paz. Ai, que absurdo.</span><br />
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É verdade,
querida. Virou uma bagunça. Eles entram, passeiam pelo shopping inteiro, ficam
na praça de alimentação, cantam funk. Um horror. Se ao menos eles comprassem
alguma coisa, não é? Mas não. Só fazem atrapalhar as vendas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Com certeza. Olha,
eu sou bem sincera. Não me sinto segura com essas pessoas ao redor. Não é que
eu seja racista, longe de mim. Até tenho um primo distante que é preto. Mas
aqui é um lugar para gente, digamos, mais civilizada, concorda?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Completamente.
Nós temos que proporcionar todo o conforto e segurança aos nossos clientes. Imagine
o absurdo que é uma pessoa importante como senhora vir ao shopping e se deparar
com esse tipo de gente batendo perna por aqui. Inaceitável.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Exato. É como
dizem por aí: cada macaco no seu galho. Ou melhor, cada macaco na sua
periferia. Para falar a verdade, querida, eu não sei nem o que faria se me
deparasse com um ‘rolezinho’ no shopping. Acho que morreria do coração. Olha,
fico toda arrepiada só de pensar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu posso
imaginar, querida. Mas já estamos tomando providências. Ao menor sinal desse
pessoal, nós fechamos a loja e chamamos a polícia. Nunca roubaram nada, nem
entraram aqui. Mas a gente tem que se prevenir. Não é preconceito. É só para
garantir que as vendas não serão atrapalhadas por essa gente que acha que pode
vir ao shopping. Concorda comigo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Completamente.
Ai, que absurdo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">***<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Numa mesa da
praça de alimentação, um grupo de jovens negros conversa, brinca, dá risadas e
toma milkshake. A presença deles incomoda. A segurança é chamada, logo a
polícia aparece.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Posso saber o
que tá acontecendo aqui?! – indaga o capitão da PM aos jovens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Oi, policial.
A gente só tá aqui, de boa, curtindo. Esperando a galera. – explica um dos
rapazes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- “De boa”? “Curtindo”?
“Esperando a galera”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É. Só isso. Tem
algum problema? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tem sim. A
presença de vocês. Incomoda os clientes. Vou ter que pedir pra vocês se
retirarem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Como assim?! A
gente tem os mesmos direitos dos outros, policial. – estranha um garoto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, vocês tão
pedindo para serem tratados como bandidos. – ameaça o capitão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas nós não fizemos
nada. Por que temos que sair daqui?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Chega de
conversa! Vamo, encosta ali. Todo mundo pra parede. Oliveira, revista um por
um. – ordena o capitão a outro policial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vamo lá. Mão na
parede, perna aberta. Ninguém se mexe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas a gente
não fez nada. Isso é um absurdo! – insistiu mais um jovem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não fizeram
nada?! Vocês vem ao shopping, ficam andando, conversando na praça de
alimentação, dando risada e ainda dizem que não fizeram nada. Isso tudo é muito
suspeito. Ainda mais com um bando de neguinho que nem vocês. – dispara o
capitão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que é isso? Não
pode falar assim, não. Isso é preconceito. Racismo é crime, policial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Cala a boca e
fica quieto, moleque! Não existe racismo nesse país. Agora, todo mundo sabe que
negro parado é suspeito, correndo é ladrão. E vocês estavam parados, o que é
muito suspeito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Suspeito de
quê? De frequentar o shopping? Quem o senhor pensa que é pra fazer isso? Isso é
um abuso. – protesta um dos rapazes do grupo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha o
desacato, pivete! Viu só, Oliveira? Não pode dar liberdade. Quando começa a
reclamar assim é porque aí tem coisa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E tem mesmo,
capitão. Olha só o que eu encontrei aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Opa, opa,
opa... celulares. Muito suspeito. Na verdade, suspeito até demais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não tem nada a
ver. A gente só tava trocando mensagem entre os amigos, policial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Trocando
mensagem? Que tipo de mensagem? Verifica aí, Oliveira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tá escrito
assim, capitão: “Galera, vamo dar um rolezinho no shopping. Zoar, dar uns
beijos, rolar umas paqueras”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha aí! Tô
falando. É suspeito, sim. Aí tem coisa. Devem ser aquelas mensagens em código
que os vagabundos gostam de usar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Isso não é
verdade. Desde quando é proibido usar celular? – questiona outro garoto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Depende de
onde você estiver usando. No presídio, é proibido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- A gente não é
bandido. Nem tá no presídio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ainda não. Mas
vocês chegam lá. Encontrou mais alguma coisa aí, Oliveira?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Encontrei, capitão.
O senhor não vai acreditar. Estão portando um coquetel molotov.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Isso é o meu
milkshake de Ovomaltine! – reclama o jovem que teve o sorvete apreendido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Milkshake de
Ovomaltine? Tu tá pensando que eu sou otário, rapaz?! Pensa que eu não sei do
que vocês são capazes?! Já ouvi a conversa de que era vinagre, pinho sol, água sanitária.
Mas milkshake é a primeira vez.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que é isso,
policial? Olha aí... é só creme com chocolate no copo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você é da perícia
por acaso?! Faz laudo técnico?! Quer ensinar o padre a rezar missa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Isso é
discriminação. Agora ser negro e pobre é crime, é? – pergunta o rapaz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Oficialmente, não.
Mas já é metade do caminho. Agora rolezinho é crime, sim. Onde já se viu?! Negro
e pobre circulando no shopping tranquilamente. Não pode, não. – sentencia o capitão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Quer dizer que
se fosse branco poderia então?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Se fosse
branco, não seria rolezinho. Seria flash mob.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Terminei aqui,
capitão.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ótimo. Vamo
embora, Oliveira. Apreende tudo e leva todo mundo pra delegacia. E cuidado aí
com o MacGyver do milkshake.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-55334481523879981402014-01-26T01:34:00.002-03:002014-01-26T10:27:48.791-03:00Quem é mesmo que faz o jogo da direita?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo
da Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvx2gfiwnalA1WGLpXwh_nXh4hWjtQXSlcl4gcGHsE-AaPHniZ1mMuxzFNMZcfMqL7G0B588GlecohrAs8Rbxiyrb-spqEGrQCbonEYM-jvfA8xcAsluNPvXppvdATqH5t9D9_K_HDHEs/s1600/pt-privatizacoes-dos-aeroportos-070212-nani-humor-politico.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvx2gfiwnalA1WGLpXwh_nXh4hWjtQXSlcl4gcGHsE-AaPHniZ1mMuxzFNMZcfMqL7G0B588GlecohrAs8Rbxiyrb-spqEGrQCbonEYM-jvfA8xcAsluNPvXppvdATqH5t9D9_K_HDHEs/s1600/pt-privatizacoes-dos-aeroportos-070212-nani-humor-politico.jpg" height="215" width="320" /></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: x-large;"><b>G</b></span><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">ente... na boa,
já tá ficando feio isso. Constrangedor, até. Mais falso do que os sorrisos do José
Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves juntos. Se é pra mentir, convém mentir
direito, né?! Ninguém mais pode criticar os governos do PT, Lula e Dilma, sem
ser imediatamente acusado de “fazer o jogo da direita”, “querer o retorno do
PSDB”, ou “reproduzir o discurso da mídia golpista”. Assim fica difícil,
pessoal!</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(...)</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Os petistas e os
“comunistas” desbotados do PCdoB reprisaram o programa político e econômico dos
tucanos mais do que a rede Globo reprisou o filme Lagoa Azul. Em certos
aspectos, foram e são tão neoliberais quanto os próprios neoliberais. “O PT é o
PSDB de barba.”, resumiu o escritor Luis Fernando Veríssimo numa entrevista,
ainda no governo Lula.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Infelizmente, depois
de 10 anos no governo, o PT não passou de um “Não Vale a Pena Ver de Novo”, quando
deveria ter sido um "Vale a Pena Ver o Novo".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Criticar os
governos petistas não é um privilégio da direita tradicional, que, aliás, até
enfrentou uma crise por não saber o que falar quando o PT deu um
“Ctrl+C/Ctrl+V” programático. Os tucanos e as legendinhas “mamãe, eu sou reaça”
se entreolharam, perguntando: “E agora, José? O programa acabou. O petismo
mudou. E agora, José?”. Não é verdade que a tucanada e os petistas estão em
lados opostos. A disputa é apenas para ver quem administra o negócio, e não para
mudar de ramo ou rumo. No fim das contas, puxam a corda para o mesmo canto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Bolsa Família, ampliação
do crédito e criação de empregos precários e com baixos salários não provam o
contrário. Não é porque agora posso comprar uma TV de LED, dividida em sabe-se
lá quantas prestações, que o Brasil mudou. Eu não quero o retorno do PSDB e do
DEM. Mas também não quero o PT ou as velhas formas estampadas nas carrancas de
Marina Silva e Eduardo Campos. Tudo bem que os governistas não suportem a
realidade, mas falsificá-la já é vandalismo. Afinal de contas, quem é mesmo que
faz o jogo da direita? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Vamos pensar um
pouco...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Para chegar ao
governo, o PT fez alianças que deixariam o mais pelego dos pelegos envergonhado.
Isso, claro, se os pelegos tivessem vergonha de alguma coisa. Assim como o
PSDB, para governar, o Partido dos “Trabalhadores” uniu-se a figuras escandalosas
da política brasileira, como Renan Calheiros, Collor e Sarney, por exemplo. Ah,
o mesmo Sarney que apoiou a ditadura civil e militar. A vice-presidência do
país ficou nas mãos de um mega empresário; o governo foi repartido entre
diversas legendas representantes da burguesia nacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Quando era presidente,
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) criou o Fator Previdenciário, mecanismo que
dificulta a aposentadoria dos trabalhadores. Em seu governo, Lula manteve o
fator e ainda fez uma reforma da previdência que piorou a situação. O PSDB
privatizou quase tudo no Brasil: siderurgia, mineração, telefonia e o setor de
energia. Aí veio o PT e... surpresa! Fez a mesma coisa. Privatizou portos,
aeroportos, estradas e o petróleo do Pré-sal. A Dilma chamou até o exército para
garantir que ninguém iria “melar” a venda do nosso “passaporte para o futuro”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">No governo dos
tucanos, o Fernando Henrique “pagou” direitinho as intermináveis dívidas
externa e interna do Brasil com banqueiros nacionais e internacionais. Dívidas que
já foram pagas dezenas de vezes e que roubam, todos os anos, os recursos da saúde,
educação, moradia, transporte, etc etc etc. Sobre isso, o que fez o PT quando
chegou ao governo? Continuou pagando, ué. Não é certo dar calote em agiota. Concorda
comigo, Delfim?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Hoje a
presidente Dilma usa 47,19% de todo o orçamento nacional para pagar os juros e
amortizações da dívida. Mas os investimentos em saúde e educação, juntos, não somam
nem 10% do orçamento do país. Normal, pô. É como se, numa casa, os pais
decidissem que é melhor usar metade da renda para pagar os juros abusivos do
cartão de crédito do que garantir a escola e os remédios das crianças. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Com o PSDB, os
bancos lucraram muito e os latifundiários tinham um governo cachorro louco
contra os sem-terra. Com o PT, os bancos lucraram ainda mais (nunca ganharam tanto
dinheiro na vida, como o próprio Lula disse), os usineiros viraram heróis nacionais
e nunca mais se ouviu aquela história de “fazer reforma agrária na terra dos latifundiários”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Nas eleições, os
tradicionais partidos da direita, como o PSDB, DEM, PMDB, PTB, PDT, PP, PR, PSB
etc, são financiados por bancos, construtoras e grandes empresas. Depois, “ganham”
os contratos com o estado. Afinal, se representam. E no caso do PT, como é que
é? Igualzinho, ora essa. Em geral, nas campanhas, os mesmos financiadores
privados da direita financiam também os petistas. Assim, “eles ganham a corrida
antes mesmo da largada”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">E se o
financiamento é o mesmo, a roubalheira não poderia ser diferente. O PT não inventou
a corrupção. “Apenas” copiou da direita, do Collor, do Maluf, dos tucanos. A única
“injustiça” do mensalão foi os dirigentes petistas corruptos irem para a cadeia
antes dos corruptos tradicionais do PSDB e companhia. Em outra sociedade,
certamente estariam dividindo a mesma cela agora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ah, outra coisa.
O PT também copiou a forma de reprimir da direita. Depois que os protestos de junho
de 2013 sacudiram o país, surpreendendo tucanos, petistas e todo o resto, os
governos federal, estaduais e municipais resolveram colocar as garras de fora. Começou
o “balé quebra nós”. É spray de pimenta, bala de borracha, prisão, acusação por
“formação de quadrilha”, Lei de Segurança Nacional, lei que enquadra
manifestante como terrorista, etc etc. E tudo isso por quê? Simplesmente porque
as pessoas foram às ruas cobrar que os serviços públicos recebam o mesmo
tratamento dado pelos governos à Fifa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">O curioso é que
o PT surgiu assim, dessas multidões nas ruas, dos trabalhadores exigindo seus
direitos. Mas aí... se misturou com quem não presta (leia-se burguesia) e...
deu no que deu. Agora, enquanto a saúde e a educação estrebucham no chão da
sala, o Brasil torra R$ 20 bilhões dos cofres públicos em um evento privado de
uma organização bilionária e corrupta. Aí os governistas, nervosinhos que estão,
estranham os protestos e esperneiam: “Cuidado com esse pessoal que vai pra rua
tentar melar a Copa!”, “Querem derrubar o governo!”, “Querem a volta da
direita!”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Agora me diga
aí, cara pálida. Depois de tudo o que o PT fez (ou não fez), das esperanças que frustrou,
das lutas que traiu, da gente com quem se aliou, sou eu mesmo que faço “o jogo
da direita”? Tem certeza? Então tá “serto”.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas se você é
daqueles que ainda sonha com uma profunda mudança socialista no Brasil, para
acabar com o poder dos bancos e grandes empresários, garantindo ampla
democracia para os trabalhadores, saúde, educação, transporte, moradia etc, então
você não tem mais nada pra fazer no PT nem no PCdoB (e muito menos na direita
de sempre!). Volte pras ruas, onde tudo começou. Vamos fazer diferente dessa
vez.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-42700705466802693172013-07-09T04:46:00.002-03:002013-07-09T04:52:37.357-03:00Explicações...<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo
da Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKIjttB9Ckwt_dxkdpjzfaKkdocWUYY8wFXN7ExPTPL_wloyfc2WM71PA1RvdB9Wm3LXf0NACqyhySRQr4j-Yc85moTMdU6a11hVYZ9J3KdzPwo3KMLF6uExicp5m2gRsBgIOHfL0XBgE/s1600/sepe-belford-roxo.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKIjttB9Ckwt_dxkdpjzfaKkdocWUYY8wFXN7ExPTPL_wloyfc2WM71PA1RvdB9Wm3LXf0NACqyhySRQr4j-Yc85moTMdU6a11hVYZ9J3KdzPwo3KMLF6uExicp5m2gRsBgIOHfL0XBgE/s320/sepe-belford-roxo.gif" width="220" /></span></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">- E</span></b><span style="font-size: large;"> agora no
nosso programa “Alô, Seu Otário!” a gente conversa ao vivo com o prefeito
Armando Cilada. Ele vai falar um pouco sobre as providências que estão sendo
tomadas pela Prefeitura para resolver os principais problemas da cidade. Boa
tarde, prefeito. Muito obrigado por aceitar nosso convite para dar alguns esclarecimentos
à população. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Boa tarde a
você, Rogenildo, e a todos os telespectadores do seu programa. Eu é que
agradeço o espaço para mostrar o trabalho que estamos desenvolvendo.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(...)</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">- Prefeito, nós
temos muitos e graves problemas nos serviços públicos essenciais do município. Nossos
repórteres foram às ruas ouvir a população e ver de perto as dificuldades enfrentadas.
Na rede pública de saúde, por exemplo, as condições são dramáticas. Todos os
dias nós recebemos denúncias de falta de medicamentos nos postos da cidade.
Hoje mesmo um idoso deixou de tomar seu remédio para pressão alta porque não
tinha na farmácia do posto. O que o senhor tem a dizer sobre isso?</span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">- Olhe, veja
bem, em primeiro lugar, a situação não é exatamente assim. Não é que não tem remédio
no posto. Tem sim. Mas acaba rápido porque o povo toma remédio demais. Qualquer
dorzinha corre logo pra pedir um comprido. Desse jeito não dá. Antes, não era
assim. A gente tomava um chazinho e tava tudo certo.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E quanto ao
caso do idoso com pressão alta? Chazinho também?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Aí é diferente.
Aliás, tem que investigar o porquê da pressão dele estar alta. Andou comendo
muito sal? Se excitou demais? Tem que saber. Nessa idade, tem certas coisas que
não dá mais pra fazer como antigamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas, prefeito
Armando, independente disso, o município não tem que garantir atendimento e
remédio para todas as pessoas? Não é obrigação oferecer saúde pública?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Essa é outra confusão
que se faz, Rogenildo. O povo acha que só porque paga muito imposto pode ter
todo tipo de direito. E não é assim. Tão pensando que isso aqui é o quê? A casa
da mãe Joana? Que é só chegar no posto e ser atendido? Que pode fazer exame a
hora que quiser? Que o médico tem que sempre estar lá pra receitar o remédio? Não
pode ser assim. Aí vira bagunça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O senhor falou
agora sobre atendimento e nós queríamos confirmar uma informação que nos chegou
mais cedo. A Prefeitura fechou mesmo dois postos de saúde na Zona Norte da
cidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olhe, veja
bem, a informação está incompleta. Nós só fechamos porque não tinham nenhuma utilidade.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Nenhuma
utilidade? Como é possível, se o que a população mais reclama é da falta de atendimento,
da falta de médicos e outros profissionais?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Exatamente.
