
- Pai, preciso de outra caneta. Esta não funciona mais.
- Amanhã eu compro, filho. – respondeu sem tirar os olhos do jornal.
- Mas tem que ser igual a do Maurício.
- Por quê?
- Porque ela é grande, bonita e tem cinco cores.
- Cinco cores?! – assustou-se.
- Isso mesmo, pai. Cinco cores.
Alfredo fechou o jornal, coçou a barba, olhou tristemente para o menino e falou:
- Desculpe, filho. Deve ser muito cara. Eu não posso comprar.
- Por quê?
- Porque nós somos pobres.
- Mas só nós?
- Não, filho. Um montão de gente também é.
- E é ruim ser pobre?
- É, filho.
- Por que é que o pai do Maurício pode comprar a caneta?
- Ele deve ser rico.
- Existe muita gente rica?
- Acho que sim, filho.
- Mais do que pobres?
- Com certeza que não.
- E é bom ser rico?
- É, filho.
- Desculpe, filho. Deve ser muito cara. Eu não posso comprar.
- Por quê?
- Porque nós somos pobres.
- Mas só nós?
- Não, filho. Um montão de gente também é.
- E é ruim ser pobre?
- É, filho.
- Por que é que o pai do Maurício pode comprar a caneta?
- Ele deve ser rico.
- Existe muita gente rica?
- Acho que sim, filho.
- Mais do que pobres?
- Com certeza que não.
- E é bom ser rico?
- É, filho.
O garoto calou-se por um instante, parecia estar submerso nos próprios pensamentos. Olhou intrigado para o pai e perguntou:
- Por que é que as coisas são assim?
- Assim, como?
- Uns podem ter. Outros, não. Uns são ricos e outros são pobres. Por quê?
Alfredo pensou, coçou novamente a barba e respondeu:
- São as regras, meu filho.
- Regras? – estranhou o garoto.
- Sim. O mundo tem suas regras. São elas que dizem o que a gente pode ou não fazer.
- Também são elas que dizem quem é pobre e quem é rico? – quis saber o menino.
Alfredo balançou a cabeça numa afirmativa.
- Não gosto das regras, pai.
- Eu também não, filho. Eu também não.
Fez-se um curto silêncio e, então, o menino disse:
- Sabe o que é que eu acho, pai?
- O quê?
- Que o bom mesmo seria que todo mundo pudesse ter canetas de cinco cores.
- Por que é que as coisas são assim?
- Assim, como?
- Uns podem ter. Outros, não. Uns são ricos e outros são pobres. Por quê?
Alfredo pensou, coçou novamente a barba e respondeu:
- São as regras, meu filho.
- Regras? – estranhou o garoto.
- Sim. O mundo tem suas regras. São elas que dizem o que a gente pode ou não fazer.
- Também são elas que dizem quem é pobre e quem é rico? – quis saber o menino.
Alfredo balançou a cabeça numa afirmativa.
- Não gosto das regras, pai.
- Eu também não, filho. Eu também não.
Fez-se um curto silêncio e, então, o menino disse:
- Sabe o que é que eu acho, pai?
- O quê?
- Que o bom mesmo seria que todo mundo pudesse ter canetas de cinco cores.