domingo, 23 de agosto de 2015

Mudar de casa e arrumar o quarto

Por João Paulo da Silva

Viver é mudar de casa e arrumar o quarto. A gente sempre perde e encontra algo pelo caminho. É um grande “achados e perdidos”. A vida é o que deixamos cair do caminhão da mudança. O que ficou esquecido na casa velha. O que reencontramos quando damos uma geral no quarto. As coisas, as pessoas, as convicções, os amores.

O que é e o que poderia ter sido. Aquilo que escapou pelos dedos. O que estava perdido, mas foi reencontrado. Na bagunça, nas gavetas, entre os livros, cadernos, fotografias, CDs antigos. Somos escolhas e acidentes. A esperança da segunda chance, do reinício, do tente outra vez. Porque mudar e arrumar são imperativos.

terça-feira, 4 de março de 2014

O pavor cega

Por João Paulo da Silva

A violência urbana tem causas sociais profundas. Ela não dá em árvore. Ninguém nasce bandido. Assaltos, agressões e homicídios aterrorizam as pessoas, é verdade. A revolta é compreensível e justa. Mas é impossível discutir uma solução para o problema sem questionar o modelo de sociedade que temos. Uma pergunta inescapável: aonde poderia nos levar uma sociedade cuja natureza é gerar exclusão social, miséria e a mais absoluta desassistência dos direitos mais básicos?

domingo, 16 de fevereiro de 2014

O espetáculo do absurdo e a apoteose da canalhice

Por João Paulo da Silva

De dentro dos palácios do poder, parece que havia uma torcida organizada. Talvez em função do clima de Copa do Mundo, eu acho. Governos, setores da imprensa e um Congresso Nacional com vocação para a canalhice cruzaram todos os dedos, das mãos e dos pés, à espera de uma “justificativa” que respaldasse a histeria da mídia e o “balé quebra nós” do Estado contra as manifestações populares.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Paciência

Por João Paulo da Silva

Na porta do banheiro, o pai tenta convencer o filho de dois anos a tomar banho.

- Vamos, filho. Hora de ir pro chuveiro.
- Não, papai. Não quero.
- Mas tem que ir, filho.
- Por quê?
- Porque você está sujo.
- Por quê?
- Porque está suado.
- Por quê?
- Porque você estava correndo, brincando na rua...
- Por quê?
- Ai, meu Deus... Filho, vai pro chuveiro.