Não tinha nenhuma utilidade porque não tinha ninguém pra atender as pessoas.
Por isso, fechamos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E não teria
sido melhor contratar mais profissionais do que fechar os postos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não posso
dizer com certeza agora. Precisaria fazer um levantamento acerca da
necessidade, do impacto na folha, essas coisas. É preciso ter responsabilidade
com a máquina pública.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Para você que
ligou a TV neste momento, estamos conversando aqui, no programa “Alô, Seu
Otário!”, com o prefeito Armando Cilada sobre as condições dos serviços
públicos e o trabalho que a Prefeitura vem desenvolvendo. Bom, prefeito, e a
educação? Nossos repórteres também encontraram uma situação complicada nas
escolas. Os alunos estão fazendo rodízio de aulas por falta de carteiras e de professores.
Como o senhor explica essa realidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Engraçado. Tem
rodízio em todo canto. Tem rodízio na pizzaria. Tem rodízio na churrascaria. Aí
quando tem rodízio na escola o povo acha ruim?! Eu não entendo isso. As pessoas
precisam ver o lado positivo da história. Há uma razão lógica para termos rodízio
de aulas na nossa educação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E qual seria?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Veja,
Rogenildo, com o rodízio a Prefeitura quer estimular a solidariedade entre os alunos,
desde criança. Olhe que bonito é dividir a carteira com um colega de sala. Que
belíssimo ato é abrir mão de dois ou três dias de aula para que outro aluno
possa ir à escola. Devemos ser mais solidários. O mundo é muito egoísta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E a falta de
professores?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É como eu
disse antes. Precisaria fazer um levantamento acerca da necessidade, do impacto
na folha, etc etc. Tem que ter responsabilidade com a máquina pública. Não pode
sair gastando só pra contratar professor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E o transporte
escolar? As pessoas reclamam que não há ônibus para levar os alunos até as
escolas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Essa é mais
uma incompreensão do povo, que não vê o bom trabalho que estamos fazendo na
cidade. Observe com atenção. Os médicos dizem que caminhar faz bem à saúde, que
temos que fazer exercícios físicos regularmente. Então pensamos: por que não
começar a educar de agora as nossas crianças para que tenham hábitos saudáveis?
Foi por isso que criamos esse programa que integra saúde e educação ao mesmo
tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Como chama o
programa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- “Só no
Sapatinho”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não é um pouco
forçado, prefeito? Há escolas que ficam muito longe das comunidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu não acho. Que
mal pode haver em caminhar uns quatro ou cinco quilômetros até a escola todos
os dias? Não vê os quenianos?! Fazem tudo correndo e estão aí vivinhos e saudáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas e a
irregularidade da merenda nas escolas? O senhor vai dizer que também não é bem
assim? Nossa equipe flagrou os alunos comendo apenas três bolachas de água e
sal com um copo d’água. É algum outro programa da Prefeitura?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Exatamente. Veja
bem, nossas crianças estão obesas. Comem muita porcaria e isso põe em risco a saúde
delas. Portanto, mais uma vez unindo duas áreas prioritárias no meu governo,
que são a saúde e a educação, desenvolvemos o programa de reeducação alimentar “Água
e Sal”. Com ele, os alunos estão aprendendo a se alimentar melhor e de forma
mais saudável. Três bolachas e um copo d’água são suficientes para manter as
energias durante as aulas, basta não se mexer na carteira, abrir pouco os olhos
e não falar muito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Estamos
conversando com o prefeito Armando Cilada, direto aqui dos estúdios do nosso
programa “Alô, Seu Otário!”. Bom, prefeito, nosso tempo está quase se
esgotando, mas eu não poderia deixar de abordar o tema do transporte coletivo. As
pessoas tem reclamado bastante do transtorno que é usar os ônibus na cidade. Nossos
repórteres acompanharam o dia a dia dos passageiros e registraram diversos
problemas no sistema, como o longo tempo que as pessoas esperam nas paradas para
pegar os ônibus. A demora chega a durar 40 minutos, uma hora. O que está
acontecendo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olhe,
Rogenildo, vou ser bem sincero, como tenho sido até agora. Existe muita maldade
e incompreensão. Todo mundo espera até nove meses pra nascer e ninguém morre
por isso. Será que não dá pra aguardar 40 minutinhos ou uma hora? Não acredito
nisso. E outra: quem espera sempre alcança, já diz o ditado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas, prefeito,
além da demora, ainda tem a superlotação dos ônibus, que causa mais sufoco ao
passageiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu não vejo
dessa forma. Somos um povo que adora dar e receber calor humano. Gostamos de
acolher o próximo. Precisamos desse contato mais íntimo com as pessoas. E esta
é uma experiência sociológica riquíssima que acontece todos os dias nos ônibus de
nossa cidade. Viaja todo mundo ali, apertadinho, espremidinho. Conversando de
perto. Quantos romances não começaram numa encoxada?! Pra quê exigir mais ônibus
nas ruas? Pra quê acabar com isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E a tarifa? Não
estaria muito alta para um povo que já tem uma vida tão difícil?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Difícil é a
vida dos donos das empresas, Rogenildo. É de dar dó. Estão com a cuia na mão. Mal
conseguem manter os ônibus circulando. Não lucram nada. Eu sou testemunha. Fui jantar
na casa de um deles outro dia e me serviram um caviar de segunda. Você
acredita?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Bem, por fim, há
o problema da dupla função do motorista, que também é cobrador de ônibus? As empresas
não estariam explorando demais esse trabalhador? É seguro viajar desse jeito? Não
haveria risco de acidentes pelo fato de realizar duas atividades ao mesmo
tempo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Só se ele
fosse um retardado. No cinema, por exemplo, você assiste ao filme comendo
pipoca e tomando refrigerante, e nem por isso enfia o canudo no olho ou uma
pipoca no nariz. Não tem risco de acidente. E onde o povo vê exploração, eu
vejo promoção. Antes, ele era só motorista. Agora, é motorista e cobrador. Foi promovido.
Deveria ficar feliz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Então é isso,
pessoal. Estamos chegando ao fim de mais um programa “Alô, Seu Otário!”. Esperamos
que o prefeito Armando Cilada tenha ouvido as vozes das ruas e possa resolver
os problemas de nossa cidade o mais breve possível. Podemos assumir esse
compromisso público?</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É claro,
Rogenildo. Por enquanto ainda não vi nada de errado, mas me comprometo a fazer
um levantamento sobre os reais problemas da população, ver o impacto disso na
folha, a aplicabilidade, essas coisas. Por que você sabe, né? É preciso ter
responsabilidade com a máquina pública.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-71195458683344762072013-07-02T02:20:00.002-03:002013-07-02T12:52:16.498-03:00Entreouvidos da Copa<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo da
Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2aM6CiE0pw0VW4yjWilX2lJkkBCv5Em38etVGDpZLsMfEISWEiOB4YXoNZbDP8Gt7ggQI6jBQI8rRsrkZHpGE0s4cLpTWPNZTl4qBHfwPKltYvQopgKforI9m1K5vxK3aSJChhAJF0CU/s560/charge_copa_das_confederacoes_samuca_560.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="247" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2aM6CiE0pw0VW4yjWilX2lJkkBCv5Em38etVGDpZLsMfEISWEiOB4YXoNZbDP8Gt7ggQI6jBQI8rRsrkZHpGE0s4cLpTWPNZTl4qBHfwPKltYvQopgKforI9m1K5vxK3aSJChhAJF0CU/s400/charge_copa_das_confederacoes_samuca_560.jpg" width="400" /></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">D</span></b><span style="font-size: large;">ois amigos, num
bar, após a final da Copa das Confederações.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E essa final
da Copa, hein?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que é que
tem?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sei não...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sabe não o quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Muito
estranha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Estranha por
quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Como 'por quê'? Você estava do meu lado. Você viu o jogo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vi sim. A
seleção deu uma surra na Espanha. Uma vitória espetacular. Três a zero.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Pois é. É isso
que é estranho. </span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(</span><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">...)</span><br />
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- A vitória?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, não. Não é
só a vitória. É o placar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ué?! Merecido.
O Brasil se impôs em campo. Jogou melhor. Não deixou os espanhóis jogarem. Marcamos
duro. Matamos aquele futebolzinho de toquinho pra cá, toquinho pra lá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não é tão
simples assim. Tem alguma coisa errada. Foi fácil demais. Aí tem treta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, não. Fala
sério! Que treta o quê, cara! Três a zero. Vitória acachapante! Indiscutível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você não vê?! Três
a zero?! Na melhor seleção de futebol do mundo na atualidade?! Meu amigo, a
Espanha estava há 29 jogos oficiais sem perder. Aí chega aqui e toma três do
Brasil, uma seleção que andava desacreditada?! Ainda por cima numa final?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E daí? Acontece.
Futebol é assim mesmo. Caixinha de surpresa. E outra: o Felipão arrumou a casa.
O Brasil vinha em franca evolução. O time foi melhorando a cada jogo. Todo mundo
viu isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sim. Certo. Tudo
bem que a seleção vinha evoluindo. Mas daí meter três na Espanha é demais. Aliás,
nem parecia a Espanha. Se o Brasil tivesse vencido no sufoco, já nos acréscimos,
com um pênalti duvidoso marcado a seu favor, eu não diria nada. Nem estranharia.
Agora, três a zero... Sei não, hein...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tá bom,
sabichão. Então me diga o que tem de errado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Acho que esse
jogo foi comprado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Comprado?! Tá
maluco? De onde você tirou essa ideia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Há evidências.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, é?! E quais
seriam, senhor “teoria da conspiração”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Em primeiro
lugar, a Espanha não era a Espanha. Não estranhou o futebol jogado por eles? Completamente
diferente daquele que os consagrou. Pareciam um bando de peladeiros. Não é que
estivessem fingindo. Não é isso. Pareciam realmente não saber jogar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Nada a ver
isso, cara. Os craques estavam todos lá. Iniesta, Xavi, Sérgio Ramos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não tenha
tanta certeza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por quê?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu tenho uma teoria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Xiiii!! Lá vem
bobagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- A Espanha nem
entrou em campo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não falei que
era bobagem?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É sério.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sério?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você quer
ouvir ou não?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ok. Explique.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Acredito que
os jogadores espanhóis foram sequestrados antes de chegarem aos vestiários.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tá brincando,
né? É melhor você parar de beber.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, para. Tô
sóbrio. Sei o que estou dizendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você ta é
maluco. Sequestrados?! E quem eram aqueles em campo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sósias
taitianos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Meu Deus do
céu. O que é que você tá bebendo aí, hein?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não há outra explicação
para os três a zero. A Espanha foi substituída pelo Taiti minutos antes da
partida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Pelo Taiti? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Exatamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Aquela seleção
que tem até desempregado no time?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Essa mesma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Francamente...
E como foi isso, ô James Bond?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ainda não
desvendei o modus operandi. Mas sei que eram os taitianos em campo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você tem
provas por acaso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Fortes indícios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tá bom. Certo.
Quais, por exemplo? Quero só ver até onde você vai com essa loucura. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Notou que
nenhum dos jogadores “espanhóis” cantou o hino nacional?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Besteira. Isso
é comum. Tem seleções que não cantam e mesmo assim...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Numa final de
Copa?! Duvido! Eram os taitianos. Não cantaram porque não sabiam. Não queriam
dar na vista. Ainda mais com sotaque francês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que absurdo
você tá dizendo. O hino espanhol nem tem letra oficial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, é?! Mero detalhe. E o
lance do primeiro gol do Brasil?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que é que
tem?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Viu como o
Piqué taitiano tentou tirar aquela bola aérea? Com o pé! Com o pé! Deu uma
voadora! Puro amadorismo. O Piqué de verdade jamais faria aquilo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Zagueiros
falham.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não daquele
jeito escandaloso. Só pode ter sido armação. O que explica aquele monte de
passes errados? E a moleza para o Brasil fazer os gols? E o pênalti perdido
pelo falso Sérgio Ramos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Para de paranóia.
Isso não faz o menor sentido. Nem se fosse na Guerra Fria. Nossa seleção foi
melhor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não é paranóia
coisa nenhuma. Você notou o vacilo da torcida? Aliás, torcida não. Figurantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Rá!
Figurantes?! Você enlouqueceu completamente. Quer dizer que havia setenta mil
figurantes no Maracanã?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Claro! E todos
muito burros. Entregaram toda a encenação quando começaram a cantar “o campeão voltou”
com o jogo ainda no começo e o Brasil vencendo apenas por um a zero. Ou seja, já
estava tudo armado. Eles sabiam que a partida estava ganha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E o quase gol
da Espanha, que o David Luiz tirou em cima da linha, hein?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Jogada
ensaiada! Tudo combinado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Putz. Nem sei
por que fui te dar corda nisso. Foi a conspiração mais esdrúxula que já ouvi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas aposto que
é verdade. Essa final foi comprada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E por quem? Quem
se beneficiaria com a seleção sendo campeã da Copa das Confederações em casa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Como ‘quem’?
Os governos, é claro. Todos. De norte a sul do país. Federal, estadual,
municipal. Você não tá acompanhando essas manifestações no Brasil?! A vida dos políticos
não tá fácil. A pressão neles tá grande demais. Se o Brasil não ganha essa
Copa, meu amigo, o povo põe esse país do avesso. Isso aqui ia virar a Turquia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas o povo
também está indo às ruas por causa do custo bilionário da Copa... por saúde, educação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vá por mim. Os
governos compraram essa vitória para acalmar os ânimos e tirar o foco. Grana alta
na mão de muita gente. Fifa, Federação Espanhola de Futebol, quem sabe até na mão
do governo do Taiti, para as despesas com os sósias e tal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, você
deveria ser roteirista de Hollywood. Trama sensacional. Intrigante. Já contou pro
Scorsese?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tudo bem. Pode
me zoar. Não precisa acreditar. Mas eu sustento minha teoria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Certo. Vamos lá.
Vou te dar um desconto. Digamos que seja verdade essa conspiração. Onde estariam
os verdadeiros jogadores espanhóis agora?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Isso eu ainda não
sei. Mas desconfio de alguém que pode saber.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Quem?</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- A Shakira. Viu
a forma como ela olhou para o falso Piqué na arquibancada, depois que ele foi
expulso? Ali tem coisa. Aquele olhar... sei não.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-42391858980999996162013-06-02T20:50:00.000-03:002013-06-02T20:54:27.721-03:00Pobre Yurinho<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo da Silva</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZA4sriimf6XfZmvNdJMZL0yjCUsw30frutHCtcskxs-zh9WoT0Nc12x-GQ6hGTLINfuuTMBfrcoBlq6nGEXmAJ1fk9-BwWOmbUBYl63veZtFveH02KnsmpK6ZS30osB0yeCZyocaKHjU/s1600/moleque02.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: justify;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZA4sriimf6XfZmvNdJMZL0yjCUsw30frutHCtcskxs-zh9WoT0Nc12x-GQ6hGTLINfuuTMBfrcoBlq6nGEXmAJ1fk9-BwWOmbUBYl63veZtFveH02KnsmpK6ZS30osB0yeCZyocaKHjU/s1600/moleque02.jpg" /></a><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">Q</span></b><span style="font-size: large;">uando era criança, lá pelos doze
anos, eu costumava jogar bola com meu irmão no terraço da nossa casa. Ficávamos
horas brincando de chute ao gol. Como não tínhamos autorização para jogar na
rua, aquela acabava sendo a nossa diversão. Mas a gente até que gostava. Só não
gostávamos mesmo era do Yurinho, o vizinho da frente. Ô moleque chato.</span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ele sempre aparecia no portão lá
de casa, pedindo pra jogar com a gente. Ficava um tempão implorando e enchendo
o saco. Foram poucas as vezes em que permitimos. Eu e meu irmão tínhamos um
motivo para não deixá-lo jogar. Qualquer coisinha o Yurinho chorava. Se levava
um frango, chorava. Se perdia um pênalti, chorava. Se tomava uma bolada mais
forte, chorava. E o pior: saía correndo e gritando que a gente tinha batido
nele. Quer dizer, além de frouxo, o Yurinho também era mau-caráter.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Depois que passamos a impedi-lo
de jogar com a gente, o safado começou a apelar para a deslealdade. Chegava no
portão, todo malicioso, e falava:</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Oi. Posso jogar com vocês?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sai fora, Yurinho. Você só sabe
chorar e mentir. – dizia eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas eu quero!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E você tem o que querer aqui,
seu cagão?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É isso mesmo. Sai fora,
Yurinho. – meu irmão completava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ele corria chorando para casa e
contava para a avó que a gente não queria deixá-lo jogar e que, ainda por cima,
tínhamos batido nele. Não demorava muito e a velha aparecia para reclamar.
Ficava um tempão nos esculhambando, dizendo que não tínhamos coração, que
éramos seres abomináveis etc. Com medo, eu e meu irmão corríamos para nos
esconder. Só voltávamos depois que a vó do Yurinho saía. O mau-caráter fez isso
várias vezes. Até que um dia resolvemos nos vingar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Aí mudamos de tática. Se o
Yurinho queria jogar sujo, então nós iríamos entrar no jogo dele. E, naquela
época, sujo era literalmente sujo mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Um dia, como de costume, ele
apareceu no portão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Posso jogar com vocês?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Claro que pode, Yurinho. –
falei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sério?! Jura?! – surpreendeu-se
o chato.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É sério, sim. – disse meu
irmão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Aí o Yurinho se animou e já ia
abrindo o portão quando eu o interrompi:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Epa! Peraí. Aonde você pensa
que vai com essa pressa toda?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Jogar com vocês, ué.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Calminha aí, Yurinho. Calminha
aí. Você pode jogar, mas com uma condição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que condição?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Era chegada a hora da vingança.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Se quiser brincar, você vai ter
que chupar uma pedra aí da rua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Hã?? Mas isso é muito sujo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Pois é. – disse eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É pegar ou largar. – sentenciou
meu irmão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">A rua da minha casa era cheia de
pedras, de todos os tipos. Grandes, médias, pequenas. E sujas também. Da lama
ao cocô do cachorro. Uma imundice só. Mas era isso. Se o Yurinho quisesse jogar
bola com a gente, teria que aceitar o desafio. Essa era a condição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tá bom. Eu aceito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">E assim começou a nossa vingança.
