domingo, 1 de fevereiro de 2009

O mistério de Carlinha

Por João Paulo da Silva

O universo é um lugar estranho e misterioso. E parece que quanto mais estranhas são as coisas com as quais nos deparamos mais misterioso e inexplicável ele fica. As incógnitas que atormentam a humanidade sempre me fizeram pensar no absurdo avassalador que é estar diante do incompreensível.

Nada mais perturbador do que a pergunta sem resposta, do que o ilógico e irracional. Tudo aquilo que não faz sentido na vida nos impõe a estupefação resumida em questionamentos bastante comuns. Cara a cara com o imponderável, dizemos: “por quê?”, “como assim?”, “isso não tem o menor cabimento!”, “não é possível!”, “deve haver alguma explicação!” etc, etc, etc.

A verdade é que não suportamos o enigmático. O que havia antes do universo? Existirá vida inteligente em outros planetas? Por que José Alencar não morre? Como o Brasil perdeu a Copa de 1950? Michael Jackson é humano? De que forma está vivendo Pinochet no inferno? Ou ainda – no caso dos mais angustiados – por que diabos Obama levou a sogra para morar com ele na Casa Branca? Talvez a gente nunca descubra. Enfim, não há respostas para todas as questões do universo.

Mas, atualmente, estes não são os enigmas que mais me afligem. Hoje, a charada que ocupa minha cabeça chama-se Carla Bruni, ex-modelo, cantora, compositora e atual esposa do presidente francês Nicolas Sarkozy.

A beleza desta franco-italiana é daquelas que fazem ateus se perguntarem: será que Deus realmente não existe? Será que aquela história do “design inteligente” não é mesmo verdade? Eu já tenho minhas dúvidas. Até me pego pensando que se realmente a moça fosse obra de Deus, eu não hesitaria em dizer ao Todo-Poderoso: Aê, cumpade! Caprichou, hein!

Por esses dias andei escutando as músicas da Carlinha Bruni e imaginei como eu reagiria àqueles olhos azuis e àquela voz sussurrada de ninfeta do Nabokov, cantando em francês no meu ouvidinho: “Mon amour, quand je rêve c'est de toi. Mon amour, quand je chante c'est pour toi. Mon amour, je ne peux vivre sans toi”. Fico todo arrepiado só de pensar.

Há algum tempo, quando me perguntavam qual era o meu maior desejo, eu respondia: ganhar na Sena. Agora respondo que é ter a sorte de ficar preso num elevador com a Carla Bruni. O problema é que a chance de um dos desejos ocorrer é praticamente a mesma. Ou seja, é de uma em um milhão. De qualquer forma, eu já sei o que vou pedir de presente no Natal desse ano.

Mas a pergunta que “lascadamente” não quer calar (pelo menos para mim) é a seguinte: o que cargas d’água a Carla Bruni viu no chauvinista, xenófobo, conservador, narigudo e orelhudo Nicolas Sarkozy?! Compreendem a minha perplexidade?!

E tem outra! Para aumentar ainda mais a complicação do imbróglio, no domingo passado ela afirmou, em entrevista, ser ideologicamente de esquerda. O que só piora as coisas. Linda, inteligente, sensível e de esquerda – quer dizer, perfeita, né? –, mas casada com o Sarkô. Eis aí o mistério de Carlinha. Inconcebível, inexplicável, inaceitável.

O Sarkozy deve ter feito algum tipo acordo com o capeta. Só pode ser isso. Ou, então, não há resposta para o enigma e o universo não faz o menor sentido.

10 comentários:

Bruno MGR disse...

Cara, essa crônica merece inúmeras considerações.
Para mim, um dos seus escritos que mais me manteve ansioso em ler cada frase, cada palavra, cada letra.
O seu "aê cumpade" foi sensacional.
Que a língua francesa cantada por uma voz de uma mulher com tamanha beleza arrepia, arrepia mesmo.
Eu fico torcendo pra você conseguir esbarrar com ela no elevador um dia, quem sabe?
E quanto ao marido da referida, ninguém é perfeito.
Abraço, João. Belo texto.

Anônimo disse...

Diz a filosofia popular que "não há domingo sem missa e nem segunda sem preguiça". Eu acrescentaria aí "e sem estresse".
Ô João, isso é dia de você botar minhoca na nossa cabeça?
Mas como seus textos são sempre inteligentes e cheios de humor, não há melhor dia de ler suas crônicas do que às segundas, ainda que recheadas de seus dilemas
ultra-existenciais.
Quer saber como sair deles, cara?
Dê ouvidos a Hamlet: há mais controvérsias entre o céu e a Terra, do que sonha nossa vã filosofia.
Como você mesmo disse, João, o universo não faz sentido. Shakespeare certamente assinaria embaixo!
Parabenizá-lo pelo texto é redundância.
Um abração.

Anônimo disse...

Diz a filosofia popular que "não há domingo sem missa e nem segunda sem preguiça". Eu acrescentaria aí "e sem estresse".
Ô João, isso é dia de você botar minhoca na nossa cabeça?
Mas como seus textos são sempre inteligentes e cheios de humor, não há melhor dia de ler suas crônicas do que às segundas, ainda que recheadas de seus dilemas
ultra-existenciais.
Quer saber como sair deles, cara?
Dê ouvidos a Hamlet: há mais controvérsias entre o céu e a Terra, do que sonha nossa vã filosofia.
Como você mesmo disse, João, o universo não faz sentido. Shakespeare certamente assinaria embaixo!
Parabenizá-lo pelo texto é redundância.
Um abração.

PS. Por lapso emiti anteriormente meus comentários sem assinatura. Queira desculpar por ter bagunçado o seu blog.

Anônimo disse...

É João... Há mais mistérios entre a terra e o céu que nossa vã filosofia pode alcançar... Mas já reparou como a linda Sra Sarko , após seu enlace, ganhou muito mais espaço na mídia?.. Abraço e parabés pela articulação de seu texto!

Estêvão dos Anjos disse...

So vou comentar para você saber que eu li e não ficar reclamando...Mas bicho a mulher é bonita que só a peste mesmo.

Larissa Lima disse...

Olá... obrigada... e posso dizer o mesmo de você. Mais. Gostei muito daqui, seguidora, ok? ;)


Ah! e por hoje... emudeci.

Larissa Lima disse...

Sim, sim. Lá no corujão... pensa eu ter perdido o Feliz Natal, que era justamente o que eu queria ver... MAs vou ver amanhã. E pedir pra acompanhar? Eu lhe comuniquei, rapaz! heuahaeuh bj

Larissa Lima disse...

*pena eu ter perdido...

Mário Júnior disse...

"Michael Jackson é humano?" como algo enigmático foi foda.

A nova imagem do blog está bonita. :)

Anônimo disse...

Adorei seu texto. Ele demonstra uma habilidade de escrever acima da média (é claro que não sou eu quem define o que é a média, mas...), o que, para mim, é igual a capacidade de raciocínio invejável.

(Embora não costume desejar a morte de ninguém, adorei quando você disse que é incompreensível a razão de o Zé Alencar não morrer.)

Outro dia volto para ver outros textos.