Por João Paulo da Silva
Minha falecida avó costumava dizer:
- Conhece-se um homem mais por suas ações do que por suas palavras.
Vovó só fez até a 4ª série do primário, mal aprendeu a ler e a escrever. Mas sabia das coisas. Era um poço de sabedoria.
Minha falecida avó costumava dizer:
- Conhece-se um homem mais por suas ações do que por suas palavras.
Vovó só fez até a 4ª série do primário, mal aprendeu a ler e a escrever. Mas sabia das coisas. Era um poço de sabedoria.
Certo. Acho que é isso mesmo. Nossas ações parecem dizer muito mais sobre quem realmente somos. Mas... sei lá. Sabe aqueles momentos em que a gente deixa escapar o que pensa sobre determinado assunto? Algo como um arroto do pensamento? Pois é. Essas ocasiões também guardam importantes revelações.
2007 foi um ano definitivo. Repleto de “preciosas declarações” que nos ajudaram a desmascarar – de uma vez por todas – várias figuras do cenário político brasileiro. A principal delas, claro, foi o Lula. Tá, eu sei. Eu sei que você vai dizer que já sabia quem era o Lula. Sabia que ele manteria os planos neoliberais, que continuaria pagando a dívida externa, que cortaria direitos e arrocharia os salários. Certo, certo. Disso eu também sabia. Mas vai dizer que você não ficou nenhum pouquinho “surpreso” com a cara-de-pau do Lula em suas reveladoras frases de 2007? Pois então. Foi por isso que eu selecionei – em homenagem ao ano que findou – 7 belíssimas pérolas que o presidente deixou escapar. Sem nenhum remorso, claro. Ops!
Logo no começo do ano, em março, Lula soltou o seguinte: “Os usineiros de cana, que há 10 anos eram tidos como se fossem os bandidos do agronegócio deste país, estão virando heróis nacionais e mundiais.”. Juro que na hora tive uma taquicardia. Os recordistas do trabalho escravo no país são os usineiros da cana! Como podem ser heróis?! Só se for pra montar uma Super-Liga do Mal. E outra: não consigo imaginar alguns destes “heróis” usando a cueca por cima das calças. Tenho até náuseas.
Dias depois, falando sobre o Collor, Lula disse: “Ele pode dar uma grande contribuição ao país.”. Ora! Mas já deu. Minha poupança que o diga. Ok. Tudo bem. Em se tratando de maracutaia, Collor pode ajudar bastante. É um mestre.
No mês em que se homenageia o dia de luta do trabalhador, o presidente, que já foi um, mostrou sua cara de tucano: “Alguém fazer 90 dias de greve e receber os dias parados (...) deixa de ser greve e passa a ser férias.”.
Greves do ABC. Quem te viu, quem te vê!
No final de junho, assistimos a chacina organizada pelo governo do Rio no Complexo do Alemão. Mesmo com as provas de que houve execuções de jovens negros e pobres, Lula disparou sua metralhadora: “A polícia não está diante de nenhuma pessoa santa. Eu acho correta a atuação do governo do estado do Rio de Janeiro no Complexo do Alemão.”. Positivo, presidente. Então já está mais do que na hora da população pobre das favelas descer o morro e baixar a porrada em deputados, senadores, presidente. Ops!
Depois do vergonhoso troca-troca de cargos e da liberação de verbas arquitetada para salvar Renan Calheiros da forca, Lula declarou: “Eu não faço barganha, faço acordo programático.”. Certíssimo! Barganha é coisa de bandido, ora essa! O que houve foi, de fato, um acordo programático. Baseado num programa para a corrupção, claro. Mas ainda assim um programa.
Em dezembro, Lula mudou. Sobre a CPMF, disse: “Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, mudar de acordo como as coisas mudam”. Todo mundo percebeu a mudança, presidente. Ora, quem não notou que o senhor já não pensa nem age como antigamente? Mudou tanto que ficou irreconhecível. Até mesmo para a dona Marisa. Fico imaginando a cena: a primeira-dama acordando pela manhã e, virando-se para o homem ao seu lado, dizendo:
- FHC?! O que você está fazendo aqui?!
- Que história é essa de FHC, Marisa? Sou eu. O Lula.
- Sério?! Mas não é que eu nem percebi!
Por fim, encerrando o ano com uma patética piada de mau gosto, Lula falou sobre a greve de fome de dom Cappio: “Eu sei o que é greve de fome, dá uma fome danada.”. Não poderia ter sido pior.
Há muito tempo Lula esqueceu o que é uma greve. Há mais tempo ainda esqueceu também o que é a fome. E não é Alzheimer. Garanto.
Há muito tempo Lula esqueceu o que é uma greve. Há mais tempo ainda esqueceu também o que é a fome. E não é Alzheimer. Garanto.
4 comentários:
Além da seu sarcasmo cativante que eu nem preciso comentar, seu texto prende e faz o olhar deslizar as linhas maravilhado com a sua característica incisiva e ao mesmo tempo suave. Sua maledicência é muito justa.
Adoro vc, camarada!
caro João, gostei muito deste texto e tomei a liberdade de publicá-lo no aiegua.com.br, com os devidos créditos. Espero que não tenha feito mal.
Sobre o livro prometido no bate-papo da Bienal, o projeto está encaminhando e dois designer gráficos já toparam trabalhar no projeto. Logo entro em contato com os blogueiros e afins.
Abraços.
Gostei muito das coisas que li em seu blog. Tomei a liberdade de colocar o link no meu perfil do Orkut.
Parabéns!
ótimo texto, cada vez melhor!
bem como você.
..
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