Todas as vezes que ele aparecia no portão querendo brincar nós pedíamos para
ele chupar uma pedrinha. Escolhíamos sempre as mais sujas, que era pra ver o
sofrimento do infeliz. Ainda assim, depois da penitência do Yurinho, nós só
brincávamos por alguns minutos, para não dar muito gosto ao chato. Afinal, o
bom mesmo era assistir ao sacrifício do Yurinho ao chupar as mais nojentas
pedras da rua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tá bom, Yurinho. A gente não
quer mais jogar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas já?! Não foram nem cinco
minutos?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É, eu sei. Mas já estamos
cansados. Amanhã brincamos mais. Tchau.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mantivemos o plano durante muito
tempo. Tanto que cheguei a pensar que o Yurinho já havia lambido uma quantidade
de pedras suficiente para fazer uma calçada inteira. Mas meu irmão e eu não
tínhamos a menor pena do mau-caráter. Ele estava tendo o que merecia. Foi
quando um “pequeno” detalhe começou a mudar os rumos da história.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">À medida que os dias e as pedras
chupadas passavam, uma notável alteração foi se dando no rosto do Yurinho. Ele
estava ficando amarelo. Mas muito amarelo mesmo. E tínhamos a impressão de que,
após uma nova pedra, o Yurinho ia ficando cada vez mais amarelo. Lembro,
inclusive, que em sua última aparição em tons de amarelo ele parecia molho de
mostarda. Isso mesmo. Última aparição. Porque teve um dia que o Yurinho não
apareceu mais no portão. Passou-se uma semana. Duas. Três. E nada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Até que um dia vimos a vó do
Yurinho, vestida de preto, saindo de casa. Com o rosto vermelho de choro, ela
parou para conversar na porta da Dona Neide. Da conversa, meu irmão e eu só
conseguimos ouvir duas frases.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ele se foi, Dona Neide. Meu
Deus, o Yurinho me faz tanta falta. – disse a vó do moleque, desatando no
choro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pronto. Foi o suficiente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Puta que o pariu, João! A gente
matou o Yurinho! – desesperou-se meu irmão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- A gente quem? Eu vou negar até
o fim. Quero falar com o meu advogado! Cadê o meu advogado?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ficamos naquela paranóia por uma
semana. Não podíamos revelar nosso crime para ninguém, havia o risco de sermos
punidos severamente, mas também não podíamos suportar a dor na consciência.
Tínhamos matado uma pessoa. Tudo bem que era o Yurinho, mas ainda assim era uma
pessoa. Pelo menos em tese. O que fazer, então? Contar toda a verdade e rezar
para sermos condenados, no máximo, por homicídio culposo? Ou não contar nada e
continuar insistindo no nosso próprio convencimento de que, afinal de contas,
era só o Yurinho mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Bolívia! – disse eu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vamos fugir para a Bolívia! –
repeti.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tá doido?! E dizer o que para a
mamãe? “Oi mãe. Estamos indo para a Bolívia porque matamos o Yurinho.”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tem razão. Tô doido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">De fato, não sabíamos o que
fazer. Estávamos numa encruzilhada. Após um mês do sumiço do Yurinho, jogávamos
bola no terraço de casa. Ainda muito preocupados, brincávamos sem entusiasmo
nenhum. Foi quando ouvimos uma voz no portão:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Oi. Posso jogar com vocês?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Meu Deus do Céu! Era o Yurinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Yurinho! É você mesmo?! Não
pode ser! – eu gritei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Como não pode ser, João?! Cala
essa boca! Graças a Deus que é ele! Yurinho! – gritou também o meu irmão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Yurinho nunca entendeu por que
nós o abraçamos e o beijamos tanto naquele dia. E a gente mesmo nem quis falar.
Ninguém precisava saber.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Poxa. Não sabia que vocês
gostavam tanto assim de mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, você realmente não sabe o
quanto. – falei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Depois da recepção emocionada, o
Yurinho explicou o próprio sumiço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Fiquei doente. Vermes, sabe?
Sério mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Verdade? Que coisa estranha,
hein?! – argumentei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Pois é. Comecei a ficar
amarelo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Jura? A gente nem notou. –
disse meu irmão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Yurinho falou que sua mãe achou
melhor ele passar o resto das férias com ela lá no sítio. Seria bom para se
recuperar e coisa e tal. Depois que estivesse bem, poderia voltar a morar com a
avó. Ela ficaria triste e sozinha, mas seria só por um mês. Logo tudo voltaria
ao normal. E o Yurinho se mandou pra casa da mãe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sabe, fiquei tão doente que
quase morri.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas não morreu! Vira essa boca
pra lá, Yurinho! O importante é que você não morreu! – falei com toda
convicção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Isso mesmo. Que bom que o
Yurinho não morreu. E a gente nem precisa mais falar disso. É hora de jogar
bola. Vamos jogar bola. – propôs meu irmão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Aí o Yurinho já estava indo pegar
uma pedra quando eu gritei:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ei! O que pensa que vai fazer?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ué, chupar uma pedra pra poder
jogar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Yurinho, larga já essa pedra!
Pelo amor de Deus! Larga isso já!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Hoje, alguns anos depois, faço
outra interpretação de nossa atitude. Na verdade, não estávamos castigando nem
nos vingando do Yurinho. Estávamos, inconscientemente, ensinando uma lição
aquele pequeno mau-caráter, que gostava de caluniar os outros. Queríamos mesmo
era mostrar ao Yurinho o quanto a vida era dura e suja, assim como as pedras lá
da rua. Sabe, era uma metáfora. Uma metáfora sobre as muitas pedras que ele
ainda encontraria pelo caminho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Era, na verdade, aquela história
da pedra do Drummond, entende? Aquela do meio do caminho. Era isso que a gente
queria ensinar pro Yurinho. Mostrar pra ele que só um homem de bom coração
passaria pelas adversidades da vida. Não havia espaço para o mau-caráter, saca?
Bom, era isso. Estou convicto de que a História nos absolverá. E agora espero
que o Yurinho também. Era pro bem dele.</span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-16127988392753898842013-05-12T13:53:00.000-03:002013-05-12T14:02:35.196-03:00Superstições<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo
da Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-ehXdIROwMoylwGtOwpGinSgg5w2RRWsOCoHO1WcSHvZKSMFAPfCLLHZYPYHa28bS_Fg_YiY6HG1J8yvPn8BQyU1iuhoO-KExXSTLsoPmiBN9Tf2J5EABhJfeJEoia2edVYOKuIZES-I/s1600/figa_da_sorte.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-ehXdIROwMoylwGtOwpGinSgg5w2RRWsOCoHO1WcSHvZKSMFAPfCLLHZYPYHa28bS_Fg_YiY6HG1J8yvPn8BQyU1iuhoO-KExXSTLsoPmiBN9Tf2J5EABhJfeJEoia2edVYOKuIZES-I/s320/figa_da_sorte.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">A</span></b><span style="font-size: large;"> mãe do Rodrigo
era supersticiosa, cheia dessas crendices populares que habitam o imaginário de
muita gente. Aí já viu, né? Qualquer coisinha era motivo para um “Deus nos
acuda”, literalmente. O pobre do garoto fora criado em meio a um mundo que
parecia ser governado por forças ocultas e implacáveis. Era como se
determinadas ações acarretassem, inexplicavelmente, consequências
irremediáveis. “Pisar em rabo de gato atrai malefícios”, “deixar tesoura aberta
por muito tempo dá azar”, “coruja que crocita em cima da casa, à noite, é sinal
de morte na família”. Isso só para ficar em alguns exemplos. Mas a mãe do
Rodrigo não mencionava apenas superstições ruins. Por vezes, quando o filho
tinha soluços, ela aconselhava:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Põe um palito
de fósforo atrás da orelha que isso passa, menino!</span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Na bolsa, ela
sempre carregava dentes de alho, figas e trevos de quatro folhas. Se, por
acaso, quebrasse um copo numa festa – minha nossa! – era certeza de que vinha
felicidade pela frente. Batata mesmo. Enfim, a dona vivia de crendices.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Rodrigo não
aguentava mais as ladainhas supersticiosas da mãe. Quando ele era criança, não
podia fazer nada que a velha vinha reclamar:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Menino, pare
de apontar para as estrelas! Vai ficar com o dedo cheio de verrugas! Olha aí ô,
Rodrigo! Desemborca esses chinelos já! Quer trazer desgraça, infeliz!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Outro dia,
porém, já homem feito, o Rodrigo resolveu rebater as superstições da mãe e
quase saiu do sério. Estava ele sentado no sofá, quando ela apareceu coçando a
orelha esquerda. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai filho, acho
que tem alguém falando mal de mim. Minha orelha esquerda não para de coçar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mãe! Quer
parar com essa loucura?! Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Onde já se
viu isso?! Essas crendices não existem. Não há nenhuma relação científica nisso
tudo. Essa orelha deve tá é muito suja pra coçar desse jeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Suja?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É. Vem cá pra
eu dar uma olhada nisso. Olha aí! Não falei?! Tá com o ouvido cheio de cera.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sério? Cheio
de cera?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É. Tá uma
porqueira só.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai meu Deus,
que bom! Quem tem muita cera no ouvido é sinal de que vai ficar rico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- MÃE!!!!</span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-8310296660671153742013-03-24T23:11:00.000-03:002013-03-24T23:11:19.608-03:00Coisas do sexo<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large; text-align: justify;">Por João Paulo
da Silva</span><br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1PrifPqaOXMfeyCF9kBSjb2Yuro5jfVYOixq-S0SOnAe5yMTqylJ0r1-xNRh4SuLFdHlPk4Esfh6yH_NtT4wbyC2RNDlzt2K-W9XyAzw6S1h641vSQXyUsDwvI49dFKxDi9f208h_e8U/s1600/Anossavidasexual.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1PrifPqaOXMfeyCF9kBSjb2Yuro5jfVYOixq-S0SOnAe5yMTqylJ0r1-xNRh4SuLFdHlPk4Esfh6yH_NtT4wbyC2RNDlzt2K-W9XyAzw6S1h641vSQXyUsDwvI49dFKxDi9f208h_e8U/s320/Anossavidasexual.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">T</span></b><span style="font-size: large;">em um versinho
cômico do Luis Fernando Veríssimo que diz: “O homem não é o único animal que
faz sexo, mas é o único que precisa de manual de instrução.”. Essa é uma
daquelas verdades incômodas. Daquelas que nos deixam um pouco envergonhados
enquanto espécie. Ninguém precisa, por exemplo, dizer a um leão ou a um macaco
como é que se faz a “coisa”. O bicho vai lá e faz, instintivamente. Não
pergunta aos amigos, não consulta o Kama Sutra, nem pesquisa na internet. Com a
gente é mais complicado. Tem que aprender todos os dias. Do contrário, não faz
bem feito. É a incessante busca pelo know-how. É isso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Com o passar do
tempo, diferente dos outros seres, o homem e a mulher foram ficando mais
complexos, criaram necessidades antes inexistentes e modificaram o mundo e a si
mesmos. Todas as nossas atividades, inclusive as mais básicas e naturais, como
é o caso do sexo, foram se sofisticando e recebendo inúmeros aperfeiçoamentos
(há quem discorde). Nos primórdios da humanidade, o sexo era simples. Era só chegar
e pimba! Pronto. Sem rodeios. Meio bruto, é verdade. Mas também ainda não
tínhamos inventado o amor, o cinema e a banheira de hidromassagem. Hoje saímos
para jantar, tomamos um vinho. Enfim, demos uma floreada.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">O sexo ficou melhor,
claro. Mais prazeroso, mais criativo, mais humano (ou menos animal).
Entretanto, a sofisticação da nossa espécie e da forma como transamos cobrou um
preço. A eterna reinvenção e aprendizagem. Vira e mexe surgem umas novidades
eróticas que nos empurram para um constante processo de reciclagem. Além de
diversas posições (algumas praticáveis só por ginastas olímpicos), inventamos ainda
muitos artefatos sexuais, capazes de deixar a brincadeira mais divertida. Ou
não. A história da humanidade, assim como a do sexo, é cheia de idas e vindas.
Às vezes, a gente avança; noutras, retrocede. Se é que vocês me entendem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Inovamos no sexo
para não cairmos no marasmo do “papai e mamãe”. Reinventamos a vida na cama
para não enjoarmos dela. Foi pensando nisso que um dia o Bira passou num sex
shop e chegou em casa com uns brinquedinhos diferentes, meio exóticos. A Mirtes,
esposa dele, vivia reclamando que a transa já não era a mesma, sempre
convencional, sem novidades. Precisavam dar uma apimentada. “Eu quero emoção,
Bira! Emoção! Entende?”, dizia ela. Aí o Bira resolveu agir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Amor, vem aqui
no quarto! Tenho uma coisa pra te mostrar! – gritou ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que é,
Ubirajara?! Tô vendo a minha novela! – respondeu a Mirtes, entrando no quarto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Calma, amor.
Você vai gostar. Senta aqui na cama e fecha os olhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Pra quê isso?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Confie em mim,
querida. Você não queria emoção? Não queria apimentar a relação? Então. Agora fecha
os olhos e espera aí. – insistiu ele, enquanto ia buscar uma sacola no guarda-roupa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vai demorar
muito? Estou perdendo minha novela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Só um minuto. Pronto.
Pode abrir. – disse o Bira, exibindo nas mãos duas bolinhas coloridas, uma azul
e a outra vermelha, dentro de uma embalagem de plástico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que é isso? Bolinha
de gude?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, não. É outra
coisa. Comprei num sex shop no centro da cidade. São bolinhas explosivas aromáticas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Como é que é?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Funciona assim.
Eu coloco essas bolinhas em você antes de a gente começar a transar. Aí, com a pressão
do movimento, elas explodem e liberam um lubrificante cheiroso que esquenta
tudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Colocar em mim
uma coisa que explode e que esquenta tudo?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É. É só explosãozinha.
Fica tudo molhadinho, quentinho. Muito gostoso. Emocionante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Claro. Muito emocionante,
Ubirajara. – ironizou a Mirtes. – E você realmente acha que eu vou deixar você
enfiar essas coisas que explodem dentro de mim?! Tá pensando que minha vagina é
festa de São João pra ficar estourando bombinhas?! Endoidou, por acaso?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas, amor...
eu só queria fazer algo diferente pra gente. Agitar um pouco a relação, sabe? Não
foi você mesma que falou que queria emoção?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ubirajara, meu
filho, se eu quisesse ir pelos ares, iria transar com o Bruce Willis. Nem morta
você vai enfiar esses explosivos em mim!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Bira ficou
todo murcho, decepcionado, naquele silêncio constrangido. Maior balde de água fria.
Mas não se entregou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tá bom. Tudo bem.
Sem bolinhas explosivas. Ok? Talvez não tenha sido uma boa ideia mesmo. De qualquer
forma, eu também comprei uma outra coisinha. Quer ver?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que é?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Fecha os
olhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- De novo?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vai, vai. Fecha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai, meu Deus. Me
proteja, por favor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Abre agora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas o que é
isso?! Mais bolinhas?! É fixação?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Calma, amor.
Essas bolinhas não explodem. Fica tranquila. São bolinhas tailandesas. É assim.
Elas ficam presas por esse cordão aqui ó, e aí eu vou enfiando uma por uma em
você. Devagarzinho. Depois, é só ir puxando. A vendedora da loja falou que você
iria ficar louca de tesão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vou ficar louca,
sim. Mas é de raiva. Primeiro você pensa em colocar duas granadas na minha
vagina, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Aí agora vem com essa
história de bolinhas tailandesas. Já viu quantas bolinhas tem nesse cordão? Uma,
duas, três, quatro... oito! Oito bolinhas, Ubirajara! Imagina se esse troço
engancha dentro de mim. Como é que eu vou ficar com essas bolinhas penduradas?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, Mirtes. Assim
não dá. Que coisa difícil. Você também não gosta de nada. Cheia de frescura. Toda
conservadora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Conservadora,
eu?! Muito engraçado da sua parte. Você traz pra casa duas bolinhas que
explodem e um cordão com mais oito bolinhas da Tailândia. Quer enfiar tudo isso
em mim e ainda quer que eu aceite numa boa?! Francamente, Ubirajara.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Também não é
assim. Você tá exagerando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Exagerando
nada. Se você é tão libertário, querido, então por que não enfia essas bolinhas
tailandesas em você mesmo?! Vai lá!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- De jeito
nenhum. Elas não são para serem usadas em mim. São só para mulheres.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que absurdo!
Seu machista idiota! Quem te disse isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ninguém. Está
escrito na embalagem. Olhe aí.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Onde?! Onde?!
