sábado, 8 de dezembro de 2007

O Natal que Lula deu a Renan

Por João Paulo da Silva

Ele pode dormir tranqüilo. Já recebeu seu presente de Natal. Antecipando as festas natalinas, o Governo e o Senado resolveram presentear Renan Calheiros (PMDB-AL). Sim, porque foi indiscutivelmente um presente. “Nunca na história deste país” um presidente da República interpretou tão bem um personagem.

Lula “Noel” – como vai ficar conhecido de agora em diante – brindou o fim do ano com a impunidade de Renan. Desceu a chaminé do Senado e deixou um peru de Natal na meia do ex-presidente da Casa. A absolvição de Calheiros da acusação de comprar meios de comunicação através de “laranjas” é mais uma prova de que a justiça não é cega. Tem visão aguçada e faro fino para prender trabalhadores negros e pobres. E, mais recentemente, aprendeu a manter uma menor de idade numa cela com homens. Enquanto isso, um parlamentar corrupto pode fazer a rapina do dinheiro público tranquilamente. O Senado que livrou mais uma vez a cara de Renan e a Justiça que não condena ricos comprovam cinicamente o caráter de classe dessas instituições.

Mas o presente que Lula deu a Renan é fruto de um acordão. Na acusação de ter contas pagas por um lobista, o governo utilizou desde chantagem até liberação de verbas para salvar Calheiros. Desta vez, a moeda de troca foi a CPMF. Se Renan fosse cassado, o PMDB ameaçava não aprovar a prorrogação do imposto do cheque. “Faz sentido, não faz?” – chegou a dizer o senador Gilvan Borges (PMDB-AM). Os conchavos e as negociatas são práticas típicas da democracia dos ricos. Bandidos sabem lidar com bandidos. Estão em casa.

Olha, eu não vou dizer que essa nova absolvição foi uma palhaçada. Seria uma ofensa aos palhaços de circo que ganham a vida fazendo os outros rirem. Mas vou contar uma história que provavelmente vai nos ajudar a entender o ocorrido.

Sou professor de Português numa escola perto da minha casa. Esta semana, durante uma aula sobre substantivos coletivos, fui surpreendido por uma resposta de meus alunos.
- Então, queridos alunos, vamos ver se vocês conhecem os substantivos coletivos. Qual é o coletivo de camelos?
- Cáfila! – responderam todos.
- Muito bem. E o de lobos?
- Alcatéia!
- Perfeito, turma! E o de abelhas?
- Enxame, professor!
- Maravilha! Vocês estudaram, hein! Agora eu quero ver se vocês sabem este. Qual é o coletivo de ladrões?
A resposta foi instantânea.
- Senado! – gritaram todos.
Tá errado? Eu posso dizer que tá errado?! Não, não posso!

Em 2005 manifestantes fizeram uma marcha a Brasília contra a corrupção. Uma das palavras de ordem mais cantadas era: “É ou não é piada de salão! O chefe da quadrilha é o presidente da nação!”.
Mais atual do que nunca.

2 comentários:

Anônimo disse...

Também flerto com suas caricaturização, senhor anedota!
gostei muito desse.

Lari disse...

alguem me disse que ia me fazer uma surpresa, este domingo, no blog. :/