Por João Paulo da Silva
Em março, a revista americana Forbes divulgou a sua tradicional lista anual de bilionários, aquela minoria absurda da qual você e eu nunca faremos parte. O Brasil, graças ao empenho e à política econômica do presidente Lula, possui o maior número de ricaços da América Latina. São 18 brasileiros com fortunas acima de US$ 1 bilhão, reinando absolutos sobre quase 190 milhões de homens e mulheres comuns, cheios de dívidas e contas atrasadas.
Segundo a revista, o brasileiro mais rico é o empresário Eike Batista, que acumula uma bobagem monetária de US$ 27 bilhões. E o mais absurdo: em apenas um ano, o patrimônio de Batista aumentou US$ 19,5 bilhões. Nem nos melhores sonhos os trabalhadores brasileiros imaginaram seus salários subindo nessa proporção. O povo deve agradecer a Lula pelos R$ 510 do salário mínimo e pelos R$ 120 do Bolsa Família. Enquanto isso, Batista também agradece ao presidente, só que pelos bilhões. Nunca antes na história desse país a distribuição de renda foi tão bem feita.
A lista da Forbes aponta, ainda, o mexicano Carlos Slim, do ramo das telecomunicações, como o homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 53,5 bilhões. Agora, o detalhe mais importante dessa festa toda. Dos quase sete bilhões de habitantes do planeta, apenas 1.011 concentram uma riqueza bilionária. Destes, somente os dez mais ricos possuem juntos a bagatela de US$ 342 bilhões. Quer dizer, ou aquela história de que o capitalismo dá oportunidades iguais a todos é conversa pra boi dormir ou o mundo está repleto de incompetentes que não sabem aproveitar as chances da vida. Fico com a primeira opção. De uma forma ou de outra, você e eu continuamos contemplando aquele estranho bilhão que nunca chega.
Obviamente que estas cifras estratosféricas não surgiram do nada. Alguém precisou gerar toda essa riqueza. E, claro, quem a gerou sequer foi convidado a tirar uma lasquinha, visto que nunca tivemos tantos famintos, desempregados e mal pagos como hoje. Se você ainda não sacou quem criou toda essa riqueza da qual estou falando, vou dar uma dica: vivem de salários e são a maioria da população.
Quando eu era mais jovem, me disseram que enriquecer licitamente sob o capitalismo era impossível. Agora entendo o porquê.
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Obs.: Em decorrência do excesso de ovos de Páscoa, este cronista só pode postar sua crônica hoje, e não no domingo como de costume.