Onde está isso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Bem aqui, ó, onde
diz assim “bolinhas tailandesas”. Se fossem para homens, estaria escrito “bolinhos
tailandesos”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, seu
cretino! – gritou a Mirtes, e saiu correndo atrás do Bira pelo quarto. – Vem aqui
que eu vou enfiar todas essas bolinhas em você!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Não demorou
muito, estavam os dois agarrados no chão, transando por cima das bolinhas. Emocionados.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-77789623116698548352012-12-30T00:04:00.001-03:002012-12-30T03:44:54.493-03:00Feliz ano novo!<span style="background-color: white; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large; text-align: justify;">Por João Paulo da Silva</span><br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAjdmg8CIdCsG9wxKdCUl490Ppz9IRLt-FyRnlhuUQVW_y5nbAHYvbGiogqcvYnC7DaazYr3Q9fYp5dOTK3STKeF51_FxvxSsAL8uS8gIm58hnKjG_gWIUPOcgfIL4YWI_S6fZF0QD17I/s1600/anonovo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAjdmg8CIdCsG9wxKdCUl490Ppz9IRLt-FyRnlhuUQVW_y5nbAHYvbGiogqcvYnC7DaazYr3Q9fYp5dOTK3STKeF51_FxvxSsAL8uS8gIm58hnKjG_gWIUPOcgfIL4YWI_S6fZF0QD17I/s320/anonovo.jpg" width="252" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">N</span></b><span style="font-size: large;">a beira do mar, o Roberval segurava sua tacinha de plástico cheia de
vinho espumante barato. Vestido de branco, assim como milhares de tantas outras
pessoas, ele aguardava eufórico a queima de fogos e a chegada do ano novo. No
peito, aquele velho e conhecido sentimento: “Porra, o próximo ano tem que ser
melhor, né?! Esse foi de lascar.”. </span></span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: large;">E o Roberval tinha razão. O ano não fora
nada bom. Cheio de corrupção, desastres naturais, demissões, mortes. Uma enxurrada
de tragédias individuais e coletivas, muitas das quais ele mesmo começou a
recordar naquele momento, enquanto esperava o início da contagem regressiva.</span></span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O
Roberval só foi tirado de sua rápida e trágica retrospectiva por causa da
queima dos fogos de artifício e de um sujeito que o cutucava insistentemente.</span><br />
<span style="background-color: transparent; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="background-color: transparent; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">- Opa, companheiro! Feliz ano novo pra você! – adiantou-se o Roberval para o
desconhecido.</span><br />
<span style="background-color: transparent; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">- Feliz ano novo é o cacete, meu irmão! Passa logo pra cá a carteira, o
relógio, o celular e essas pulseiras de bacana aí! – disse o sujeito com um
canivete encostado na barriga do Roberval.</span><br />
<span style="background-color: transparent; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">- Mas calma aí, colega. Também não é assim, né?! Poxa, é ano novo. O que é
isso, companheiro?! – o Roberval ainda tentou argumentar, enquanto entregava os
pertences.</span><br />
<span style="background-color: transparent; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">- Isso é um assalto, rapaz! Nunca viu, não? Nesse país todo mundo rouba. Por
que ladrão não pode roubar?! Se ligou na ideia? Pois é. Agora me dá um gole
desse champanhe aí também. Perdeu, prayboy. Feliz ano novo! </span><br />
<span style="background-color: transparent; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="background-color: transparent; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">“É. Vai ser um ano daqueles.”, pensou o Roberval, vendo o sujeito se afastar e
os últimos fogos estourarem. “Já estou com saudades do ano passado.”.</span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-42130716106911478972012-12-16T22:53:00.000-03:002012-12-17T00:45:21.117-03:00Broxadas 3<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large; text-align: justify;">Por João Paulo
da Silva</span><br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_MvPQguUTZzlIpevRtSGfFuRRGZbH73S4jq0mJOczTjNF86hl1SKueAPdYe6FALcDkiVtaN1FgelEl60zhkQGP_5Ll0aGKOko6En92Ei3Pt4X3JYGgyRgHMj-dI7jj6KbgphVw6XRa00/s1600/broxada+blog.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_MvPQguUTZzlIpevRtSGfFuRRGZbH73S4jq0mJOczTjNF86hl1SKueAPdYe6FALcDkiVtaN1FgelEl60zhkQGP_5Ll0aGKOko6En92Ei3Pt4X3JYGgyRgHMj-dI7jj6KbgphVw6XRa00/s320/broxada+blog.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: x-large;"><b>“</b><b>I</b></span><span style="font-size: large;">sso nunca me
aconteceu antes.”. Mentira. Já aconteceu, sim. É o clichê de todo broxa. Todo
homem que costuma broxar diz essa frase quando falha. É como se ele quisesse se
redimir do próprio fracasso apelando para a indulgência tácita do primeiro erro.
Mas o que o broxa ignora é a perspicácia da mulher. A mulher odeia
desonestidade. Ela sente o cheiro da mentira no ar. Talvez não exista nada mais
broxante para uma mulher do que um homem mentiroso. Ela quer cumplicidade, e
não um contador de vantagem. Por isso, meu amigo, se broxou, fale a verdade. É
melhor abrir o jogo. Dizer que ficou ansioso; que ela é muito linda; que você
esperou tanto por aquele momento e que acabou ficando um pouco tenso. Ela vai
entender. Mulheres são compreensivas com a verdade. Posso até apostar que ela
irá procurar fazer você relaxar, vai afagar seus cabelos, chamar você de fofo e
sussurrar pequenas safadezas no seu ouvido, até a dita (dura) comparecer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Falando assim,
pareço um especialista em alma feminina. Nem de longe. Apenas me esforço. Na
verdade, em muitas situações, procuro pensar como uma mulher, ao invés de
pensar só em mulher. É difícil. Os primitivos neurônios masculinos precisam
suar muito a camisa para acompanhar a complexidade do cérebro feminino. E não
estou sendo irônico. Falo com sinceridade. Outro dia mesmo procurei fazer um
exercício de imaginação. Comecei a pensar no que me faria broxar, se por caso eu
fosse uma mulher (não descarto a hipótese; nunca se sabe o dia de amanhã). Homem
de pochete, por exemplo, é o fim do mundo. De pochete, nem o George Clooney. De
pochete, qualquer deus grego se transforma no Beiçola, de A Grande Família. Se
eu fosse uma mulher, certamente broxaria com homens que usam cueca do
Homem-Aranha ou palitam os dentes depois de um jantar romântico. Pensar como
uma mulher, buscando antever aquilo que ela possa detestar, me ajuda a não
cometer erros quando for agir como homem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas a história do
Jair e da Ana não tem nada a ver com isso. É muito mais insólita, eu diria. Até
dizem que a culpa foi dela. Não sei. Tenho minhas dúvidas. De qualquer forma,
sou suspeito para falar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Um quarto de
motel. Na mesinha, garrafas de cerveja e pacotinhos de amendoim. Na cama, o
Jair e a Ana. Transando. Ele por cima, estilo papai e mamãe. Ela por baixo, aguentando
o peso de doze anos de casamento. Na tentativa de quebrar a rotina e a
acomodação, os dois decidiram que precisavam reacender a chama do sexo entre
eles. Dá aquela reanimada na relação, entende? E tudo estava indo até muito bem.
Troca de carícias, beijinhos, gemidos de prazer, safadezas ao pé do ouvido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tinha me esquecido
de como é bom transar com você, Aninha. Sua gostosa! Você vai ver só uma coisa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Hummm... Ai,
Jair... Fala mais, vai. Fala! Não para, não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas a vida a
dois coloca a gente em situações que até o capeta duvida. De repente, um rápido
barulho abafado escapa por baixo dos dois. Ambos param de se mexer. O Jair levanta
um pouco o corpo e olha para a esposa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que som foi
esse?! – Ana empalidece. Em seguida, vem o cheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que fedor é
esse?! – de pálida, a esposa muda para vermelha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ana, você
soltou um pum?! Eu não acredito, meu Deus! A gente transando e você solta um
pum?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Foi sem
querer. Deixei escapar. Estou com gases. – diz ela, um pouco envergonhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Com gases?! E só
agora você me fala uma coisa dessas?! Quer dizer que tem mais aí dentro?! Em doze
anos de casamento, isso nunca tinha acontecido. Estou chocado, Ana. Não acredito
que você soltou um pum perto de mim... e ainda por cima com a gente transando! –
aí o Jair foi saindo de cima da esposa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Qual é o
problema, Jair?! Por que todo esse drama? Por causa de um punzinho de nada?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Punzinho de
nada?! Você tá de sacanagem, né? Assim não tem clima pra transar, Ana. Aliás, não
tem nem atmosfera. Olha só esse cheiro! Impregnou o quarto. Isso é broxante, Ana.
Não consigo transar com uma mulher que solta pum. Perdi o tesão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Larga de ser
burro, Jair. Toda mulher solta pum, da mesma forma que todo mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu sei que
todo mundo solta pum, Ana. Eu passei pela escola. Mas não aceito que mulheres
soltem pum. É um erro da natureza. Devia ser proibido por lei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E que besteira
é essa agora?! Quer que a gente morra entupida?! Ficou doido? Proibir mulher de
soltar pum?! Que ideia mais machista, Jair.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É isso mesmo. Pum
não é direito civil, Ana. Mulher não deveria soltar pum. Pum é nojento, fede,
polui o ambiente. É horrível. Pum é coisa de homem. Mulher não pode ser assim. Não
combina. Tinha que ter outro jeito pra vocês expelirem isso. Mulheres são lindas,
cheirosas, maravilhosas. A Scarlett Johansson, por exemplo. Não consigo
imaginar a Scarlett Johansson soltando pum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E por que tem
que ser a Scarlett Johansson, Jair?! Por que não eu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ora, porque
você já soltou pum na minha frente, né? Acabou de soltar, lembra?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E que história
é essa de pensar na Scarlett Johansson?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ana, não muda
de assunto. Estamos falando do seu pum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas eu não
quero falar do meu pum! O pum é só meu, caramba!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Se o pum é só
seu, então por que você dividiu comigo?! Quando casamos, o padre falou “na alegria
e na tristeza, na saúde e na doença”. Não disse nada sobre puns.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Como você é
grosso, Jair. Já disse que foi sem querer. Escapou! Acontece, droga. E a culpa
também foi sua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Minha?! Você
soltou um pum enquanto a gente estava transando e a culpa foi minha?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Claro que foi sua!
Eu falei que não queria comer aquela feijoada no almoço. Mas você insistiu. E tem
mais! Foi o seu peso em cima de mim que pressionou a minha barriga. Não pude
evitar. Se pelo menos você não fosse tão gordo... e o padre também não falou
nada sobre aguentar um gordo me espremendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não acredito
nisso, Ana. Você já inverteu a história toda. Agora o problema é o gordo aqui?!
Até parece que fui eu o autor do atentado terrorista. Você sabia que o Tratado
de Haia proíbe o uso de armas químicas?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai, Jair!
Chega! Cansei de tanta bobagem. Agora quem broxou fui eu. Vou pro chuveiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Cinco minutos
depois, o Jair se arrepende de todo aquele escândalo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Aninha? – começa
ele, da cama.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que é?! –
ela grita, ainda no banheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, me
desculpa, vai? Eu sou um bruto mesmo. Nada a ver esse escândalo todo que eu
fiz. É que fiquei meio surpreso, sabe? Pô, doze anos de casamento e nunca vi
você fazer isso. Acho que foi o susto. Mas já passou. Estou arrependido, amor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Hum... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu sei que é
uma coisa natural e que pode acontecer com qualquer casal. Faz parte da vida a
dois. E você tem razão. Não passou de um punzinho à toa. Nada demais. Olha, tá
tudo bem. Não vamos estragar a nossa noite por causa deste pequeno incidente. Me
desculpa, de verdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sei... <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Bom, que tal
se eu abrir aquele vinho e a gente tentar de novo, hein? E se eu for aí no
chuveiro te dar uns beijinhos nessa bundinha linda... – e o Jair começou a se
dirigir para o banheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não! Para! Não
vem pra cá, Jair! Nem pense nisso. Fique longe de mim! Se você entrar no
banheiro, vai se arrepender.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Calma,
querida. Já pedi desculpas. Não precisa ficar assim. Pra quê essa raiva toda? Só
quero fazer um...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não entra, Jair!
Por favor! Fique do lado de fora!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Tarde demais. O marido
já tinha aberto a porta do banheiro. E quase imediatamente teve o nariz
invadido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Meu Deus, Ana!
Não acredito! De novo?! Que horror! Estou sufocando...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Para, Jair! Sai
daqui! Vai embora!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mayday! Mayday!
Pelotão, recuar! O inimigo possui armas de destruição em massa! Mayday! Mayday! </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-70118178386210973672012-11-25T22:17:00.002-03:002012-11-25T22:23:00.130-03:00Broxadas 2<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Por João Paulo
da Silva</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIXmf2TunprJsgbjcu61imC4wRT4T5oDICg7f3BYHoL_zFlYTKIx4zSxUJCUjuMsmyVNRpWp52T496cDviaNNArtLTxCjFtLJR-qnWUeutpC8sojLOyMfuUSN_hvRsW2ShwqlSgYSjCR0/s1600/pinoquio+broxou.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIXmf2TunprJsgbjcu61imC4wRT4T5oDICg7f3BYHoL_zFlYTKIx4zSxUJCUjuMsmyVNRpWp52T496cDviaNNArtLTxCjFtLJR-qnWUeutpC8sojLOyMfuUSN_hvRsW2ShwqlSgYSjCR0/s320/pinoquio+broxou.png" width="294" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">Q</span></b><span style="font-size: large;">uase todo mundo
já broxou. E quem ainda não broxou não precisa se preocupar. Um dia a sua broxada
chegará. Implacável, irremediável, inacreditável. Mais cedo ou mais tarde. É
melhor que seja mais tarde. Aí dá até pra usar aquela desculpa da idade etc. e
tal. Mas é isso. Desencane. Perder o tesão na hora em que você mais precisa dele
pode acontecer com qualquer um. Homens e mulheres. É claro que a broxada não é uma
“prerrogativa” meramente masculina. Mulheres também broxam, mesmo sem ter um
pênis. Nós, seres humanos, somos criaturas hipersensíveis, muito vulneráveis a influências
de fatores físicos e psicológicos.</span></span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Broxamos pelas
mais diversas razões. Porque bebemos demais; porque sofremos de problemas
cardíacos; porque há seis meses não pagamos o aluguel; porque certos homens
falam “menas” ou “piroca” na cama; porque os níveis de hormônio estão baixos; porque
a mãe daquele gato da academia telefonou bem na hora H e o desgraçado atendeu;
ou ainda porque não temos autoconfiança suficiente e não acreditamos que a Scarlett
Johansson possa estar nos dando mole. Enfim, motivos para broxar não faltam.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormalCxSpFirst">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Finalmente, a
Adelaide iria transar com o César, o homem mais cobiçado do escritório. Lindo,
alto, forte, elegante, pele queimada do sol. Cabelo meio grisalho, sabe? Tipo
George Clooney. “Uma coisa!”, como gostava de dizer a Adelaide às suas amigas
do setor de recursos humanos. No trabalho, os dois sempre trocaram olhares
diferentes, insinuantes. Mas nunca avançaram além das trincheiras da sedução.
Faltava uma oportunidade. E ela veio na festa de fim de ano da empresa.
Conversaram e riram a noite inteira. Adelaide nas nuvens. Lá pelas tantas,
depois de muitos fogos, abraços e champanhe, o César se ofereceu para levá-la
em casa, que nem hesitou em aceitar. Já na porta do condomínio, a Adelaide não perdeu
tempo e convidou em tom provocativo: "Quer dar uma subidinha?"<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Agora Adelaide
estava ali, louca de tesão, rebolando como uma dançarina do "É o Tchan", tirando o vestido e deixando à mostra a
lingerie vermelha. E o César deitado na cama, assistindo tudo.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu vou acabar
com você. Vou abusar de cada parte desse seu corpinho. – dizia a Adelaide,
ensandecida.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Então vem!
Para de falar e vem aqui.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por que não
tira essa roupa?<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vem tirar
você.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">E lá foi a
Adelaide. Saiu tirando peça por peça. Camisa, calças, sapatos, cueca. Mas
quando tirou as meias...<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai, o que é
isso?! Socorro, meu Deus!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que foi?! –
estranhou o César.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que horror!
Não acredito! <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não acredita no
quê?! O que foi que houve?!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você tem seis
dedos no pé direito!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Aaahhh,
Adelaide. É só isso?! Que bobagem. É de nascimento. Vem cá, vem.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Como assim, “só
isso”?! Como assim, “bobagem”?! Não posso transar com um cara que tem seis
dedos no pé. – disse e se afastou com repulsa.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E por que não?
Não é doença, nem é contagioso.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas é nojento!
Não posso chegar perto disso.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Deixa de
frescura, Adelaide. Não tem nada de nojento. Só dá mais trabalho na hora de
cortar as unhas.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você estragou
tudo. Acabou com todo o clima. Não tinha nada que ter esse sexto dedo aí.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, você
quer que eu ponha as meias de novo? – perguntou o César, já meio sem jeito.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não adianta!
Agora eu já sei. Não vou conseguir esquecer e me concentrar. Não posso nem
imaginar você encostando esse pé em mim. E também transar com um homem de meias é o cúmulo!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Escuta, não é
o meu pé que eu quero encostar em você... Também começa com “P”, mas não é pé.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai, seu
grosso! Perdi completamente o tesão.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por causa de
um pequeno detalhe anatômico?!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não é nenhum
pequeno detalhe anatômico. Odeio eufemismos. Isso é uma mutação genética. Não é
normal. Não posso fazer sexo com um mutante, com um X-Men. Meu Deus, acho que
vou vomitar.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, assim
você tá me ofendendo. Não acredito que estou ouvindo isso de você.
