Oportunidades são perdidas, casamentos se desfazem, amizades terminam e amores são abortados antes mesmo de começarem. Tudo isso por causa dos detalhes. Por menores e mais insignificantes que pareçam, os detalhes podem decidir os rumos de nossas vidas. Pense quanta coisa deixou de acontecer porque você simplesmente não deu a devida atenção aos detalhes. Ou, ainda, fatos que poderiam ter sido evitados caso você tivesse percebido o papel decisivo dos detalhes nas relações humanas.
A maioria de nós – muitas vezes de forma inconsciente – está sempre querendo se convencer de que os pormenores da vida não têm lá essa importância toda. A verdade, entretanto, é que os pequenos aspectos de nossa existência acabam realmente ocupando um grande espaço na hora das definições, ainda que muitos não percebam isso. Eu, por exemplo, em várias ocasiões da vida subestimei a força dos detalhes. E foi justamente por esta razão que acabei perdendo alguns dos amores que me apareceram. Detalhe é fogo.
Primeiro foi a Jéssica, quando eu tinha uns 7 ou 8 anos. Loira, cabelos encaracolados, magra, rostinho de anjo, linda. Parecia uma modelo gaúcha. E o melhor: na 2ª série do primário, sentava ao meu lado na escola. Era uma companhia inseparável, fazíamos tudo juntos. Aí foi pintando aquela paixãozinha de infância, de ambas as partes. E eu teria conseguido namorar a Jéssica se ela um dia não tivesse notado uma verruga que eu tinha no indicador da mão direita. Foi o fim. Dali em diante, a Jéssica não podia olhar para a minha verruga que tinha logo ânsias de vômito. Aí mudou tudo. Bastava eu chegar perto para ela gritar: “Sai daqui, João! Não chega perto com essa coisa!”. Maldito detalhe.
Depois veio a Pâmela, aos 11 anos. Também na escola. E também loira e linda. Chegamos até a trocar cartinhas carinhosas e a dividir o lanche no recreio. Parecia coisa séria mesmo. Apostei todas as minhas fichas. Estava convicto. Nada impediria aquela iniciante história de dar certo. No dia em que eu havia decidido pedi-la em namoro, ocorreu a tragédia. Durante o intervalo das aulas, no pátio da escola, em meio a outros colegas, eu e a Pâmela conversávamos. Não lembro exatamente o quê, mas alguém na hora contou um caso que me fez rir bastante. Graças à crise de riso, acabei deixando escapar um sonoro pum. Ficou todo mundo me olhando estranho, principalmente a Pâmela que fez logo uma careta. Pronto. Não deu outra. Estava claro que a relação não se sustentaria diante daquele pum. E não adiantou eu argumentar que tinha sido apenas um punzinho e tal. Um pum era sempre um pum. Perdi a Pâmela e ainda ganhei um apelido, que obviamente não revelarei aqui.
Com a Luana, minha vizinha, tinha tudo para ser diferente. Mesmo porque, aos 12 anos, eu era praticamente um homem. Já tinha até bigode. Bem fininho, é verdade. Mas ainda assim um bigode. E um verdadeiro homem jamais se submeteria a vexames como os que eu tinha passado. Afinal, o momento era outro. A Luana apertava as minhas bochechas, me dava bitoquinhas (selinhos) e dizia que se casaria comigo quando eu crescesse. Mas eu não estava disposto a esperar e sempre respondia prontamente:
- Não é melhor a gente casar primeiro?! Aí você me espera sem perigo nenhum, porque já vamos estar casados mesmo.
Ela sorria e dizia para a minha mãe:
- Uma graça esse seu filho, né?!
Ela sorria e dizia para a minha mãe:
- Uma graça esse seu filho, né?!
Um dia resolvi dar um ultimato naquela história. Arrumei uma bolsa, coloquei umas roupas e fui para a porta da casa da Luana, esperá-la voltar do trabalho. Quando ela chegou à noite e me viu cochilando, ficou toda compadecida. Falei que estava ali pronto para me casar e que não aceitaria um “não” como resposta. Mas aí a Luana veio com uma conversa de que havia um pequeno detalhe que impediria nosso casamento.
- Qual? – eu quis saber.
Ela riu, provavelmente achando graça da postura de homem que eu estava querendo assumir.
- Nossa idade, querido.
- Mas por quê? Só por que você tem 22 anos e eu tenho 12?! Isso é só um detalhe, Luana.
Ela riu, provavelmente achando graça da postura de homem que eu estava querendo assumir.
- Nossa idade, querido.
- Mas por quê? Só por que você tem 22 anos e eu tenho 12?! Isso é só um detalhe, Luana.
Eu, porém, ainda não compreendia a força decisiva que possuem os detalhes. Só depois o tempo faria o favor de me ensinar. É como me disseram uma vez: “No amor e na guerra, o importante são os detalhes”.
Você duvida? Eu não.
Você duvida? Eu não.
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Obs.: Por motivos de trabalho acumulado, excepcionalmente desta vez o blog As Crônicas do João está fazendo sua postagem na segunda-feira. No próximo domingo, tudo voltará ao normal. A mesma justificativa vale para as duas semanas em que não houve postagem. Abraços.
5 comentários:
muito bom cara!!!
não sei se vcs perceberam, mas ele está todo apaixonadinho...ah, natal, o q uma cidade com belas mulheres não faz com um homem!
bons tempos os meus em natal! rsrsrsrsrs!
ótimo texto, meu querido!
forte abraço!
Qaundo comecei a ler o texto, todo emocionado, profundo, cheguei a duvidar que fosse do João. Mas nada como suas histórias de infância para revelar a verdade do seu autor.
Muito bom o texto!!!!!
Há esses detalhes complicam a vida de qualquer um! Legal é quando a gente acerta os detalhes, tenho que admitir fazem sim muita diferença...
zilhões de bjos Jão!
Que revelação em?
Esse detalhe , o ultimo, é muito dificil de ser quebrado.
ABS!
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