Por João Paulo
da Silva
Broxar é normal.
Acontece. Quer dizer, desde que não aconteça sempre ou na maioria das vezes. Mas
se esse é o seu caso, sugiro que procure um médico rapidinho. Existem muitos tratamentos
eficazes contra a disfunção erétil (é feio falar impotência sexual). Entretanto,
se você já ficou sozinho com a Scarlett Johansson dentro de um elevador, ela te
dando o maior mole, e mesmo assim o tesão não veio, então desista. É melhor
aposentar o “falecido” e ir criar passarinho no interior de Minas. Não insista.
Vai ser vexame atrás de vexame. De todo modo, dar uma broxada ou outra na vida não
é motivo para tanto desespero assim. Acontece com os melhores pintos.
O Mateus e a Susana andavam de caso há uma semana. Era pouco tempo. Se esbarraram numa festa, trocaram telefones e saíram algumas vezes. Ainda estavam se conhecendo, pessoal e sexualmente falando. Então, o Mateus sugeriu um jantar romântico na casa dele. Luz de velas, vinho, uma massa. Poderiam conversar bastante e depois passar a noite juntos. Ela concordou.
O Mateus e a Susana andavam de caso há uma semana. Era pouco tempo. Se esbarraram numa festa, trocaram telefones e saíram algumas vezes. Ainda estavam se conhecendo, pessoal e sexualmente falando. Então, o Mateus sugeriu um jantar romântico na casa dele. Luz de velas, vinho, uma massa. Poderiam conversar bastante e depois passar a noite juntos. Ela concordou.
- Olha, não sabia
que você cozinhava tão bem. – elogiou a Susana.
- Não fiz nada. Penne
ao pesto qualquer um faz.
- E essas
velas?! E esse vinho?! Delicioso. Está tudo tão lindo. Você é um fofo.
- Que bom que
você gostou. Pelo visto acertei no jantar.
- E como
acertou! Adoro esse romantismo, tão em falta nos homens ultimamente.
- Bom, então começamos
bem. – ele sorriu.
- É verdade. No que
mais será que a gente combina, hein?! Me fala do que você gosta.
- Ah, não sei. Gosto
de tanta coisa...
- Música?
- Ah... Jazz.
- Blues. Praia
ou cinema?
- Cinema.
- Prefiro cinema
também. Religião?
- Ah... eu sou
ateu.
- Tudo bem. Sou meio
agnóstica. Verão ou inverno?
- Primavera.
- É melhor
mesmo. Sexo com a luz acesa ou apagada?
- Curto uma
meia-luz. Pra criar um clima.
- Ai, que lindo.
Tá falando sério?
- Te juro.
- E política? Você
gosta?
- Sim. Não posso
me dar ao luxo de não gostar.
- Eu também. Em
quem você votou na última eleição?
- Naquele cara
da esquerda.
- No candidato
do PT?!
- Não. No cara
da esquerda mesmo. Acho que era o...
- Eu votei no
Serra.
- No José Serra?
- Sim. Ele
mesmo. Sempre votei nele.
- Hum...
- Algum problema?
- Não. Nenhum.
- Vinho branco
ou tinto?
- Tinto.
- Ah, que bom! Adoro
tinto. Seco ou suave?
- Demi-seco.
- Você não
existe. Viu como a gente combina?!
E foi assim
durante boa parte do jantar. Papo animado. Garrafa do vinho esvaziando. Quando se
deram conta, estavam os dois agarrados, rolando nus na cama. Beijo no pescoço, língua
no ouvido, mão em cima, mão embaixo, morde aqui, chupa ali. E nada de o Mateus
apresentar as armas. Aí a Susana estranhou.
- O que foi? Não
tá gostoso?
- Não é isso. É que
não estou conseguindo.
- Por quê? Você nem
bebeu tanto assim.
- Eu sei. Não foi
a bebida.
- E o que foi
então, Mateus?! Fiquei feia por acaso?
- Não. Você é
linda. Maravilhosa. Um espetáculo.
- Então vem pra
cá, vem. Deixa eu dar uma animadinha em você. – e o agarrou com as pernas.
- Não. Espera. Para.
Não vai rolar. Não vou conseguir.
- E por que não vai
conseguir, cacete?!
- Porque você
votou no Serra! Não consigo transar com alguém que votou no Serra! Pronto.
Falei.
- Mas que
bobagem é essa agora?! Vai misturar sexo com política?! Uma coisa não tem nada
a ver com a outra, Mateus.
- Eu sei que não
tem. Só que eu fiquei com isso na cabeça. Olha, aceito tudo. Menos o Serra.
- Mas você não vai
transar com o Serra! Vai transar comigo, cacete!
- Não é assim tão
simples, Susana. É estranho. Tente me entender. É como se o Serra estivesse
aqui na cama também, olhando a gente, sabe? Aquela careca, aquele rosto,
aqueles dentes. Meu Deus! Eu não consigo!
- Você é louco. Eu
vou embora. – e começou a se vestir.
- Não! Espera. Não
vai, por favor. Fica aqui comigo. Vamos ver um filme. Quem sabe se a gente
conversar sobre outro assunto... Tem certeza de que você votou no Serra?!
- Adeus, Mateus.
- Não, Susana. Não
vai embora. Não me deixa falando sozinho.
- Você não tá
sozinho. O Serra não tá aí? Conversa com ele. Tchau.
2 comentários:
Muito bom! É sempre divertido e prazerosamente ler tuas crônicas! Mas ninguém merece o pesadelo do Serra na cabeça kkk
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