quinta-feira, 23 de agosto de 2007

"Entre a presa e o dragão"

Por João Paulo da Silva

Foi Shakespeare quem disse a frase acima. Esse dilema esteve muitas vezes presente em suas obras. O poeta inglês sabia que o ato de escolher seria para o homem sua salvação ou sua perdição. Mas nunca disse que não deveríamos escolher. Numa sociedade onde há lutas entre desiguais, permanecer calado é sempre apoiar o mais forte. Quando escolhi cursar jornalismo, eu já sabia que a imparcialidade era um mito, uma grande falácia. A neutralidade é impossível por um motivo muito simples: não há discurso desprovido de ideologia. Toda escolha é uma escolha política. Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, disse certa vez que “a palavra é uma arma”. Se estiver correto – acredito que esteja – então todos nós temos um bom motivo para fazer a escolha certa.

Numa situação em que os meios de comunicação de massa estão nas mãos de uma única classe, escolher se torna doloroso e angustiante. A liberdade de imprensa é tão falsa quanto a idéia de imparcialidade. Só um tolo não percebe que os grandes meios estão sempre a serviço de quem detém o poder. A liberdade de imprensa é na verdade um eufemismo burguês. Antes de serem meios de informação, o jornal, o rádio e a TV são primeiramente empresas. Isso significa dizer que têm um dono, ou seja, um patrão. Há nesse aspecto uma relação de poder, de opressão e, mais especificamente, de monopólio da informação. Sendo assim, quando me decidi por jornalismo eu compreendia que se quisesse escrever nos grandes meios teria de me moldar a eles. Essa idéia não me agradou nem um pouco. Mas há sempre uma segunda escolha.

Se o jornalismo é realmente uma guerra pela conquista das mentes e corações, então é preciso definir bem de que lado da trincheira nós estamos. Sei exatamente por que escrevo, para quem escrevo e contra quem escrevo. Estar entre a presa e o dragão não é um decreto de morte nem uma rua sem saída. Para todo beco, existe um muro a ser saltado. Para toda prisão, existe uma brecha entre as grades. Bom, se não houver, então cavamos um buraco.

4 comentários:

@_CarlosTavares disse...

kra tah massa
é esse o tipo de texto que faz op kra pensar em tudo...tudo memso...

continua assim manow e sucesso!!

falcon disse...

tomara que não tenhamos que cavar o buraco de nossa cova....
o.O
não, não teremos não!
vade retro desespero do seculo 21!!
tamo pulando muros!
:)

Anônimo disse...

GOSTEI MUITO ...VC SABE QUE SEMPRE GOSTO. ESSA TROUXE UMA REFLEXÃO BEM OPORTUNA... ABRAÇO.. ANGEL

Anônimo disse...

Joãuoooooowwwwwww... Fessor acc meu trabalho do SISA por email vai please eu prometo q essa vai ser a primeira e ultima vez... Foi um incidente + nao irá ocorrer novamente... Tenta me entender vai!
ei eu li e sua cronica d hj, muito massa a parte q ele responde pra mae o q é comunista ... vc eh otima uma inspiração pra mim q pretendo fazer joranalismo, parabens pelo talento!