domingo, 12 de julho de 2009

Notas curiosas sobre o Rio Grande do Norte

Por João Paulo da Silva

Há quase um mês desembarquei em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, localizada no nordeste brasileiro. Em pouco tempo de residência nestas terras, já pude observar atentamente alguns lugares da região, travar contato com os nativos, conhecer determinados hábitos e registrar suas mais costumeiras expressões idiomáticas. Nos próximos parágrafos, você vai conferir as primeiras de muitas outras curiosidades que eu encontrei em solo potiguar. Todas as observações presentes neste texto foram colhidas através de uma intensa e criteriosa investigação jornalística. Juro pelos últimos fios de cabelo que me restam.

Assim que pus os pés fora do ônibus, notei de imediato uma das características marcantes do lugar: o calor. Só para se ter uma ideia, durante todo o ano passado, o sol rachou o coco dos potiguares por cerca de 300 dias. Em Natal, faz calor até na sombra. Aqui chove pouco, mas quando chove tem-se a impressão de que todas as nuvens do Brasil se deslocaram para o estado.

Passeando pela capital, de ônibus ou em carro de amigos, percebi também que a cidade parece mais uma montanha russa, cheia de altos e baixos. Me explicaram que as ruas são desse jeito porque Natal foi construída sobre enormes dunas. Há, inclusive, uma ladeira onde a subida é tão íngreme que, combinada com uma rápida descida, causa um ligeiro friozinho na barriga. Os nativos até apelidaram o trecho de “gozo de padre”, em razão do susto que provoca. Confesso que demorei a entender a ligação.

Antes de sair de Alagoas, algumas pessoas chegaram a me advertir sobre o alto custo de vida em Natal. Aluguel, comida, lazer, tudo é muito caro. Pude comprovar o que digo agora quando comprei uma Coca-Cola de 2 litros numa pequena mercearia, próxima da casa onde moro. A moça do caixa me informou que o refrigerante custava cinco reais, o que me obrigou a explicar que não estava interessado em comprar ações da empresa. Queria apenas uma garrafa do produto. Mas, para meu desespero, ela realmente estava falando do refrigerante. De fato, é preciso andar armado em Natal, pois em cada supermercado há um assalto acontecendo.

Para muitos estudiosos, a Língua é considerada um patrimônio cultural capaz de revelar traços importantes do comportamento de todo um povo. Isso não significa que, entre uma população de mesmo idioma, não possam existir variações regionais que demonstrem características particulares de alguns agrupamentos humanos. Nesse aspecto, o potiguar se apresenta como um espécime interessantíssimo. Vejamos algumas expressões muito utilizadas.

1. Pastorar: é o mesmo que vigiar alguém ou alguma coisa. Ex.: Fulano, vá pastorar aqueles alunos. Isso demonstra, talvez, que os potiguares sejam seres de características bovinas.

2. Pastorar prego: numa tradução literal, significa vigiar prego. Mas, na verdade, é o mesmo que ficar sem fazer nada. Ex.: Poxa, você não quer fazer nada. Fica só aí pastorando prego. Outro aspecto relevante da personalidade dos nativos é o talento para fazer associações sem o menor sentido.

3. Ruma: quer dizer pilha ou montão, expressão normalmente usada para indicar alguma coisa em grande quantidade. Ex.: Menino, corre que ali tá vindo uma ruma de gente pra te pegar. Para o homem potiguar, as rumas já possuem status de unidade de medida.

4. Homi: o mesmo que homem, só que em nordestês. Não é nenhuma novidade para nós, mas possui um diferencial no uso potiguar: a repetição excessiva do termo. De cada dez palavras ditas por um nativo, cinco são “homi”. Fala-se “homi” até para mulheres.

5. Ficar só o bocal: significa ficar muito cansado. Ex.: Querida, hoje eu tô só o bocal. Esta é uma expressão bastante comum por aqui. E eu nem preciso dizer o que é exatamente o bocal.
Ao que parece, o dialeto potiguar é bastante criativo e ainda deve reservar muitas outras estranhas descobertas linguísticas. Entretanto, nada foi mais esquisito do que uma placa que vi na cidade de Goianinha, Litoral Sul do Rio Grande do Norte, a 61 quilômetros de Natal.

