domingo, 19 de fevereiro de 2012

Os chatos

Por João Paulo da Silva

Você sabe quem eles são. Com certeza já cruzou com muitos por aí. Eles estão por toda a parte, em todos os lugares. Na fila do banco, dentro do ônibus, no trabalho, numa roda de amigos. Parecem uma praga; se reproduzem tão rápido quanto as moscas. Mas, infelizmente, vivem bem mais do que 30 dias. Talvez você próprio seja um deles. E o pior: provavelmente ainda nem se deu conta disso. Os chatos andam pelo mundo, perturbando a nossa vida, interrompendo os breves momentos de sossego, ou até mesmo aprofundando o estresse diário de todos nós. Os chatos são tão chatos que deveriam integrar a tabela periódica. Estão tão impregnados na sociedade que mereceriam um estudo científico; preferencialmente um que revelasse como eliminá-los. Há chatos de todos os tipos, de vários segmentos sociais. Entretanto, por uma razão óbvia, não vou ficar aqui citando cada um dos espécimes que existem. Isso, por si só, já seria muito chato. Portanto, escolhi algumas das categorias de chatos que mais me incomodam. Vamos a elas.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O charlatão

Por João Paulo da Silva

Tenho uma admiração especial pela charlatanice. Calma. Não me interpretem mal. É a técnica que me atrai. Uma espécie de teoria popular do fingimento, da artimanha. Quando bem dominada e desenvolvida, a charlatanice é capaz, inclusive, de produzir um certo glamour. Dependendo, claro, de quem a emprega. Acho até – de verdade mesmo – que ela deveria ser considerada uma arte. Não deve ser nada fácil dominar o método da enganação. O sujeito precisa ter desenvoltura, ser escorregadio, habilidoso e saber a hora exata de fingir. É uma atividade que exige muito sangue frio. Além disso, um bom charlatão deve passar confiança. A charlatanice não é para qualquer um.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Burocracia

Por João Paulo da Silva

O ano era 2005 e eu tinha acabado de entrar na universidade. Iria cursar jornalismo. No Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas, estava sendo realizada a semana do estudante de comunicação. Numa das salas, havia uma palestra com o professor de Filosofia Ivo Tonet. O tema, se não me engano, era “Socialismo ou Barbárie”. Ou alguma coisa assim. Não lembro bem. O certo mesmo é que o assunto me interessou por razões científicas, ideológicas, apaixonantes e, obviamente, por ser uma encruzilhada extremamente atual. Para ser mais exato, esta é uma questão que nos inquieta desde a época em que o King Kong era apenas um sagüi, como diria metaforicamente o poeta sertanejo Jessier Quirino.