domingo, 3 de fevereiro de 2008

Que vexame, meu Deus!

Por João Paulo da Silva

Um amigo até me falou que era bobagem. Machismo da minha parte e coisa e tal. Eu até concordo. Mas é que... sei lá. Ficou um clima chato, sabe? Maior constrangimento, pô! Fiquei todo sem jeito na hora.

Eu tinha ido ao urologista. O motivo? É melhor poupá-los dos detalhes. Posso dizer apenas que o problema se tratava de uma dor que eu estava sentindo numa região estratégica. Mas a situação era dura, confesso. Sem trocadilhos maldosos, por favor.

O certo mesmo é que fui tomado pelo nervosismo. Me angustiava só de pensar no que o médico poderia dizer. Uma porção de hipóteses passava pela minha cabeça medieval.
- Hum...
- É grave, doutor?
- Grave?! Gravíssimo, meu senhor!
- Ai meu Deus do céu! O que é que eu tenho?!
- O senhor faz sexo regularmente?
- Regularmente? Bom, até as 20 horas funciono regularmente. Depois... já não garanto.
- Hum...
- O que foi?
- Vamos ter que amputar.
- O quê?! Amputar?! Mas por quê?!
- Por falta de uso.

Enfim, eram idéias estúpidas como esta que ocupavam minha mente quando fui chamado pela recepcionista.
- Senhor João? Pode entrar. Sala dois.
Entrei. Todo desconfiado. Mas entrei.
- Muito bem, Seu João. Qual é o problema? – perguntou o médico atrás de uma mesa.
Entre uma gaguejada e outra, fui explicando tudo nos mínimos detalhes. Rapidamente o médico deu o diagnóstico.
- O senhor vai ter que entrar na faca.
- Como assim “entrar na faca”?! – me assustei.
- Vamos ter de fazer uma cirurgia.
- Cirurgia?! Mas o senhor nem me examinou direito! Eu nem mostrei o...
- Nem precisa mostrar. Só pelo que o senhor me falou pude identificar o problema.
- Ahhh não! Mas agora eu quero mostrar. Faço questão.
Um silêncio incômodo se fez. O médico disse:
- Está bem. Pode se despir.
Ao baixar as calças, grande foi a minha surpresa. Enorme, por sinal. Eu não estava achando meu pênis.
- Vamos, rapaz. Pode mostrar. Não precisa ter vergonha. – disse o médico.
Procurei por toda a cueca. Mas... nem sinal dele.
- Calma, doutor. Eu vou achá-lo. Não se preocupe. Até ontem ele estava por aqui! Juro! Ai meu Deus. Que vexame!
Finalmente, com muito esforço, consegui encontrá-lo. Estava muito encolhido. Tinha se escondido quando ouvira falar em faca. Aproximei-me um pouco dele e murmurei:
- Isso é coisa que se faça, rapaz! Olha o vexame! Vamos! Apareça! Com essas coisas não se brinca.

O médico não disse nada. Com certeza notou meu constrangimento. Quis me poupar. Explicou apenas que o procedimento cirúrgico seria simples. Meu problema era ocasionado pelo excesso de alguma coisa. Daí a necessidade de operar. Segundo o médico, eu continuaria sendo um homem normal.

Fui para casa preocupado. Durante uns dias, meu pênis e eu não nos falamos direito. Ele tinha ficado magoado com o que eu disse no consultório. É um sentimental. Semana passada decidi procurá-lo para pedir desculpas. Ele não quis aceitar. Disse que tinha amor-próprio e tal. Essas coisas de gente orgulhosa. Anda agora com umas idéias de separatismo, de independência e não sei quê. Tô meio aflito com essa história toda. Não me parece um bom negócio. Pelo menos para mim, claro.

4 comentários:

Anônimo disse...

E AEW, AFINAL VAI HAVER ACORDÃO NETRE AS PARTES???
JOÃO O SENHOR DÁ UM PRÊMIO, PARA O COITADO, E ELE PROMETE NÃO SAIR DE PERTO DE VOCÊ...
TA VENDO?? É SÓ FAZER IGUAL O GOVERNO, SÓ QUE LÁ O RENAN FICOU SOLTO, MAIS A CPMF... NÉ???
VOCÊ TAMBÉM CORRE ESSE RISCO..

Lari disse...

kkkkkkkkkkkk

muito bom! morri de rir, coisa rara por esses dias! =)

parabéns meu amor, por esse grande mérito!

grande beijo

Anônimo disse...

Fazer piada com uns próprios fardos, hehehehe.
Isso é um dom que você tem.
Gosto muito da maneira que você arranja as palavras. E sinto uma evolução cada vez que entro aqui..

Natália disse...

Precisava espalhar?! Vai ser assim no...
Brincadeirinha. E como disse o Lee, "vc é muito bom falando sobre o que fala. Precisa de coragem mesmo"