Por João Paulo da Silva
Não sei o que faz as pessoas acharem que 2010 vai ser melhor do que 2009. É impressionante como uma certa magia toma conta da gente na hora da passagem do ano, fazendo todo mundo acreditar que da noite pro dia – literalmente – as coisas vão mudar. Não estou dizendo que não acredito em mudanças. Ao contrário. Penso, sim, que é possível mudar o mundo. O problema é que, nas mãos em que ele está hoje, as mudanças não virão. Pelo menos não as boas.Não sei quem é o autor, mas tem uma frase que diz: “um pessimista é só um otimista bem informado”. É duro, porém tenho de concordar. Vejamos um dos assuntos mais comentados dos nossos dias: o aquecimento global e as alterações climáticas, por exemplo. Mesmo aqueles extremistas da esperança sabem que a situação é mais feia do que briga de foice. As consequências do aquecimento já podem ser sentidas por qualquer um, e não estou falando apenas do calor que aumentou. Eventos catastróficos estão se tornando recorrentes demais. Daqui a pouco, estaremos falando de tsunamis como quem fala da chuvinha das cinco. Assim, com naturalidade. Até que venha uma onda gigante e leve a casa da gente, claro.
Com o fracasso da Conferência de Copenhague (para alguns, já esperado), veio também o desespero certo de que, caso não mudemos radicalmente nossa relação com a natureza, estaremos empurrando o planeta cada vez mais para as cucuias. E, obviamente, a gente vai junto. Especialistas afirmam que o atraso nas decisões sobre as mudanças climáticas pode levar a humanidade para uma situação do tipo “agora é tarde demais”.
É possível que até o fim do século a temperatura da Terra suba uns 4 graus Celsius, trazendo consequências dramáticas, como a savanização da Amazônia e o aumento do poder destrutivo de tempestades, furacões e tornados. Além disso, o rápido degelo da Groelândia e da Antártica Ocidental pode elevar o nível do mar em 8 metros. Ainda não entendeu o que isso significa? Por exemplo: se o mar subir um metro, desaparecem Jacarepaguá e a Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Sentiu o drama? Pois é. E, mesmo assim, as grandes potências industriais não abrem mão do CO2 na atmosfera.
É claro que os responsáveis pelo problema querem dividir a culpa do aquecimento global entre todos os habitantes do planeta, numa tentativa de relativizar a pena pelo próprio delito. Cansei de ler matérias afirmando que cada um de nós libera no ar, por ano, uma média de 4,3 toneladas de gás carbônico. Isso sem fazer nada demais, só comendo e dormindo. Agora querem que a gente acredite que todo ser humano tem sua parcela de culpa na catástrofe iminente. Sacanagem, hein! Até já ouvi uma história sobre os efeitos da flatulência na atmosfera. Parece que a cada 100 puns que soltamos no planeta a temperatura dá uma esquentadinha, piorando o tal do aquecimento. Quer dizer, agora nem peidar a gente pode mais.
Bom, de qualquer forma, pensando na possibilidade de que nós não vamos conseguir salvar o mundo, eu fiz um pedido especial ao Papai Noel nesse Natal. Se o planeta for mesmo engolido por grandes tsunamis, então que a primeira onda de 1,5 km atinja em cheio a Casa Branca. Pô, nada mais justo, não é não?!