segunda-feira, 15 de junho de 2009

Em nome do amor

Por João Paulo da Silva

Aqueles que são românticos incorrigíveis, assim como eu, não os são apenas no Dia dos Namorados, e sim durante o ano inteiro. Confesso que não sou muito sensível a datas criadas unicamente para ganhar dinheiro, mas devo admitir que o dia 12 de junho me deixou meio balançado. Na verdade, foi uma cena nas ruas de Natal que me fez lembrar a emoção que nos traz o primeiro amor.

Era final de tarde. Num ponto de ônibus, vi um rapaz com cara de abestalhado segurando um ramalhete de rosas vermelhas. Aquilo, imediatamente, me levou dez anos atrás, quando arranjei minha primeira namorada. Aos 14 anos, eu não só estava com cara de abestalhado como também fiz papel de abestalhado. Meu primeiro amor foi, ao mesmo tempo, minha primeira desilusão.

Não revelarei o nome da moça por motivos éticos, até porque isso aqui não é espaço pra fofoca (risos cínicos). Namoramos apenas durante um mês e meio. Mas foi o suficiente para que eu descobrisse, cedo demais, que malandro é malandro e mané é mané.

Ela era um docinho, uma jujubinha. Eu estava completamente apaixonado. Moleque inexperiente, achava que havia encontrado o amor da minha vida. Até planos de casamento e filhos eu fiz. Bom, já deu pra notar quem é o mané da história. O certo é que durante um mês eu jurei ser o homem (menino, na verdade) mais feliz do mundo. Mas o povo é triste demais. Não pode ver ninguém alegre que começa a inventar história. Não demorou muito e umas conversinhas foram chegando aos meus ouvidos.
- João, abre teu olho. Fulaninha anda fazendo besteira.
- Escuta, João. Você ainda tá namorando aquela menina?
- Tô. Por quê?
- Nada não. Só curiosidade.

As insinuações foram ficando cada vez mais ousadas. Até que uma tia, com o coração na mão, me revelou tudo.
- É verdade, querido. Ela tem outros.
- Outro?
- Não, meu filho. Outros mesmo. Assim, no plural.

Fiquei em pedaços (clichê de história de amor!). No dia seguinte, pus um ponto final naquela brincadeira toda. Ora, ora. O que ela pensava que eu era?! Algum otário?!

Mas a desgraça maior estava por vir. É como me disseram certa vez: não há nada tão ruim que não possa ficar ainda pior. No fim de semana anterior ao término do namoro, a moça tinha viajado. Ninguém sabia informar para onde, nem mesmo a família sabia (disso eu desconfio, família é fogo!). Porém, eu não demoraria muito para descobrir.

No domingo seguinte, já com tudo acabado, por volta das onze da noite, eu estava mudando os canais da TV quando algo chamou minha atenção. Na época, o SBT tinha um programa, apresentado pelo Silvio Santos, chamado “Em nome do amor”, dedicado a pessoas que queriam namorar. E adivinhem?! Quem estava no programa?! Isso mesmo. Ela. A fulana.

Na hora, eu não sabia se ria ou se chorava. Mas por um lado fiquei tranquilo. Não havia mais nada entre nós e eu tinha certeza de que o programa era ao vivo. No fim, quando o Silvio perguntou se era namoro ou amizade, ela acabou respondendo amizade. Achei bem feito. Para ela e para o banana que a acompanhava.

Eu só fui perceber o tamanho de minha tragédia quando me contaram que, na verdade, o programa era gravado. Sabe aquele fim de semana que ninguém soube dizer onde a moça estava? Pois é. Eu fui o último a saber.

14 comentários:

Salomão Miranda disse...

De certa maneira, o Dia dos Namorados, por mais que tenha sido criado para alguém ganhar dinheiro, nos faz escrever bilhetes e entregar flores. Estas coisas não fazemos todos os dias...

Ei, João, liga não. Nessa idade mais ou menos eu tb fui enganado. Nós ainda nos vingaremos dessas mulheres!

Por último: cadê meus jornaisssss!!!!?????

Abraço!

Isolda Herculano disse...

Menino, aquele programa era uma onda, não?! Até hoje a fórmula dele continua na TV; ou seja: não está gasta. Talvez nós estejamos.

Mas, fiquei com algumas curiosidades no ar. Diga aí, na base da fofocagem mesmo: quantos anos tinha a fulana na época? Para já viajar sozinha e participar de programas adultos... O menino de 14 foi atraído pela experiência da ‘moça’? E por último: sua panela velha não fez comida boa?

Boa história cômica.

Abraço.
Isolda.

Anderson Santos disse...

kkkkkkkkkkkkkkkk

Também odeio essas datas comerciais!

Paulinha Felix disse...

Cara, que desfecho cinematográfico!!!! Adorei!!

kkkkkkkkkkkkkk

danuxa disse...

joão, isso é mesmo verdade? eu leeeembro daquele "em nome do amor" que foi o povo de alagoas. na época ainda tinha o aeroporco!

hauahuahuahuhauhuaauha

foi meio patético eu aqui, morrendo de rir no trabalho com essa história!

=****

Jan Ribeiro disse...

Cachorra! como se faz uma coisa dessas com uma criança de 14!

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

E fazendo uma replica ao meu caro Salombrão que comentou primeiro: meu bem o problema é que nessa idade tudo é lindo, tudo é encantador, tb fui enganada lindamente por um miserável e nem por isso ando culpando os homens por aí! Pior mesmo é crescer e perceber que um romace que valha a pena é uma questão de sorte, MUITA sorte. O pior é que quem é romântico(a) só se lasca mermo...

Gustavo Vasconcelos disse...

O homem sem chifre é um homem indefeso, já dizia alguém que não me lembro.

hehehhe...

E essa história é verídica!

Isolda Herculano disse...

João, gostei muito mais do seu novo layout. Mais limpo, melhor de se ler. A propósito, mudanças na estrutura do blog sempre são um incentivo a mais para que a gente escreva... Portanto, continue a escrever bem, rapaz; que a escrita é sua abra-prima. Além disso, adorei a foto e a fonte escolhida para o título. Caprichou!!!

Abraço.
Isolda.

Anônimo disse...

Aew João!
Parabéns pelo novo visu!

Bjus!

Sandra Sena disse...

Eitaaa João... cadaaa dia que passa as histórias ficam mais engraçadas aquiii... kkkkkk... Malandro é malandro, e mané é mané...hsauahsuahsuahu sempree!!

lapis nos olhos disse...

kkkkkkkkkkk
fala serio joao
é tao engraçado que o cara duvida ...

Bruno MGR disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruno MGR disse...

Eita, João. Quando o cara nasce pra ser corno é lasca...
Muito bom, cara. Você assistindo o programa com a dita cuja me lembra o cara tailandês que chegou feliz da vida em casa com um dvdzinho pornô pra assistir, até ver que a esposa dele era a "atriz".
Pra você ver, tudo pode ser ainda pior, abração!

Babi Suell disse...

Parece coisa de filme...(ou seria prog. de auditório?) eheehehehehe é bom rir das "tragédias" (pra um adolescente de 14 anos é uma tragedia) do passado né!!!