Preconceituosa! Sabia que muitas pessoas tem seis dedos?!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, é?! Quem,
por exemplo, além de você?<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, sei lá,
Adelaide. Não me lembro de ninguém agora. Mas até o George Clooney pode ter
seis dedos no pé.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O George
Clooney tem seis dedos no pé?!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Pode ser que
sim. Quem vai saber? E se ele tivesse? O que você faria? Você não disse que me
achava parecido com o George Clooney?<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Isso é só uma
suposição. Ninguém tem certeza de que ele tem seis dedos no pé. E, de qualquer forma,
você não é o George Clooney.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Chega! Cansei!
Vou embora. Parece maluca. Eu, hein!<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Assim que o
César bateu a porta atrás de si, Adelaide correu em direção ao telefone. Ligou
para uma conhecida que morava nos EUA.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Amiga, preciso
de um favor seu. Coisa de vida ou morte. Será que você teria como descobrir se
o George Clooney tem seis dedos no pé?</span></div>
</div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-6893311538374165782012-11-18T02:21:00.001-03:002012-11-18T02:25:20.894-03:00Broxadas<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo
da Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg15uwRevmBASHIICcHZSWFeawkjRsY4lo9ORCfZrHX7XNZdHzGWwiK4qxB3zJsJyDfM_vEagAurbUH01m32RJSGtx6AZ3Xq1x2BOjzUVP0mSB0Xfhtlr0-zwBeP0lnESNu7jjmCwCACmk/s1600/broxada-stress-homem.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg15uwRevmBASHIICcHZSWFeawkjRsY4lo9ORCfZrHX7XNZdHzGWwiK4qxB3zJsJyDfM_vEagAurbUH01m32RJSGtx6AZ3Xq1x2BOjzUVP0mSB0Xfhtlr0-zwBeP0lnESNu7jjmCwCACmk/s320/broxada-stress-homem.JPG" width="306" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">B</span></b><span style="font-size: large;">roxar é normal.
Acontece. Quer dizer, desde que não aconteça sempre ou na maioria das vezes. Mas
se esse é o seu caso, sugiro que procure um médico rapidinho. Existem muitos tratamentos
eficazes contra a disfunção erétil (é feio falar impotência sexual). Entretanto,
se você já ficou sozinho com a Scarlett Johansson dentro de um elevador, ela te
dando o maior mole, e mesmo assim o tesão não veio, então desista. É melhor
aposentar o “falecido” e ir criar passarinho no interior de Minas. Não insista.
Vai ser vexame atrás de vexame. De todo modo, dar uma broxada ou outra na vida não
é motivo para tanto desespero assim. Acontece com os melhores pintos.</span></span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span>
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O Mateus e a Susana
andavam de caso há uma semana. Era pouco tempo. Se esbarraram numa festa, trocaram
telefones e saíram algumas vezes. Ainda estavam se conhecendo, pessoal e
sexualmente falando. Então, o Mateus sugeriu um jantar romântico na casa dele. Luz
de velas, vinho, uma massa. Poderiam conversar bastante e depois passar a noite
juntos. Ela concordou.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, não sabia
que você cozinhava tão bem. – elogiou a Susana.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não fiz nada. Penne
ao pesto qualquer um faz.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E essas
velas?! E esse vinho?! Delicioso. Está tudo tão lindo. Você é um fofo.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que bom que
você gostou. Pelo visto acertei no jantar.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E como
acertou! Adoro esse romantismo, tão em falta nos homens ultimamente.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Bom, então começamos
bem. – ele sorriu.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É verdade. No que
mais será que a gente combina, hein?! Me fala do que você gosta.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, não sei. Gosto
de tanta coisa...<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Música?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah... Jazz.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Blues. Praia
ou cinema?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Cinema.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Prefiro cinema
também. Religião?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah... eu sou
ateu.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tudo bem. Sou meio
agnóstica. Verão ou inverno?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Primavera.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É melhor
mesmo. Sexo com a luz acesa ou apagada?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Curto uma
meia-luz. Pra criar um clima.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ai, que lindo.
Tá falando sério?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Te juro.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E política? Você
gosta?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sim. Não posso
me dar ao luxo de não gostar.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu também. Em
quem você votou na última eleição?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Naquele cara
da esquerda.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- No candidato
do PT?!<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não. No cara
da esquerda mesmo. Acho que era o...<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu votei no
Serra.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- No José Serra?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sim. Ele
mesmo. Sempre votei nele. <o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Hum...<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Algum problema?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não. Nenhum.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vinho branco
ou tinto?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tinto.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ah, que bom! Adoro
tinto. Seco ou suave?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Demi-seco.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você não
existe. Viu como a gente combina?!<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">E foi assim
durante boa parte do jantar. Papo animado. Garrafa do vinho esvaziando. Quando se
deram conta, estavam os dois agarrados, rolando nus na cama. Beijo no pescoço, língua
no ouvido, mão em cima, mão embaixo, morde aqui, chupa ali. E nada de o Mateus
apresentar as armas. Aí a Susana estranhou.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O que foi? Não
tá gostoso?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não é isso. É que
não estou conseguindo.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Por quê? Você nem
bebeu tanto assim.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu sei. Não foi
a bebida.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E o que foi
então, Mateus?! Fiquei feia por acaso?<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não. Você é
linda. Maravilhosa. Um espetáculo.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Então vem pra
cá, vem. Deixa eu dar uma animadinha em você. – e o agarrou com as pernas.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não. Espera. Para.
Não vai rolar. Não vou conseguir.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E por que não vai
conseguir, cacete?!<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Porque você
votou no Serra! Não consigo transar com alguém que votou no Serra! Pronto.
Falei.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas que
bobagem é essa agora?! Vai misturar sexo com política?! Uma coisa não tem nada
a ver com a outra, Mateus.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Eu sei que não
tem. Só que eu fiquei com isso na cabeça. Olha, aceito tudo. Menos o Serra.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Mas você não vai
transar com o Serra! Vai transar comigo, cacete!<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não é assim tão
simples, Susana. É estranho. Tente me entender. É como se o Serra estivesse
aqui na cama também, olhando a gente, sabe? Aquela careca, aquele rosto,
aqueles dentes. Meu Deus! Eu não consigo!<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você é louco. Eu
vou embora. – e começou a se vestir.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não! Espera. Não
vai, por favor. Fica aqui comigo. Vamos ver um filme. Quem sabe se a gente
conversar sobre outro assunto... Tem certeza de que você votou no Serra?!<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Adeus, Mateus.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, Susana. Não
vai embora. Não me deixa falando sozinho.<o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle">
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você não tá
sozinho. O Serra não tá aí? Conversa com ele. Tchau.</span></div>
</div>
</div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-66817208264737286342012-11-11T23:01:00.001-03:002012-11-12T12:09:18.912-03:00Amadores<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large; text-align: justify;">Por João Paulo
da Silva</span><br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKnuhYCqSdzjnFe2LAooaSxoktipHTauSiKyQMEwsEaXn3cGPVZH5dq4eiO1CCqXXpPaLxiatR9u2xfNICRh9KiajJbNT4EX8IW1cWfowCRk2EtJ0DC3FvadWg5A1ew3ljiUvfH_ul3o4/s1600/Espi%C3%B5es+-+silva+carvalho.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKnuhYCqSdzjnFe2LAooaSxoktipHTauSiKyQMEwsEaXn3cGPVZH5dq4eiO1CCqXXpPaLxiatR9u2xfNICRh9KiajJbNT4EX8IW1cWfowCRk2EtJ0DC3FvadWg5A1ew3ljiUvfH_ul3o4/s320/Espi%C3%B5es+-+silva+carvalho.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">A</span></b><span style="font-size: large;">conteceu um dia
desses em Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. Eu tinha viajado a
trabalho, como de costume. Talvez você não saiba, mas sou jornalista, embora
isso não queira dizer muita coisa. Bom, era noite. E eu tinha acabado de fechar
algumas matérias para o jornal. Estava cansado. Precisava relaxar. Foi aí que resolvi
dar um pulo no bar da esquina pra tomar uma cerveja e arejar um pouco as
ideias. Mas não pretendia demorar muito. Afinal, queria voltar a tempo para ver
a minha novela das nove. Por isso, pedi apenas uma gelada e um pequeno
aperitivo. Iscas de peixe. Adoro iscas de peixe, ainda mais com um limãozinho
por cima. Enfim, eu estava querendo aliviar as tensões. Ficar tranquilo. Nada
de estresse. Mas a vida é dura e às vezes o pastel vem estragado.</span></span><br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Na mesa da
frente, havia um sujeito esquisito. Magro, alto, cabeçudo. Feio pra cacete. Fumava
um cigarro atrás do outro. De vez em quando me olhava, como se quisesse puxar
conversa. Eu fingia que não via. Queria silêncio, paz, cerveja e iscas de peixe.
Nada de papo. Queria ficar na minha. Na hora, pensei: hoje dou conversa apenas pra
Scarlett Johansson, e ainda assim só se ela pagar a conta. Eu estava cansado. Mas
o magricela começou a olhar insistentemente, como quem está prestes a falar
alguma coisa. Primeiro perguntou se a fumaça do cigarro dele atrapalhava. Respondi
que não. Na verdade, nem falei. Só balancei a cabeça, pra não encorajar o cara.
Não teve jeito. Depois, quando me dei conta, o chato já falava pelos cotovelos.
O tempo, o calor, as nuvens. Começa assim. Puta merda! </span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não me leve a
mal, mas no quê o senhor trabalha? – perguntou ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sou
jornalista. – pensei em dizer que era pistoleiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Hum... Interessante.
Então você deve lidar com muitas informações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Algumas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Deve ser um
homem que sabe de muita coisa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O suficiente. –
tentei usar respostas monossilábicas, na esperança de que ele desistisse de falar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Bom, eu também
trabalho com informações. Informações que talvez possam lhe interessar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E o quê poderia
me interessar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tenho vídeos e
documentos secretos. Coisa quente. De gente importante. Comprometedores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É mesmo? De quem,
por exemplo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Guardo comigo
segredos graúdos de ministros do STF.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sei... do
Supremo? – o cara era maluco. Com aquele papo de doido, só podia ser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sim. Do
Supremo. Sei muita coisa também envolvendo o alto escalão do governo. Informações
que podem derrubar muita gente e abalar o regime.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Entendo. E por
que resolveu contar isso logo pra mim? – resolvi entrar no jogo do magricela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Fui com a sua
cara. Essas informações poderiam ser úteis pra você, já que é jornalista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E do que se
trata? – só podia ser brincadeira. Acabei dando corda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não posso
dizer aqui. Temos que marcar um encontro, em outro lugar. Aí lhe passo o
material.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sei... –
desconfiei que o sujeito quisesse me comer. Ou, no mínimo, me roubar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Posso anotar
seu telefone e email? – insistiu o cabeçudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Claro. – ditei
número e endereço falsos. Tenho apenas a cara de besta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É coisa
pesada. Garanto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Imagino. Como
consegue as informações?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Tenho meus
contatos. Pessoas certas, nas horas e locais certos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Muitas
informações podem fazer de você um homem perigoso. – insinuei. Já me divertindo
com o maluco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Perigoso para
quem?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Depende das
circunstâncias. Mas você é quem deve saber. Lembre-se que coisas desse tipo
também fazem de você um alvo. – falei sério, com o rosto fechado, embora estivesse
explodindo em gargalhadas por dentro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Isso é um
aviso pra mim?! – ele se assustou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não, não, não.
Fique tranquilo. Eu não mando avisos. Eu sou o aviso. – dei uma de James Bond.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você é
esperto, mais do que eu imaginei. – o magricela sorriu. Faltavam-lhe três dentes,
pelo menos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não tanto
quanto você, eu suponho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, quer
saber a verdade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Trabalhei para
o Mossad por três anos. Você sabe o que é o Mossad, não sabe? – foi a gota d’água.
Definitivamente, o cara era maluco. De todo modo, pus a mão na faca em cima da
mesa e pedi a conta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Claro que sei.
Mas, se me permite, posso lhe fazer uma última pergunta?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Sim. À
vontade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Conhece aquele
ditado popular que diz: “o peixe morre pela boca”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Isso agora é
uma ameaça pra mim, não é? – ele esbugalhou os olhos, assustado novamente. Enquanto
respondia a pergunta, fui levantando lentamente da cadeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você não
deveria falar demais, muito menos para alguém que nem conhece direito. Mas
fique tranquilo. Você não vai morrer hoje. Não pelas minhas mãos. Até outro
dia. – toquei o ombro dele e sai do bar, com um sorriso no canto da boca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Um espião do
serviço secreto israelense em Mossoró?! E ainda por cima banguela?! Francamente.
Amadores... essa gente não se emenda.</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-4892610318826079012012-11-04T00:47:00.000-03:002012-11-04T10:50:46.958-03:00“Conversas” com Deus...<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo da Silva<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6id-Y2MCnqxd1Z8WYqtBwB7yPcw70g4hKOQ98vVWd6cpnQZyHkGbVIJgLGwngPOMwu58Ji0F5rS8M-uQ6HUGgMCZqudlSFXO5dp164Bugzp6o69RdOqiNB9I3KN7k-RlGdUFtU6L5t7o/s1600/AS+COBRAS+1.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="110" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6id-Y2MCnqxd1Z8WYqtBwB7yPcw70g4hKOQ98vVWd6cpnQZyHkGbVIJgLGwngPOMwu58Ji0F5rS8M-uQ6HUGgMCZqudlSFXO5dp164Bugzp6o69RdOqiNB9I3KN7k-RlGdUFtU6L5t7o/s400/AS+COBRAS+1.gif" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">R</span></b><span style="font-size: large;">eclamam do meu ateísmo. Sem razão.
Ninguém pode me acusar de não ter tentado falar com Deus. Durante muito tempo,
busquei manter algum tipo de comunicação. Insisti dia e noite. Nunca houve
resposta. Nem mesmo um sinal de fumaça. Ou até, quem sabe, uma imagem no fundo
da xícara de café. Se existisse, ele mesmo seria testemunha do meu esforço para
encontrar um canal. Bom, de todo modo, transcrevo agora alguns dos momentos em
que tentei estabelecer uma conversa com Deus. Em vão. E olha que eu aceitaria
um retorno ainda que fosse da assessoria, hein!</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"></span></div>
<a name='more'></a><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large; text-align: justify;">- Olá! Deus, o senhor está aí?</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Longuíssimo silêncio, cortado apenas
pelos "cri-cris" dos grilos.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Bom, deve ter ido ao banheiro...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>//</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olá! Oi! Já voltou? Deus, o senhor
está aí?! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Silêncio... muito silêncio...) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Do you speak english?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Só os grilos... cri... cri... cri...)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, eu sei libras, se o senhor
preferir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>//</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Deus, se você existe, então que um
raio caia na minha cabeça. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Segundos depois, pensando melhor.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Espera aí! Deixa eu sair de perto do
computador primeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>//</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ok, tudo bem. Vamos lá. Vamos falar
sério. Deus, se o senhor existe mesmo, então faça com que eu receba um aumento
de salário agora! Tô precisando tanto...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Meia hora mais tarde... e o chefe não
apareceu com a boa notícia.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, pode ser só a reposição da
inflação, tá? Oi? Deus?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>//</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Chega! Cansei! Deus não existe! O
senhor é uma farsa!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(No banheiro, 5 minutos depois.) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Maldita prisão de ventre! Ai, meu
Deus, me ajude! Era brincadeira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>//</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha só, Deus. Tô cansado desse
esconde-esconde. O senhor não acha que já passou da hora de responder as minhas
investidas? Não acha que mereço ao menos uma resposta as minhas provocações?
Sei lá. Diga pelo menos um “Não enche, garoto! Vai te catar!”. E aí? Como é que
é?! Tô esperando...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Silêncio torturante... e nada
novamente.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>//</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É... Assim fica difícil. Vou ter que
apelar. Deus, se o senhor realmente existe, então que eu fique igual ao Brad
Pitt agora mesmo, nesse exato momento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Muitos minutos depois... nenhuma
alteração.)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olha, pode ser o George Clooney
também. Não me incomodo, tá? Não quero parecer tão exigente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Horas mais tarde... e minha aparência
permanecia a mesma.)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- É... pelo visto vou continuar a cara
do Tio Chico, da Família Addams.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>//</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Olá, Deus. Tudo bem? Olha só, eu
prometo que se o senhor der um jeito nessa diarreia que estou tendo nesse
momento, eu nunca mais vou duvidar da sua existência. Juro que nunca mais farei
provocações, nem farei piadinhas de mau gosto. Pode ser?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Vários minutos depois... e a diarreia
persistia.)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- E aí? Como é que é?! Se demorar mais,
vou acabar desidratando. Qualé! Eu já pedi desculpas. Prometo que vou mudar.
Quebra essa pra mim, por favor. A coisa tá feia aqui embaixo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Mais outros longos minutos se passaram...
e nada aconteceu.)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Nossa, como o senhor é rancoroso,
hein! Tomara que o cheiro aqui do banheiro esteja chegando aí em cima, ouviu?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>//</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Bom, última tentativa. Vamos ver se
saímos do zero a zero. Deus, se o senhor for torcedor do Flamengo, então fique
calado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">(Silêncio profundo. Silêncio de espaço
sideral.)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ahaa! Eu sabia! Dá-lhe, Mengão!
