
Com palavras bem vestidas e alinhadas.
Eu não o farei.
Um poema não é um burocrata,
Não lustra botas,
Não diz “Sim, senhor!”
Um poema é um delírio,
É um pêndulo entre o amor e o ódio,
Um arrebatar de corações,
Um derrubar de cercas.
Um poema é dançar à beira do caos.
Não me peçam um poema recatado
Eu prefiro o escândalo, a nudez.
Porque um poema é um grito
Aos ouvidos da solidão.
Um poema não é o exílio,
É o retorno pra casa.
Faço versos com o corpo,
Com o suor e o sangue dos outros.
Porque um poema é uma veia aberta,
É a insônia dos medos.
Um poema é uma pedra no sapato.
João Paulo da Silva