domingo, 5 de fevereiro de 2012

Burocracia

Por João Paulo da Silva

O ano era 2005 e eu tinha acabado de entrar na universidade. Iria cursar jornalismo. No Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas, estava sendo realizada a semana do estudante de comunicação. Numa das salas, havia uma palestra com o professor de Filosofia Ivo Tonet. O tema, se não me engano, era “Socialismo ou Barbárie”. Ou alguma coisa assim. Não lembro bem. O certo mesmo é que o assunto me interessou por razões científicas, ideológicas, apaixonantes e, obviamente, por ser uma encruzilhada extremamente atual. Para ser mais exato, esta é uma questão que nos inquieta desde a época em que o King Kong era apenas um sagüi, como diria metaforicamente o poeta sertanejo Jessier Quirino.

Num determinado ponto da palestra, o professor argumentou:
- O futuro da humanidade depende do triunfo de uma revolução socialista mundial. Do contrário, prosseguindo com o capitalismo, iremos todos para a barbárie. – fez uma rápida pausa e continuou – Uma revolução não é um processo necessariamente violento. Mas a contra-revolução, sim. A burguesia vai querer retomar o que perdeu; mais precisamente aquilo que nos roubou. Diante disso, os trabalhadores precisam pegar em armas para defender suas conquistas e a revolução. Nestas condições, uma guerra civil é inevitável.

Quando o professor Ivo Tonet terminou sua exposição, um rapaz franzino levantou-se e pediu para fazer uma pergunta.
- Professor – começou ele – mas não há nenhuma possibilidade de haver uma revolução pacífica?
- Veja bem – fez uma parada cínica e teatral – talvez haja uma maneira pacífica de tomar o poder. Podemos elaborar um ofício e enviar para a burguesia, solicitando em nome do proletariado que ela pare a exploração, entregue a propriedade privada e deixe o poder. Não creio que vamos obter sucesso. Mas fique à vontade para tentar.

Eu estava ao lado do rapaz que fez a pergunta. Quando ele sentou, ainda pude ouvi-lo murmurar:
- Eu sabia que era um problema de burocracia...

2 comentários:

pedro disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... Diga que isso é uma anedota...? huhuahahua

Bruno Martins disse...

Célebre palestra que eu ouvi falar sobre quando também adentrei no mesmo curso. Muito bom!