domingo, 17 de abril de 2011

O Banana

Por João Paulo da Silva

Não há um só dia em que a gente não escute alguém reclamar da violência. Nas filas, nas praças, nos jornais. Em todo lugar. Ao que parece, à medida que a miséria e fome aumentam a violência se expande mais. E as vítimas, na maioria das vezes, são aquelas que menos têm para serem roubadas. Isso sem falar, é claro, no pior de todos os roubos: o roubo oficializado, quando o governo faz seus cortes nos orçamentos da saúde, educação, reforma agrária etc. Enfim, começamos a vislumbrar a decadência.

Digo isso porque a cena que presenciei por esses dias me serve de prova irrefutável. Assim como tantas outras pessoas, eu voltava pra casa no começo da noite quando ocorreu o incidente. Nesse dia, o ônibus até que não estava tão cheio e eu viajava sentado. Num determinado ponto da viagem, subiu no coletivo um sujeito mal-encarado. Percebi as pessoas trocarem olhares de desconfiança, numa clara expressão de perigo iminente.

Assim que passou pela roleta, o homem gritou:
- Todo mundo quieto! Isso aqui é um assalto! Pode ir passando os celular, relógio e dinheiro!

Por baixo da camisa, o homem segurava um objeto pontiagudo, semelhante ao cano de um revólver. Os passageiros, assustados, começavam a entregar as coisas. Nesse instante, o motorista deu uma freada mais brusca. O assaltante cambaleou, desequilibrou-se e, para não cair, acabou soltando o objeto que tinha por baixo da roupa. Era uma banana! Isso mesmo. Uma banana. A cena que se seguiu foi uma daquelas que contando a gente não acredita. A multidão partiu pra cima do sujeito e o que se viu foi um verdadeiro linchamento. O pobre do homem apanhou mais do que carne de terceira. Não sei como aconteceu, mas milagrosamente ele conseguiu escapar por uma das portas do ônibus.

- Palhaçada, rapá! Tá pensando que o povo é trouxa?! – diziam uns.
- Onde já se viu uma coisa dessas?! Assaltar com uma banana?! É o fim da picada. – protestavam outros.

Após uma chuva de xingamentos, a relativa paz voltou a tomar conta do coletivo. Mais tranqüilo, me lembrei de procurar a banana que o assaltante havia deixado cair. Encontrei apenas a casca. Alguém tinha comido.

Definitivamente, estamos à beira do caos.

2 comentários:

Bruno MGR disse...

Putz, não sei o que é pior. Se o assaltante ou a criatura que teve a audácia de comer a banana.
A realidade traz cada uma para o povo...

Anônimo disse...

Que porra é essa?
Que merda de mundo os filhos das putas que facilitam a invasão nos horários nobres das tvs e rádios, de toda sorte de bi de tri, veados de toda natureza, vão deixar para as futuras gerações?
Que raça é essa que acha bonito misturar homem com homem e mulher com mulher?
Será que pra se dar bem e merecer uma porra de um voto as autoridades vão se rendendo a esta categoria digamos de animais?