Meeeeengoooooo!</span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-40915745466630190282012-10-14T00:24:00.000-03:002012-10-15T10:35:29.291-03:00As lamúrias de um careca<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por João Paulo da Silva<o:p></o:p></span>
<br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisf42qci2R6UN4yl_EBbOKtAy_jVHtrSSgnceZkNaHORoKIKE4r33pFxciaUupA8FdHGMZoIM18iyfjpa64SRDfzlxXr7cboRd8iLG1uPytz-vFU-4iYGGbVLkAAFpKM3ENnUzKLdxfuw/s1600/careca04.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisf42qci2R6UN4yl_EBbOKtAy_jVHtrSSgnceZkNaHORoKIKE4r33pFxciaUupA8FdHGMZoIM18iyfjpa64SRDfzlxXr7cboRd8iLG1uPytz-vFU-4iYGGbVLkAAFpKM3ENnUzKLdxfuw/s200/careca04.jpg" width="164" /></a></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><b><span style="font-size: x-large;">D</span></b><span style="font-size: large;">iante do espelho, observo com
dolorosa tristeza a enorme vaga que a calvície deixou em meu cocuruto. É de
dilacerar o coração, confesso. Constatar que esta minha superfície nua já fora
em outros tempos uma área de vasta cabeleira é realmente pavoroso. Perder os
cabelos é como ser desmembrado, quase como perder um órgão vital. Não creio que
esteja cometendo exageros. Os que sofrem do mesmo infortúnio sabem do que estou
falando. Ficar careca é angustiante!</span></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Eu tinha lindos cabelos. Eles
eram lisos e “mais negros que a asa da graúna”. Costumava usar um corte estilo
“cuia”, todo redondinho. Parecia mais o Tibicuera, aquele índio tupinambá do
Érico Veríssimo. Fazia sucesso. Todo mundo queria passar a mão no meu cabelo.
As garotas adoravam. Ah! Meu lindo cabelinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Tudo começou ainda na
adolescência. Eu devia ter uns quinze anos quando os primeiros fios começaram a
cair. No início, eu nem dei muita bola. Os médicos diziam que era normal o ser
humano perder por dia entre 50 e 100 fios. Fiquei tranquilo. Por pouco tempo, é
claro. Foi na escola que uma colega avistou atenciosamente o prelúdio da minha
desgraça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ô, João? – disse ela – Tu vai
ficar careca!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">A infeliz sentava atrás de mim.
Podia ver a retaguarda do meu cocuruto. A frase ecoou na minha cabeça como os
tambores do Apocalipse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Do que você está falando?! Quem
vai ficar careca aqui?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você, ué? A não ser que tenha
virado monge franciscano, esse buraco que tá começando a aparecer atrás da sua
cabeça me parece princípio de calvície.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os cabelos estavam por toda
parte. No travesseiro, na toalha, na pia do banheiro. Passei a contar todos os
fios que encontrava pelo caminho. Fiquei paranóico. Minha mãe tentava me
convencer de que eu não estava ficando careca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Meu filho, isso é paranóia da
sua cabeça. – dizia ela passando a mão pelos meus cabelos e percebendo o tufo
que se desprendera.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Fui a um montão de
dermatologistas e recebi de todos a mesma resposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Não tem cura, garoto. No máximo
um tratamento para retardar a queda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas não era o que eu queria. Eu
queria era não ficar careca. Simples. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Fiz uma porção de tratamentos.
Comprei xampus das mais variadas cores e cheiros, loções capilares com aromas
horrorosos. Até uma mistura com alho e gengibre feita pela vizinha curandeira
eu tentei. Tudo em vão. Eu achava que tinha irritado alguma força poderosa,
quem sabe os mestres do universo, ou talvez algum “deus dos cabelos”. Com
certeza que não. No fundo, eu sabia quem era o culpado por toda minha angústia.
Meu pai. Sim, o velho nessa época já tinha uma calva muito grande. Havia uma
herança para mim. E não era dinheiro. Passei um tempão com raiva do meu pai.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- A culpa é sua, pai! – dizia eu
olhando angustiado para o espelho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Minha? Por quê?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Quem mandou o senhor ser
careca?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Agora danou-se tudo! Vá
reclamar com seu avô! Ele também é careca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Percebi que o problema era um
pouco mais complicado. Havia mesmo era um legado do mal. Descobri algo muito
pior que o destino: a genética! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">O tempo passou. Eu fui crescendo
e a calvície avançava sem tréguas. Em pouco tempo, começou a devastar também
minha área frontal. Eu não tinha mais forças para lutar no front. O inimigo me
encurralara. Mas eu não estava disposto a me render.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Tentei a tática da dissimulação.
Quis fingir que nada estava acontecendo. Esquecer mesmo, sabe? Ora, perder os
cabelos não era o fim do mundo. Também não deu certo. A resistência não durou
mais que uma semana. Havia um elemento surpresa com o qual eu não contava: as
pessoas. Tem sempre uns engraçadinhos que adoram tirar sarro da desgraça
alheia. Estão entre eles amigos e parentes. O ser humano é um bicho maligno!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ô careca! Pouca telha! Virou um
caminhão de peruca ali na esquina. – diziam os amigos do trabalho entre
gargalhadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Meu filho, tão novo e já tá
ficando careca. – observava uma tia (é sempre uma tia!).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Careca! Cabeça de ovo! –
gozavam os primos pequenos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Nunca superei completamente a
“fuga” dos meus cabelos. Hoje, olhando criticamente para o espelho e pensando
na vasta experiência que tenho em calvície (e bota vasta nisso!), me pego
refletindo acerca dos problemas da minha categoria: os carecas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Como calvo que sou, compreendo
perfeitamente as lamúrias de nossa existência. Não é todo careca que se dá bem
com sua careca. Não são todos os homens que têm a sorte de ficarem parecidos
com o Sean Connery quando perdem os cabelos. É muito cruel você se olhar no
espelho e descobrir que se transformou no José Serra. Bate logo uma depressão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">As pessoas também não ajudam. Há
muito tempo que os carecas são tomados como ponto de referência nas ruas de
muitas cidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Amigo, por favor, como faço pra
chegar na Rua Íris Alagoense? – pergunta um sujeito a outro bem na Praça do
Centenário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- O senhor vai por aqui direto.
Quando chegar naquela esquina, onde tá aquele careca, o senhor dobra à direita
e segue em frente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Como se não bastasse, a sociedade
ainda inventou algumas frases para ridicularizar os carecas. Coisas assim: “é
dos carecas que elas gostam mais” ou “as piores cabeças Deus cobriu com
cabelo”. Isso só piora a situação. Acaba afetando a auto-estima da pessoa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Outro dia eu conversava com uma
amiga anarquista sobre minha depressão capilar. Ela me dizia:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Você tem que parar de se
preocupar com esses estereótipos, João. Tem que se libertar!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ela tem lindos cabelos ruivos.
Não me aguentei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Que conversa de estereótipo é
essa?! Queria ver se fosse com você! Raspe esse seu cabelo e fique numa boa! É
cada uma que me aparece.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ter uma careca não é nada fácil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Admito que o porquê da calvície
me atormenta, mas é mesmo a falta de solução para o problema que me desgraça. Tanto
progresso científico pra nada! Ônibus espacial, viagem à lua, viagem a Marte,
energia nuclear, clonagem etc, etc, etc... Estamos no século 21! Cadê, então, a
cura para a calvície?! A indústria farmacêutica não está nem aí para os
carecas. Pouquíssimas foram as vezes que tomei conhecimento de uma possível
solução para tamanha infelicidade (a peruca não conta!). Me lembro de uma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Um laboratório nos EUA havia
desenvolvido uma pílula com propriedades de restauração do crescimento capilar.
Na hora fiquei eufórico. Pensei até que meu martírio tinha chegado ao fim.
Bobagem. O remédio tinha efeitos colaterais. Tomando a pílula, a restauração
era praticamente garantida. No entanto, havia um problema: o sujeito poderia
ser vitimado pela impotência sexual. Aí eu fiquei puto! De que adiantava ganhar
em cima, e perder embaixo?! Desisti. Alegria de careca dura pouco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pode ser que depois de mais
alguns anos eu me acostume. Mas até lá vou ficar na bronca. Estou pensando,
inclusive, em fundar uma entidade. A ACA (Associação dos Carecas Anônimos).
Sairemos todos pelas ruas com caixas de papelão na cabeça. Faremos grandes
passeatas exigindo do governo mais verbas para as pesquisas sobre calvície (se
é que existe isso!). E se o povo nos acompanhar podemos até tomar o poder. Fundaremos
a República dos Carecas. São planos futuros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Outro dia, comprovei que todo
castigo pra careca é pouco. Eu caminhava pelo centro da cidade quando cruzei
com um velho amigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Diga, João! Quanto tempo,
rapaz! Como vai essa força?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Vai indo, vai indo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">Me preparei para uma provável
piadinha sobre minha careca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Ô, João? – lá vem chumbo,
pensei – Tu tá ficando barrigudo, hein!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Quem? Eu? Barrigudo?</span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-40672379760312383482012-09-23T14:05:00.000-03:002012-11-11T23:43:35.207-03:00O apartamento<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Por João Paulo da Silva </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN2PvulPwSMYc0oupYHPcqjDfNhBFhg1N7Im5aq5fX7ZpkCE25UHAQXRsSMyIR2BtQq00fQs-kJbLhgruPIvKimlnD1t4_Un0QLbyZePem23CfoLZJyUdP5tA3WeQ3GrOkX-PpwlEqnqw/s1600/003386.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="185" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN2PvulPwSMYc0oupYHPcqjDfNhBFhg1N7Im5aq5fX7ZpkCE25UHAQXRsSMyIR2BtQq00fQs-kJbLhgruPIvKimlnD1t4_Un0QLbyZePem23CfoLZJyUdP5tA3WeQ3GrOkX-PpwlEqnqw/s320/003386.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: x-large;"><b>E</b></span>le passava por ali todos os dias. Desde
que ela fora embora, aquilo se tornara uma constante em sua vida. Era parte de
seus dias e noites. Uma necessidade inabalável, como comprar o pão todas as
manhãs ou tomar um banho todas as noites, mais para limpar a alma do que o
corpo. Ficava ali, em frente ao antigo prédio dela, com os olhos presos à
janela do apartamento. Esperava um sinal qualquer, um aceno, uma lâmpada acesa.
Qualquer coisa que lhe permitisse compreender que podia subir, tocar a
campainha, entrar no apartamento e beijar-lhe a boca pela primeira vez. Mas
não. Não haveria luz acesa, nem aceno, nem qualquer tipo de sinal. Há meses ela
não vivia mais ali.</span></span><br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Para ele, ficaram apenas as lembranças e
as possibilidades, imagens soltas e turvas do que viveram juntos e também
daquilo que não tiveram tempo ou coragem para viver. Agora, como um velho de
oitenta anos parado sobre o ponteiro das horas, ele pensa no hiato em que se
transformou sua vida. O vácuo. O vazio. A garganta do monstro que insiste em
não devorá-lo. Olhando a fachada do prédio, ele pode jurar que sente o cheiro
dela. Um cheiro doce, trazido pelo vento, como naqueles dias em que ela subia
as escadas deixando pra trás o perfume. A fragrância adocicada fez suas
recordações ganharem mais cor, se transformando em quadros recém-pintados. Em
tinta fresca.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Diante da escuridão da janela, as
imagens daquela tarde foram surgindo aos pingos. Ali, no quarto dela, sentados
frente a frente. As caixinhas de som do computador tocando Doce Vampiro, da
Rita Lee. Comendo jujubas, ela o encarava como se quisesse despi-lo. “Venha me
beijar, meu doce vampiro” – cantarolava, bastante convidativa. Colocou uma
jujuba entre os lábios e ofereceu a ele. As bocas se tocaram por um breve
momento, tempo suficiente para ele perceber o quanto era bom ser mortal. O
olhar terno que ela lhe lançou depois revelou que não eram duas esferas verdes
que existiam naquelas órbitas. Eram dois enormes labirintos. E nunca foi tão
bom se perder neles.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">As luzes de Natal e as crianças
brincando formavam o único quadro de coisas vivas na frente do prédio. Quando a
chuva começou a cair com força, todas as criaturas correram para seus abrigos.
Ele procurou uma árvore grande para se amparar, sempre protegendo o envelope
que tinha nas mãos. O frio da noite lhe fez sentir um estremecimento. Lembrou
do dia, muitos meses atrás, em que voltavam pra casa. Sentada ao seu lado no
ônibus, ela repentinamente aproximou a boca do seu rosto e lambeu-lhe atrás da
orelha. Ele estremeceu, como que atingido por uma golfada de vento. Riram.
Daquele dia em diante, sempre que estavam no ônibus, ele pedia para que ela lhe
lambesse a orelha.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Mas, agora, com o olhar fixado no aviso
de “aluga-se”, as lembranças parecem mais saraivadas de balas contra o peito.
Tantos foram os dias em que ele deitou a cabeça em seu regaço, querendo apenas
os afagos daquelas mãos. Foram confissões, segredos, pecados, angústias e
solidões trocadas. Uma cumplicidade que só os amantes possuem. Nunca foram ao
cinema juntos. Mas viram alguns filmes comendo pipoca e bebendo vodca com Fanta.
Faziam juras de amor.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Um dia ela falou que ia embora. Não dava
mais pra ficar. Andava sofrendo muito e achou que assim seria melhor. Até já
tinha se afastado dele nos últimos tempos, estava diferente. Não queria criar
problemas, era o que ela dizia. Não podiam andar juntos, nem mesmo podiam ser
vistos juntos. Acabou indo embora. Na despedida, apenas se olharam. Talvez
nunca mais voltasse.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">A chuva começou a diminuir. Foi ficando
rarefeita, assim como as lembranças que se diluíam ao tocar o asfalto do
passado. Com os olhos ainda pregados no apartamento escuro, ele se deixou tomar
por fantasmas daquilo que não aconteceu. Um flashback do “se”. Saudades do que
poderia ter sido, mas não foi. Muitas foram as vezes em que ficaram só se
olhando. Dias e noites que poderiam ter sido resolvidos com um único gesto.
Frases que murcharam antes mesmo de saírem da boca.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">A saudade é um privilégio dos povos de
Língua Portuguesa. Os americanos, por exemplo, não sentem saudade. Sentem falta
de alguma coisa. Antes de atravessar a rua, era nisso que ele estava pensando.