Passando de carro pela estrada, avistei um letreiro com os seguintes dizeres: Hippie Motel Aqui. Seria algo muito normal, não fosse pelo fato de o motel ser apenas um grande banco de areia cercado por várias moitinhas. E um detalhe importante: não havia nada ao redor que se parecesse com um motel convencional. Nada de paredes, quartos ou entrada e saída de carros.

Aí fiquei pensando no tipo de serviço oferecido pelo estabelecimento. Como seria o merchandising? “Venha conhecer as instalações do seu Hippie Motel. Temos moitas discretíssimas, climatizadas e aromatizadas com um toque especial de esterco de bode. Hippie Motel. Prazer ao natural.”.

É claro que ainda pretendo estudar mais profundamente o comportamento dos habitantes dessa terra. Mas já posso concluir que uma parte dos potiguares possui hábitos sexuais muito primitivos, o que me deixou bastante impressionado. São seres realmente fascinantes. Acho que vou ficar por aqui.

12 comentários:

Anônimo disse...

Tô indo nessa terrinha em setembro...
Homi, vou curtir de ficar só o bocal! rs

tá morando por essas bandas, homi?

beijos

Bruno MGR disse...

"E eu nem preciso dizer o que é exatamente o bocal"
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Sensacional!

Anônimo disse...

vou lá pra meados de setembro: casório de uma grande amiga...

te mando email quando tiver mais próximo...beijos e se cuida.

Anderson Santos disse...

Muito bom o texto, principalmente porque não sabia que era um lugar mais quente que Alagoas, pelo motel, em todos os sentidos.

Quanto às palavras, já ouvi "ruma" por aqui também.

Jan Ribeiro disse...

Língua portuguesa é uma coisa né? Só num fique aí forevermente que os alagoano(a) daqui sente muito sua falta viu moço!

Saudades 2000!

bjus

Igoarias disse...

Olá! Estive um tempinho fora do ar, mas agora estou de volta, vi que seu blog tem melhorado muito, cada texto um melhor que o outro, abraços. Volto logo...

Nanda disse...

Adorei o texto faando da minha terrinha..rsrs
beijo.
Nanda Psoa.

Pedro Hermes disse...

arretado esse...kkkkkkkkk...ei, qual o endereço desse motel mesmo?! kkkkkkkkkkkkkk...flw!

Isolda Herculano disse...

Engraçadas essas coisas. Eu, que já morei em quatro Estados – Bahia, Pernambuco, Paraíba e Alagoas – acabo me deparando com situações assim também. Identifiquei suas cenas com algumas minhas. Por exemplo, esse termo ‘pastorar’, conheci com uns cearenses que dividiram apê comigo lá em Campina Grande, PB. Outros tempos, outros ventos.

Tem gente que pensa que nordestino é tudo igual, mas, procurando, acha as diferenças.
Sempre bom lhe ler, João.

Abraço.
Isolda.

Eli Magalhães disse...

Haahahaha! Jurar pelos poucos cabelos que restam é uma coisa séria, João.

Mas não se preocupe... sempre tem "cabelo suficiente no saco do feijão..." :D

Boa sorte aê, camarada! Ótimo texto!

Bruno Dantas disse...

Olá companheiro João, apesar de vc ter tentado ser engraçado nesse texto, não consegui diferenciar o que é "bom-humor alagoano" do que aqui se entende por sarcasmo gratuito.

Espero que vc tenha maiores oportunidades futuras de conhecer as coisas boas da minha Terra, a começar pelo nosso futebol, culinária, beleza das mulheres (e também dos homens, por que não?), nosso litoral e nosso sertão.

Abraços companheiro!

Bruno Dantas disse...

Olá companheiro João, apesar de vc ter tentado ser engraçado nesse texto, não consegui diferenciar o que é "bom-humor alagoano" do que aqui se entende por sarcasmo gratuito.

Espero que vc tenha maiores oportunidades futuras de conhecer as coisas boas da minha Terra, a começar pelo nosso futebol, culinária, beleza das mulheres (e também dos homens, por que não?), nosso litoral e nosso sertão.

Abraços companheiro!