Por João Paulo
da Silva
A mãe do Rodrigo
era supersticiosa, cheia dessas crendices populares que habitam o imaginário de
muita gente. Aí já viu, né? Qualquer coisinha era motivo para um “Deus nos
acuda”, literalmente. O pobre do garoto fora criado em meio a um mundo que
parecia ser governado por forças ocultas e implacáveis. Era como se
determinadas ações acarretassem, inexplicavelmente, consequências
irremediáveis. “Pisar em rabo de gato atrai malefícios”, “deixar tesoura aberta
por muito tempo dá azar”, “coruja que crocita em cima da casa, à noite, é sinal
de morte na família”. Isso só para ficar em alguns exemplos. Mas a mãe do
Rodrigo não mencionava apenas superstições ruins. Por vezes, quando o filho
tinha soluços, ela aconselhava:
- Põe um palito
de fósforo atrás da orelha que isso passa, menino!