Na saudade da vida que nunca teve. Dos beijos que nunca deu. Das noites que não
dormiu. Das cartas que não escreveu. Do amor que nunca fez. Era um homem pela
metade, incompleto. Um náufrago em terra firme.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Com o envelope nas mãos, subiu devagar
as escadas que há muito tempo não subia. Aproveitou o percurso até o apartamento
para cantarolar Doce Vampiro. Lembrava com nitidez o número. Parou diante da
porta. Olhou pela última vez o que tinha escrito dentro do envelope. Duas
palavras apenas. Foi o mais sincero possível. Não assinou o bilhete. Não era
preciso. Ela entenderia quando voltasse. Passou o papel por baixo da porta e
desceu as escadas.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;">Ao sair do prédio, ele podia jurar que
havia sentido um cheiro doce vagando na noite.</span></span><br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Times,"Times New Roman",serif;"><span style="color: #990000;"><b><i>Obs.: Em tempos de correria e falta de tempo, republico um dos meus favoritos.</i></b></span></span></div>
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<![endif]-->João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-13512614773178120512012-09-09T02:12:00.000-03:002012-09-09T02:12:30.471-03:00Primeiros passos<div align="justify"><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;">Por João Paulo da Silva<br />
<br />
</span><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjywCrlp2CiQ0gsxm1C3s7Y2aQg9PK2IHeR6rUF6NWbCm5vJOiDf9_KCATS5dTVQ5m08ZFF4N61RGyiKRn9MsW4rJmK0CEtpeKuog9Pc-bokzYT5xo8OnZRQomQc3UjFXXU6PnPtgN2xSBM/s1600/gajp.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5786040051416126050" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjywCrlp2CiQ0gsxm1C3s7Y2aQg9PK2IHeR6rUF6NWbCm5vJOiDf9_KCATS5dTVQ5m08ZFF4N61RGyiKRn9MsW4rJmK0CEtpeKuog9Pc-bokzYT5xo8OnZRQomQc3UjFXXU6PnPtgN2xSBM/s400/gajp.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 400px; margin: 0 0 10px 10px; width: 238px;" /></a><span style="font-size: 180%;"><b>O</b></span>utro dia, li na internet que cientistas da Universidade de Liverpool resolveram olhar novamente antigas pegadas na Tanzânia e descobriram que um dos nossos ancestrais mais primitivos, o Australopithecus afarensis, já andava de pé, completamente ereto, assim como o homem moderno. Pesquisas anteriores mostravam que essa característica teria surgido apenas nos primeiros Homos, há 1,9 milhões de anos. Agora, já se sabe que a história não caminhou bem por aí. Ok. E que importância tem essa descoberta? Bom, tem muita, porque os pesquisadores acreditam que a forma ereta de caminhar foi determinante para que nossa espécie saísse da África e ganhasse o mundo. “Sebo nas canelas! Pernas para que te quero!”, devem ter dito na época. Ao modo deles, é claro.<br />
</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;">O feito do Australopithecus ocorreu há cerca de 3,7 milhões de anos, mas parece que foi ontem. De certo modo, é como se estivéssemos sempre dando os primeiros passos na vida e descobrindo, encantados, aonde nossas pernas podem nos levar. Cruzamos cidades, países, continentes. E em breve estaremos cruzando planetas. Pernas foram feitas para caminhar. Nós entendemos bem o conceito e demos extensões a elas. Extensões que nos levaram a lugares que nem mesmo o mais avançado Australopithecus poderia imaginar. E pensar que tudo isso começou com um primitivo e primeiro passo em pé, ereto. Era nisso que eu estava pensando quando vi meu filho, de apenas dez meses, repetir pela primeira vez a conquista de nossos antepassados, numa reprise da aurora da humanidade.<br />
<br />
Os primeiros passos de pé de um bebê marcam o início da autonomia. Caminhar dá a ele a chance de transpor limites. É diferente das demarcações de engatinhar. Engatinhar é rastejar-se. E rastejar não tem nada a ver com autonomia. É bonitinho nos bebês, mas é pouco para uma espécie que já pisou na lua. Fico imaginando o que passou na cabeça do meu filho no instante em que conseguiu equilibrar-se sobre as suas duas e ainda frágeis pernas e dar os primeiros passos. Difícil dizer. Difícil até dizer se pensou em algo, diante de tanto deslumbramento. Mas posso fazer conjecturas sobre o que vi em seu rosto, como aquela mistura do medo de cair e a vontade de seguir andando. Típica característica da coragem humana. A ousadia comum dos que se lançam ao desconhecido.<br />
<br />
Caminhar não é fácil, e meu filho aprendeu isso da única forma possível. Caiu, levantou, voltou a cair, chorou, ergueu-se outra vez. Apoiou-se nas paredes, nos meus braços e tentou novamente. Não desistiu porque sabia que estava próximo. Os primeiros passos foram inseguros, desequilibrados, mas obstinados. A cada avanço sozinho, um triunfo, um sorriso. Por isso, quando conseguiu, era como se quisesse dizer: “Olha, pai, o que eu sei fazer!”. Estava alegre e orgulhoso de si mesmo. Já confiante e mais equilibrado, parecia um daqueles navegadores do século XV, cheios de altivez por cruzarem os oceanos em barquinhos de madeira. Achou que estava pronto e descuidou-se. Acabou caindo de novo, provando que a empáfia é um dos maiores obstáculos para quem deseja ir muito longe. Mas ele terá tempo para aprender.<br />
<br />
Agora, depois de andar, começa a fase da correria. A dele e a minha. Porque, como todos sabem, há um estranho mistério no universo que é responsável pela implacável atração magnética existente entre as quinas das coisas e a cabeça das crianças. Vou precisar de pernas novas.</span></div>João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-85622365519104081432012-09-02T21:54:00.005-03:002012-09-02T21:58:47.334-03:00Sem saúde<div align="justify"><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;">Por João Paulo da Silva </span></div><br />
<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbzV6QZFXukeORSZlX53b4Dtv5HhFSnqx_VrYf06Ss767F_dclGhohxMrqWqa1TKTdh43WN09bM0yjN-alMCPU13a9yHaC2nCrrKLpTbcy7kkFoI14b34e67VoLIQWT-Y1oGaoFQMivFw/s1600/saude.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5536864682190154450" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbzV6QZFXukeORSZlX53b4Dtv5HhFSnqx_VrYf06Ss767F_dclGhohxMrqWqa1TKTdh43WN09bM0yjN-alMCPU13a9yHaC2nCrrKLpTbcy7kkFoI14b34e67VoLIQWT-Y1oGaoFQMivFw/s320/saude.jpg" style="float: right; height: 320px; margin: 0px 0px 10px 10px; width: 288px;" /></a><span style="font-family: times new roman;"><span style="font-size: 130%;"><strong><span style="font-size: 180%;">S</span></strong>e você não é o Eike Batista, não é dono de banco, não acertou na loteria, vive de salário (principalmente se for o mínimo), é pobre ou está desempregado, então seja bem-vindo ao clube. Você e eu fazemos parte de um “seleto” grupo de milhões de brasileiros que não têm acesso aos serviços mais básicos para qualquer ser humano. Assim como numerosos outros companheiros, você e eu não temos direito a uma boa alimentação, a boas roupas, boa moradia, boa educação, boa saúde e um imenso etc., tão longo quanto a Muralha da China.</span></span><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;"><br />
</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;">Quando não nos negam tudo, nos negam a qualidade de tudo. E isso só acontece porque você e eu, além de mais da metade do país, não temos dinheiro suficiente. Ou, na pior das hipóteses, não temos nem o suficiente. No Brasil e no mundo, a lógica do “pegue e pague” se impõe. Quem não tem como pagar fica à mercê do público. E o público, como se sabe, é sabotado pelos governos justamente para não funcionar e jogar você e eu nas mãos do privado, ou da privada. </span></div><div align="justify"><br />
<span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;">Veja, por exemplo, o meu caso. Dia desses descobri, da pior forma possível, que eu tinha cálculo renal (popularmente conhecido como pedra nos rins). Tive uma crise dolorosa, mais parecia que estava parindo, e fui levado para um hospital público. Depois de um rápido exame de urina, o médico que me atendeu constatou o que a dor já havia anunciado. Em seguida, ele pediu um raio-x do abdômen para ver o tamanho do “problema” e decidir qual tratamento aplicar.<br />
<br />
- Mas você vai ter que fazer na clínica particular aqui ao lado. A máquina do hospital está quebrada. – falou o médico.<br />
- Quebrada? Há quanto tempo, doutor?<br />
- Ah... deixa ver... 2, 3, 4, 5... ahhh... Bom, deixa pra lá. Há muito tempo.<br />
<br />
Resultado? Novas consultas, exames e tratamento não puderam ser feitos no setor público. Meu cálculo renal não podia esperar seis meses por uma consulta especializada nem meu bolso aguentaria pagar novos exames particulares sempre que fossem solicitados. Mas não havia com o que se preocupar. Os planos de saúde já estavam de braços abertos, esperando por mim com todo carinho e atenção. E lá fui eu para o privado. Fiz um plano caro e tratei logo de marcar uma nova consulta. O médico passou uma bateria de exames, dos quais eu só pude fazer a metade. A outra parte, a carência do plano impedia. Mas isso eu só descobri na hora.<br />
<br />
- Sinto muito, o plano do senhor ainda não permite a realização de raio-x do abdômen. – disse a atendente do laboratório.<br />
- Como não?! Por quê?<br />
- Porque a doença do senhor é preexistente. Ou seja, o senhor já tinha cálculo renal quando fez o plano.<br />
- Mas é claro que eu já tinha! Só fiz o plano porque fiquei doente e a saúde pública não funciona, ora! Se não tivesse doente, não tinha feito o plano, cacete!<br />
- Pois é, senhor. Nesse caso, por causa da carência do plano, o senhor só poderá fazer o raio-x do abdômen daqui a 24 meses. Mas o senhor já tem direito a raio-x do antebraço.<br />
- E pra quê que eu quero raio-x do antebraço, moça?! Eu estou doente é dos rins!<br />
- Infelizmente, só quando o plano de saúde completar 24 meses.<br />
- Mas daqui a 24 meses eu não terei mais pedra nos rins, moça. Terei é o Everest nos rins! Isso é um absurdo! A gente paga a saúde privada porque a pública não funciona. Aí quando precisa usar o serviço privado, que já está pagando, não pode usar! Que loucura, meu Deus!<br />
- Todo plano de saúde tem sua carência, senhor. É uma garantia financeira para as seguradoras.<br />
- Garantia do quê?! De que eu não vou usar todos os serviços e depois dar um calote em vocês?!<br />
- Exatamente.<br />
- Ah! Então, agora eu sou caloteiro?! Era só o que me faltava.<br />
- Acalme-se, senhor. Aceita uma água, um cafezinho?<br />
- Aceito. Mas vão servir agora ou daqui a 24 meses?! Hein, hein!<br />
<br />
Como não poderia ficar sem tratamento nenhum, procurei uma senhora que vende umas ervas no centro da cidade. Ela me vendeu uma planta para fazer um chá e disse que era tiro e queda contra cálculo renal. É um escândalo, eu sei. Mas se você não é pobre, não está desempregado, não vive de salário, e ainda por cima é o Eike Batista ou um banqueiro, então não precisa se preocupar. Essa não é a sua vida.</span></div>João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-82157353751842857642012-08-19T21:09:00.001-03:002012-08-19T21:12:41.583-03:00Os símbolos da decadência<div align="justify"><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;">Por João Paulo da Silva<br />
<br />
</span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3NZCMz8CUwLVWODiKyPF0hC-rbXyMChpNY0doIjA9p25eoqWbJRbV689xd9lyVnS7chB1khL2YsiMQ7eIczuHTGeECDAjNzLYohQErkCHeUA_DQQSE1t_kF62lKZhJjvqEl6DEFTdaVg/s1600/benett-horarioEleitoral.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5778533006602702722" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3NZCMz8CUwLVWODiKyPF0hC-rbXyMChpNY0doIjA9p25eoqWbJRbV689xd9lyVnS7chB1khL2YsiMQ7eIczuHTGeECDAjNzLYohQErkCHeUA_DQQSE1t_kF62lKZhJjvqEl6DEFTdaVg/s320/benett-horarioEleitoral.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 320px; margin: 0 0 10px 10px; width: 279px;" /></a><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;"><span style="font-size: 180%;"><b>A</b></span> propaganda eleitoral gratuita na TV me diverte e desespera ao mesmo tempo, embora me pareça que quando a inventaram a função não fosse exatamente a de garantir entretenimento ou desânimo para milhões de brasileiros. Há algo de errado nisso tudo, eu sei. Quer dizer, algo não. Tudo mesmo. Da política econômica à falsa democracia. Mas não se pode negar que muitos candidatos estão mais para personagens folclóricos do que para postulantes a um cargo público. Parte da disputa eleitoral oscila entre o cômico e o absurdo, numa caricatura teatral da decadência.<br />
</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;">Na verdade, eu tenho uma teoria sobre esses tipos medonhos que durante as eleições nos divertem pela telinha da TV. Esses candidatos possuem uma determinada função social: a de arrancar risadas dos que vão passar os próximos anos chorando por causa das políticas aprovadas em todas as esferas do poder. É uma forma de usar o ridículo para entorpecer. Ou, na melhor das hipóteses, tudo não passa de esculhambação. Mas deixemos as análises de lado por um momento e vejamos os tipos mais comuns nas eleições. Fiz uma pequena lista. Segurem as tripas.<br />
<br />
<b>O Biográfico:</b> é o candidato que acredita que sua história de vida daria mais que um livro. Daria até voto. <i>“Amigo eleitor, sou Aderbal dos Grudes. Nasci na baixa da égua, mas morei e me criei na capital. Sou formado em Ciências Econômicas, fiz mestrado e doutorado em Gestão Pública. Sou casado e tenho dois filhos. Há vinte anos sou professor universitário, ao longo dos quais publiquei três livros, todos traduzidos para cinco idiomas. Por isso, nestas eleições, não se engane. Vote em quem tem história, e não em quem conta estória.”</i>.<br />
<br />
<b>O Crente:</b> pretensiosamente, é o candidato direto do Todo Poderoso na Terra. <i>“Meus irmãos evangélicos, mais uma vez entro numa batalha contra gigantes, assim como Davi. Recebi um chamado de Deus para esta missão. Sou candidato para ampliar o império do Senhor Jesus aqui na Terra. Essa é uma guerra que precisamos vencer, pois o inimigo está sempre por perto atentando os cordeiros de Deus. Vote no pastor Agenor, o candidato do Senhor. A mão do Pai está aqui e a minha no bolso de vocês.”</i>.<br />
<br />
<b>O Família:</b> é o candidato que põe toda a família no programa para falar das qualidades dele como chefe de casa. Em geral, o sujeito é apresentado como bom pai, bom marido e o programa sempre termina com um dos filhos dizendo “votem em papai”. Depois de eleito, põe toda a família em cargos de comissão.<br />
<br />
<b>O Mudo:</b> esse é um clássico. Passa o programa inteiro em silêncio ao lado de alguém que diz as razões pelas quais devemos votar no candidato. É tão ruim que nem ele mesmo tem coragem de se apresentar. <i>“Caro eleitor, esse aqui é o Rodinei. Homem honesto, trabalhador, pai de família. Esse eu conheço desde criança. Possui vários projetos na área da educação e da segurança. É a sua alternativa nestas eleições. Não se esqueça. Vote no meu amigo Rodinei. Nesse, eu confio.”</i>.<br />
<br />
<b>O Pedinte:</b> esse é o candidato mendigo. Já começa pedindo ajuda. Pra ele, claro. <i>“Meus amigos e minha amigas, me ajudem a chegar lá. Só peço uma chance, me dê um voto de confiança. Muitos já passaram e não fizeram nada. Agora chegou a minha vez. Com a sua ajuda, vamos mudar a minha realidade. Digo, a nossa realidade.”</i>.<br />
<br />
</span><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;"><b>O Garçom:</b> é o candidato cujo ofício sempre foi servir às pessoas. E por isso mesmo julga-se o melhor candidato, já que servir é a principal característica de um político. Servir a quem? Aí já é outra história. Depende de quem pagou a campanha.<i> “Olá, sou o garçom Ademar. Há trinta anos trabalho servindo em restaurantes. Agora, quero servir ainda mais na política. E me servir também, né?! Porque aquelas gorjetinhas que recebo não estão com nada. Por isso, vote em quem sabe servir.”</i>.</span><br />
<span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;"><br />
<b>O Amoroso:</b> é o candidato que acredita que só o amor pode mudar o mundo e é por isso que, estranhamente, deseja entrar para a política. <i>“Você sabe o que falta para os outros gestores públicos? Amor, meus amigos. Uma administração sem amor não pode resolver os problemas da população. Eu tenho uma vida que sempre se pautou pelo amor às pessoas e o carinho pelos mais pobres. No meu governo, a prioridade vai ser o amor. Vou fazer amor com as secretárias, as copeiras, as assessoras...”</i>.<br />
<br />
São os símbolos da decadência. Acredito, realmente, que o fim deve estar próximo. Arrependei-vos enquanto há tempo.</span></div>João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-30935837390629179142012-08-12T23:53:00.001-03:002012-08-13T00:46:03.049-03:00Dia do “papá...”<div align="justify"><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;">Por João Paulo da Silva<br />
<br />
</span><span style="font-family: times new roman;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKYcUKOOCwF0FTN3PMCeMRmIBIBThHb44fzA0-ov_mtMq1Y4sJGi7Ny17GXibWee5fi7A-9PYdGA5iVnMGod7nJ8CEnA51VLuCH1bC6_HeHV2Ub2ObWqEA0UYeTPrEIInqwrqUxTo_TLU/s1600/dia+dos+pais.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5775997960808684930" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKYcUKOOCwF0FTN3PMCeMRmIBIBThHb44fzA0-ov_mtMq1Y4sJGi7Ny17GXibWee5fi7A-9PYdGA5iVnMGod7nJ8CEnA51VLuCH1bC6_HeHV2Ub2ObWqEA0UYeTPrEIInqwrqUxTo_TLU/s320/dia+dos+pais.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 240px; margin: 0 0 10px 10px; width: 320px;" /></a></span><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;"><span style="font-size: 180%;"><b>A</b></span>os 27 anos, meu primeiro dia dos pais... como papai, é claro. Até dizem que já tenho cara de pai. Aliás, cara e corpo de pai. Há quem afirme que eu dei uma engordada e que estou caminhando para o cultivo daquela barriguinha saliente, presente na vida de todo pai que se preze (ou se despreze). Mas isso não passa de futrica alheia. Ainda não estou nestas condições, muito embora a calvície, que também é uma aflição paterna, já avance as fronteiras do aceitável. Minha aparência não me incomoda, da mesma forma que não me incomodaria se eu fosse um pai parecido com o Hugh Jackman. Fisicamente falando. A verdade, porém, é que a chegada do pequeno João Gabriel mudou para sempre os meus dias. Agora, além de comemorar o dia dos pais do lado daqueles que ganham presentes, também sou acordado todas as manhãs ao som das sílabas mais bonitas da língua portuguesa. Cinco e tanta da madrugada, vem a voz do berço me chamar: “papá, papá...”. Ser pai é viver em completo estado de abestalhamento.<br />
</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;">As comemorações do meu primeiro dia dos pais me renderam boas lembranças, lindos presentes e uma terrível fadiga muscular. No sábado, a creche do meu filho fez uma confraternização entre os pais das crianças, com direito a café da manhã natureba e partida de futebol. Meu time venceu por sete a zero. Eu mesmo não marquei nenhum gol, mas dei vários passes precisos com minha perigosa perna esquerda. Joguei no meio campo, que é o lugar dos craques. Meu cérebro privilegiado abriu caminho para a vitória. Modestamente, claro. Mas tudo isso só foi possível porque, por baixo da camisa do time, eu vestia o manto rubro-negro do Mengão.<br />
<br />
No mais, foi um jogo tranqüilo. Houve apenas um momento em que a festa quase terminou mal. Como joguei sem os óculos, tive certa dificuldade para distinguir a bola da barriga dos adversários. Num lance confuso, acabei chutando a pança do zagueiro do outro time, que estava caído no chão após receber um drible desconcertante. Se eu não tivesse argumentado que era míope, tinha dado rolo. Sabe como é que é, né?! Não pega bem bater em deficiente físico. Foram só quarenta minutos de bola rolando. O fim do jogo precisou ser antecipado, sob risco de haver um infarto coletivo. Entretanto, considerando o grau de conservação dos outros pais, posso até dizer que estou no nível de um atleta de triátlon.<br />
<br />
Ao final da brincadeira, recebi o presente do meu filhote João Gabriel. Uma tela amarela com a impressão da mão dele em azul. É verdade que estava um pouco borrada, parecendo mais a patinha de um pato com mal de Parkinson. A professora explicou que ele ficava abrindo e fechando a mãozinha, lambuzando tudo. Mas eu compreendi totalmente a situação. Há em meu filho um artista impressionista em formação. As pessoas ainda não percebem, obviamente. Mas ser pai é isso. É ver mais do que os outros podem ver.<br />
<br />
Parabéns aos papais trabalhadores, que se sacrificam para que os filhos sejam melhores do que os próprios pais. Parabéns para as mamães que também são papais. E parabéns, em especial, ao meu papai, que me deu o primeiro livro que li na vida. Feliz dia do “papá...”.<br />
<br />
E que essa fadiga muscular passe logo...<br />
</span></div>João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-27478240382212395452012-07-29T21:34:00.000-03:002012-07-29T21:34:42.420-03:00A verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho<div align="justify"><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;">Por João Paulo da Silva<br />
<br />
</span><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtX5bqTvtoFvYxH9yEJjNqcvOG4yy32dWB-xamz9fUapvafAy2WEeIkogenRLyygwmVfbNQV5cld7yaziNn9Olp_erZWfBDUkCUMPzc9eWIgrtc9rxGHgZB3olThsDKcsuo4lH_wWe2mwZ/s1600/7990chapeuzinho.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5770753551408202962" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtX5bqTvtoFvYxH9yEJjNqcvOG4yy32dWB-xamz9fUapvafAy2WEeIkogenRLyygwmVfbNQV5cld7yaziNn9Olp_erZWfBDUkCUMPzc9eWIgrtc9rxGHgZB3olThsDKcsuo4lH_wWe2mwZ/s320/7990chapeuzinho.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 240px; margin: 0 0 10px 10px; width: 320px;" /></a></span><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;"><span style="font-size: 180%;"><b>M</b></span>achista declarado, talvez até incorrigível, o Gilmar é o tipo de sujeito que não perde a chance de soltar uma piadinha infame. Pode perder tudo. Os amigos, a namorada, a vergonha na cara, o respeito. Só não perde a piada. Por pior que seja. E parece que a situação ficou ainda mais absurda depois que o Gilmar descobriu um livro que conta as autênticas origens dos contos de fadas. Falando assim, ninguém acredita. Mas, segundo o Gilmar, as histórias da carochinha são, na verdade, tramas fantásticas que envolvem traição, sexo e violência.<br />
</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;">Na semana passada, para minha surpresa, recebi por e-mail um texto no qual o Gilmar “revela” a verdadeira e cabeludíssima história de Chapeuzinho Vermelho. Se você tem menos de 18 anos, desligue o computador, tome seu leitinho e vá dormir. Abaixo, transcrevo o texto na íntegra. Mas cuidado! O Gilmar não tem escrúpulos.<br />
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“Quero esclarecer, antes de qualquer coisa, que a única personagem dessa história que realmente é dona de um caráter honrado é o Lobo, pois do começo até o final ele diz que vai comer a vovozinha, que é mau e pronto! Não nega em momento algum sua natureza.<br />
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Como todos sabem, Chapeuzinho Vermelho morava numa bela casa com sua mãe, mas o que a história não conta é que seu pai era caixeiro-viajante e, dificilmente, parava em casa. Certa feita, com o marido viajando, a mãe de Chapeuzinho aproximou-se tensa da filha e, tropeçando nas palavras, disse:<br />
- Chapeuzinho, por que não vai levar uns docinhos para a vovozinha?<br />
- Outra vez, mamãe?! Não faz nem dois dias que eu fui lá.<br />
- Ora essa, menina! Vai me desobedecer? E depois não custa nada você ir novamente.<br />
- Tá, tudo bem. Eu vou. Mas não sei qual o motivo de querer que eu a visite tantas vezes.<br />
- Não é nada demais. – disse a mãe, ainda mais nervosa – E não demore nem mais um minuto aqui. Vá indo, vá!<br />
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Por que a mãe de Chapeuzinho tinha tanto interesse que a filha fosse ver a avó? Por que gostava muito da velha? Por que não queria ser enquadrada por maus tratos no estatuto do idoso? Errado! Então, por quê? Muito simples. Naturalmente, porque queria ficar sozinha em casa, estava esperando alguém. E quem era esse alguém? Provavelmente o amante, o pé-de-pano, com quem ela traía o pobre do marido. Se estivesse realmente interessada no bem estar da velha, teria ela mesma levado os docinhos.<br />
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Quando Chapeuzinho já estava de saída, sua mãe gritou do quarto:<br />
- E não se esqueça! Vá pelo bosque. É o caminho mais longo, mas é o mais seguro. Se for pela floresta, você pode ser apanhada pelo Lobo Mau.<br />
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Agora você deve estar imaginando que a mãe de Chapeuzinho estava preocupada com a segurança da filha, não é? Errado de novo. Ela queria mesmo é que a filha demorasse bastante para voltar. Só assim teria tempo de sobra para aproveitar com o amante.<br />
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Mas enganam-se aqueles que pensam que só a mãe era quem tinha desvios de comportamento. Chapeuzinho não ficava nem um pouco atrás. Ela não era nenhuma criança, como contam as outras versões. Chapeuzinho já era uma adolescente, estava na puberdade. Hormônios a todo vapor, pelinhos nascendo, aquele calorzinho entre as pernas e por aí vai. Estava mesmo era descobrindo o sexo, e também tinha lá seus fetiches. Chapeuzinho não desobedeceu sua mãe e foi pela floresta porque era preguiçosa não! Foi porque queria realmente ser pega pelo Lobo. Achava o perigo excitante. Aquela mata selvagem e aquele sujeito peludo habitavam os seus sonhos mais eróticos.<br />
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Ela saltitava excitadíssima pela floresta quando de repente apareceu em sua frente o Lobo Mau.<br />
- Para onde vai, garotinha? – quis saber o Lobo.<br />
- Vou levar uns docinhos para minha vovozinha, seu Lobo. – respondeu Chapeuzinho com voz dengosa.<br />
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Bom, essa parte da história você conhece. O Lobo arquiteta um plano, chega primeiro na casa da vovozinha, come a velha e espera Chapeuzinho na cama, já fantasiado. Batem na porta. Toc, toc. Vem a voz de dentro da casa:<br />
- Quem é?<br />
- Sou eu, vovó. Sua netinha.<br />
- Entre.<br />
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Já diante do Lobo, Chapeuzinho fala:<br />
- Te trouxe uns docinhos.<br />
- Tire a roupa! – diz o Lobo.<br />
- Como?<br />
- Isso mesmo! Não perca tempo, tire logo a roupa!<br />
- Mas e as preliminares?<br />
- Sem essa de preliminares, o caçador vem aí. Vamos!<br />
- Assim eu não quero.<br />
- Você não tem o que querer. Vamos logo!<br />
- Nossa! Que boca grande!<br />
- É pra te comer!<br />
- Vem, Malvadão.<br />
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E Chapeuzinho foi comida.<br />
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Depois de ter comido a vovó e a Chapeuzinho Vermelho, o Lobo Mau foi fazer a sesta, tirar o sono dos justos. Enquanto roncava alto, alguém começava a se aproximar. Era o caçador. Atrasado, como de costume. Agora por que é que ele chegou atrasado? Por que perdera a hora? Por que ainda fora passar seu uniforme de caçador? Ou por que devia estar na casa da mãe de uma certa menina de capuz vermelho? Isso mesmo, caro leitor. Ele era o amante!<br />
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Aproximou-se na ponta dos pés, apontou a espingarda e disparou com o Lobo ainda dormindo. Que traição! Canalha! O pobre Lobo morreu como um mártir, um verdadeiro herói. Agora você deve estar imaginando que essa história tem um final feliz, não é? Sinto muito em informar, mas o desfecho é trágico. Uma verdadeira tragédia!<br />
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Depois de ter sido retirada da barriga do Lobo, junto com sua avó, Chapeuzinho Vermelho descobre que sua mãe resolveu fugir com o caçador, abandonando tudo que tinha, inclusive o corno. Ia viver uma aventura lá pelas bandas da floresta. Revoltada e desiludida com os seres humanos, Chapeuzinho foge de casa e vai morar com a avó. A avó, por sua vez, abre um bordel, onde Chapeuzinho Vermelho é obrigada a trabalhar como prostituta. Anos mais tarde, é encontrada morta no banheiro com os pulsos cortados. Suicídio! Suicidara-se de desgosto e de saudades do Lobo, o grande amor de sua vida.<br />
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Fim.”<br />
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Assim que terminei de ler o texto, fiquei chocado. Imediatamente, enviei uma resposta ao Gilmar, dizendo que achava tudo aquilo um tremendo absurdo. Ele estava destruindo a singeleza de uma das mais belas histórias da literatura universal, além – é claro – de estar assumindo uma postura machista.<br />
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No dia seguinte, o Gilmar me responde o e-mail:<br />
<i>“Sei que você deve estar assustado e incrédulo com tudo isso, mas é a mais pura verdade. Quer dizer, a mais suja verdade. Não acredita em mim, não é? Pensa que tudo não passa da imaginação fértil de um pervertido qualquer, não é? Está enganado! Se não acredita, então me diga por que é que Branca de Neve tinha que se perder justamente numa floresta e encontrar logo a casa de sete anões? Por que não sete anãs? Hein?! Hein?! Responda!!!”</i>.<br />
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É fato. O Gilmar não tem escrúpulos. E depois dessa também não tem mais jeito.</span></div>João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1597280535424061822.post-53053875897690571342012-07-22T02:03:00.001-03:002012-07-22T10:42:16.383-03:00Confissões<div align="justify"><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;">Por João Paulo da Silva<br />
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</span><span style="font-family: 'times new roman';"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3RkVqMmcKECmCs7oD2yqc0V6dkAj2Bzz5EVg6mYnKgPJLR7z7FYJ-iMPbpvmEap5ajvBY6fRlEK-l1bVpoulRHhfdo9JeOzd-aXMmP8Le0_6gutUdKPou0SLUtJn457SM_z_3b4uY6bE/s1600/Padre+Ped%25C3%25B3filo.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5767853657249089410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3RkVqMmcKECmCs7oD2yqc0V6dkAj2Bzz5EVg6mYnKgPJLR7z7FYJ-iMPbpvmEap5ajvBY6fRlEK-l1bVpoulRHhfdo9JeOzd-aXMmP8Le0_6gutUdKPou0SLUtJn457SM_z_3b4uY6bE/s320/Padre+Ped%25C3%25B3filo.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 317px; margin: 0 0 10px 10px; width: 320px;" /></a></span><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;"><span style="font-size: 180%;"><b>F</b></span>ui criado sob a égide do catolicismo. É claro que meus pais não perguntaram se eu gostaria de ser católico. E nem poderiam. Na época eu ainda nem falava. E mesmo que falasse não seria ouvido. Já cheguei até a imaginar a cena. Minha mãe perguntaria:<br />
- O bebê da mamãe vai ser católico, não vai?<br />
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E eu, com poucos meses de vida, responderia:<br />
- Nada disso! Sou um ateu convicto! Deus não existe.<br />
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<a name='more'></a><span style="font-family: 'times new roman'; font-size: 130%;">Meus pais trocariam olhares temerosos e incrédulos.<br />
- E agora, Antônio?! O menino é ateu! – diria minha mãe.<br />
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Meu pai daria a sentença.<br />
- É melhor sacrificar.<br />
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É claro que se trata de uma situação hipotética. Puramente imaginária.<br />
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O certo é que o catolicismo em minha vida foi de fato uma imposição. Assim como a escolha de meu nome também o foi. Me deram o nome do Papa do momento: João Paulo. Certo. Tudo bem que é um nome santo. Mas nada original.<br />
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Mamãe foi quem assumiu a tarefa de me catequizar. Confesso que nunca fui um bom católico. E isso se deu mais por incompetência de minha parte do que por qualquer outra coisa. Eu até tentei, não vou mentir. Só que não deu certo. Mamãe me levava todos os domingos à missa numa igreja no bairro do Farol, onde morávamos. Eu era obrigado a vestir um traje esporte fino, a roupa domingueira. “Vê se não amassa a roupa que é pra não ficar feio!” – dizia mamãe. Eu nunca aprendi direito todas aquelas orações. Nem mesmo sabia quando era pra ajoelhar ou ficar de pé. Era um terror. Mamãe ficava doidinha.<br />
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O padre dizia algo e todo mundo ficava de pé. Eu permanecia sentado.<br />
- Se levanta, menino! – resmungava mamãe.<br />
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Assustado, eu levantava.<br />
O padre dizia outra coisa e todo mundo ajoelhava. E eu de pé.<br />
- Se ajoelha agora, menino!<br />
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Era o sinal apocalíptico de minhas futuras heresias. Pobre mamãe.<br />
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Para evitar novos transtornos, fui fazer catecismo. Forçado, claro. As aulas aconteciam aos sábados pela manhã, e os desenhos animados da TV representavam minhas tentações mundanas contra o Espírito Santo. “É preciso aprender os dogmas religiosos para realizar a Primeira Comunhão.” – afirmava mamãe. Tive de aprender.<br />
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Minha primeira grande heresia aconteceu durante uma missa, aos dez anos de idade. Há muito tempo eu já havia percebido que, num determinado momento da celebração, as pessoas faziam fila para receber um tipo de “comida” das mãos do padre. Como eu estava com fome, também entrei na fila. Quando minha mãe percebeu, já era tarde. Pus a hóstia consagrada na boca sem nunca ter me confessado. E o pior: mastiguei! Minha mãe quase teve um treco.<br />
- Menino! Pelo amor de Deus! Você ainda não pode comungar, não! Cospe já! Não! Não cospe não que é pecado! Para de mastigar, criatura! Isso é o corpo de Deus! Ai, meu Jesus santíssimo!<br />
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Eu não falei pra não deixá-la mais irritada. Mas o gosto era horrível.<br />
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Minha ruptura com o catolicismo, com a religião e, conseqüentemente, com Deus se deu de maneira gradativa, através de pequenas “revelações”.<br />
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Todas as noites, ao pé da cama, eu rezava.<br />
- Senhor Deus, abençoe e proteja todas as pessoas do mundo. Mas não se esqueça daquela bola de futebol que eu pedi. Amém.<br />
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Ou então:<br />
- Deus, faça a Pâmela se apaixonar por mim. Ela é da 6ª série e namora um bocó da 8ª. Por favor, não se esqueça. Amém.<br />
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Enfim, foram inúmeras as tentativas. E, no fim das contas, nada da bola. Nem da Pâmela. Mas a mais contundente revelação foi como um soco no estômago. Diante de tanta fome e miséria no mundo, eu pedia:<br />
- Deus, se o Senhor é mesmo tão poderoso, acabe logo com toda essa desgraça. Não deixe as pessoas morrerem de fome. Amém.<br />
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Na minha cabeça, funcionava assim: para um sujeito que tinha feito o mundo todo em sete dias, acabar com a fome e a miséria seria coisa de criança. No entanto, o tempo passava e nenhuma mudança ocorria. Só anos mais tarde eu iria descobrir uma frase do Millôr Fernandes que resumiria bem meus pensamentos daquela época. “Se tudo isso que está aí é realmente obra de um Deus-Todo-Poderoso, que patife!”. Bom, depois o marxismo se encarregaria do resto.<br />
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Mas se existe um acontecimento realmente marcante na minha curta vida de católico este se deu no momento da Primeira Comunhão. Um pouco antes, pra falar a verdade. Eu tinha concluído o catecismo e precisava fazer minha primeira confissão. Do contrário, não receberia oficialmente o corpo de Deus (que eu já havia mastigado!).<br />
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No dia da confissão, havia uma fila enorme de pequenos pecadores. Todos prontos para receberem o perdão do Senhor. Nem preciso dizer que eu não tinha a menor idéia do que fazer ali. Não havia decorado as orações nem sabia que pecados confessar.<br />
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Quando chegou minha vez, entrei no confessionário me borrando de medo. Mais do padre do que de Deus.<br />
- Bom-dia, meu filho. – disse o sacerdote.<br />
- Bom-dia, padre. – respondi.<br />
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Um rápido silêncio se meteu entre nós.<br />
- Vamos lá, filho. Pode ficar à vontade. Conte-me seus pecados.<br />
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“E agora? O que que eu falo?” – pensei.<br />
- Então... – incentivou o padre.<br />
- Bem, seu padre... É que... eu... eu briguei com meus irmãos, respondi a minha mãe, bati no meus colegas da escola e menti pra professora. Foi isso.<br />
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O sacerdote espremeu os olhos. Parecia estar me examinando, parecia querer ler meus pensamentos. Demonstrando impaciência e desconfiança, falou:<br />
- Meu filho. Você já fez safadeza?!<br />
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Pensei em correr. Mas não o fiz.<br />
- Não, padre. Não. Nunca fiz não. Não sou menino de ficar fazendo essas coisas. – respondi sem saber exatamente o que ele estava perguntando.<br />
- Me deixe ver suas mãos.<br />
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Estendi as mãos.<br />
- Humm... – fez ele, analisando as palmas.<br />
- O que foi? – perguntei.<br />
- Esses calos... Não sei, não.<br />
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Silêncio.<br />
- Tudo bem. Pode ir. Mas reze lá fora vinte padres-nossos.<br />
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Saí do confessionário quase em disparada. Nem rezei. Só depois de um tempo foi que descobri a razão da desconfiança do padre. E percebi que era infundada.<br />
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Não sei se é verdade. Mas contam que certa vez o Freud foi pego na maior saia justa. Em seus estudos sobre os sonhos, o médico austríaco disse que quando sonhamos com objetos cilíndricos ou pontiagudos estamos na verdade desejando o órgão masculino. Baseado nessa informação, alguém perguntou ao Freud no meio de outras pessoas se o charuto que ele fumava seria a representação do pênis no momento do sexo oral. O esperto doutor Freud teria respondido o seguinte:<br />
- Veja, meu rapaz. Às vezes um charuto é apenas um charuto.<br />
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Se no dia de minha confissão eu conhecesse essa história, teria dado a seguinte resposta ao padre:<br />
- Veja, seu padre. Às vezes um calo é apenas um calo.<br />
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Ora essa! Imaginem só. Fazendo safadeza?! Logo eu?!</span></div>João Paulo da Silvahttp://www.blogger.com/profile/11615843377564538559noreply@blogger.com1